Fiéis leigos – protagonistas da ação evangelizadora

    Na quarta semana de Agosto, iniciando pelo quarto domingo deste mês vocacional rezamos pela vocação para os ministérios e serviços na comunidade. Como já contemplamos os ministérios ordenados, a vida consagrada e a vocação matrimonial, convencionou-se dar destaque neste domingo como o Dia da Vocação dos cristãos leigos e leigas na Igreja Católica. Sabemos que o Dia do Cristão Leigo é no último domingo do ano, Dia de Cristo Rei. Nesse dia recordaremos a presença do leigo no mundo. Mas no mês vocacional contemplamos a presença deles nos vários ministérios e serviços na Igreja. Pelo nome de cristãos leigos e leigas, entendemos todos os cristãos que pelo batismo foram incorporados a Cristo, constituídos no povo de Deus e a seu modo feitos partícipes do múnus sacerdotal, profético e régio de Cristo, pelo que exercem sua parte na missão de todo o povo cristão na Igreja e no mundo.

    A questão do laicato é uma questão que foi incrementada nos últimos tempos. O Concílio que tratou diretamente do fato foi o Vaticano II, no capítulo IV da Lumen Gentium e no Decreto Apostolicam Actuositatem. Foi tratado, também, no Sínodo Episcopal de 1987, cujos resultados o Papa São João Paulo II resumiu no documento pós-sinodal Christifideles Laici, de 1988.

    O aprofundamento da consciência do laicato entra no cenário, na década de 1950, quando, no contexto da Ação Católica e de Pio XI, os leigos começam a retomar o lugar de membros ativos da Igreja, configurando uma relação de equilíbrio entre hierarquia e fiéis, e, ainda, em um momento em que no pensamento teológico havia uma dupla preocupação: volta às fontes e abertura ao mundo moderno, o que permitiu o surgimento de uma reflexão mais aprofundada sobre o laicato (cfr. GUIMARÃES, 1978, p. 146). Toda essa vitalidade eclesial e teológica associada, de forma particular, aos estudos bíblicos sobre a noção de povo de Deus favoreceu a tomada de consciência de uma Igreja em que todos, fundamentalmente, têm a mesma dignidade.

    É específico deles, por sua própria vocação, procurar o Reino de Deus, exercendo funções temporais e ordenando-as segundo Deus. Vivem no século, isto é, em todos e em cada um dos ofícios e trabalhos no mundo. Vivem nas condições ordinárias da vida familiar e social, pelas quais sua existência é como que tecida. Lá são chamados por Deus para que, exercendo seu próprio ofício guiados pelo espírito evangélico, a modo de fermento, de dentro, contribuam para a santificação do mundo. E, assim, manifestem Cristo aos outros, especialmente, pelo testemunho de sua vida resplandecente em fé, esperança e caridade.

    A eles, portanto, cabe de maneira especial iluminar e ordenar de tal modo todas as coisas temporais, às quais estão intimamente unidos, que elas continuamente se façam e cresçam segundo Cristo, para louvor do Criador e Redentor. O apostolado dos cristãos leigos e leigas é participação na própria missão salvífica da Igreja.

    A este apostolado todos são destinados pelo próprio Senhor, através do batismo e da confirmação. Eles e elas são chamados, especialmente, para tornarem a Igreja presente e operosa naqueles lugares e circunstâncias, onde apenas através deles ela pode chegar como sal da terra. Além deste apostolado, os cristãos leigos e leigas podem ser chamados de diversos modos, a uma cooperação mais imediata com o apostolado dos Bispos, Sacerdotes e Religiosos.

    Sem dúvida, o Concílio Ecumênico Vaticano II, com sua “teologia do povo de Deus” para definir a Igreja, possibilitou a presença de um novo espírito, uma nova vitalidade teológica e eclesial e, portanto, também nova identidade, missão e dinamismo organizacional dos leigos na Igreja. Contudo, assim como a teologia do laicato se limitou a pensar os leigos a partir da hierarquia, o Concílio Ecumênico Vaticano II, na sua recepção e reinterpretação, tem sido valorizado em sua “teologia da comunhão”, também com base na hierarquia eclesial, ofuscando toda a novidade da “teologia do povo de Deus” e reforçando o binômio hierarquia-laicato.

    A todos eles, incumbe a responsabilidade de trabalhar para que o plano divino de salvação atinja sempre mais a todos os homens de todos os tempos e lugares da terra. Entre os cristãos leigos e leigas engajados na missão da Igreja, encontramos os catequistas. São dignos de louvor essas mulheres e homens que, imbuídos do espírito apostólico com ingentes esforços, trazem singular e indispensável auxílio à expansão da fé e da Igreja.

    A missão dos catequistas (cujo dia nacional celebraremos no último domingo de agosto) assume máxima importância (agora como ministério) em nossos dias diante da tarefa de evangelizar tantas multidões. Eles dedicam-se de modo específico ao serviço da Palavra, tornando-se porta-vozes da experiência cristã de toda a comunidade. “O catequista é, e de certo modo, o intérprete da Igreja junto aos catequizandos. Ele lê e ensina a ler os sinais da fé, entre os quais o principal é a própria Igreja” (DCG 35).

    Desenvolve um verdadeiro ministério, um serviço à comunidade cristã, sustentado por um especial carisma do Espírito de Deus. É tarefa dos catequistas apresentar os meios para ser cristão e mostrar a alegria de viver o Evangelho. Catequizar é comunicar. Os catequistas comunicam mediante o testemunho, a palavra e o culto. A comunicação autenticamente evangélica supõe uma experiência de vida na fé e de fé capaz de chegar ao coração daquele a quem catequiza. Por tudo isso, os catequistas gozam de um grande amor dentro da Igreja. A todos, a elas e a eles, manifesto o meu profundo agradecimento por essa maravilhosa missão que desempenham na Igreja.

    E a todos os fiéis leigos a minha saudação, pois o desafio de retomar o espírito renovador do Concílio Ecumênico Vaticano II continua, pois ele representou e ainda representa um momento privilegiado do Espírito Santo, que nos permite sonhar novamente com uma Igreja, comunidade de irmãos, sem divisões, sem privilégios, toda ministerial, baseada no batismo que consagra todos os irmãos na responsabilidade pela Igreja e pelo mundo.

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