A liturgia deste domingo celebra a manifestação de Jesus a todos os homens. A Solenidade da Epifania do Senhor – do grego epifanein – , que a Igreja celebra neste domingo, remonta aos primórdios da era cristã. Ela celebra um mistério multiforme, o de Cristo Luz. De fato, todas as celebrações do Tempo do Natal giram ao redor a manifestação luminosa de Jesus. Ele se manifesta primeiramente ao encarnar-se no seio de Maria, depois ao aparecer aos pastores – (Natal, Missa da Aurora), aos reis magos(Epifania), ao ser batizado no Rio Jordão(Batismo do Senhor e 2º. Domingo do Tempo Comum Anos A e B) e, finalmente, em Caná da Galileia(2º. Domingo do Tempo Comum C), iniciando com o seu primeiro milagre a manifestação de seu ministério público, que culminará na Páscoa, suma manifestação do Senhor. Nesta Solenidade Cristo se revela a todos os povos, raças e línguas. Todos podemos caminhar sob a luz de Jesus Cristo, a Estrela do Oriente, que guia a humanidade no caminho do bem e da paz. Como Igreja, novo povo do Senhor, manifestamos a nossa acolhida a Cristo que vem fazer da humanidade uma família entrelaçada pela unidade e pela fraternidade. Jesus é uma “luz” que se acende na noite do mundo e atrai a si todos os povos da terra. Cumprindo o projeto libertador que o Pai nos queria oferecer, essa “luz” incarnou na nossa história, iluminou os caminhos dos homens, conduziu-os ao encontro da salvação, da vida definitiva.
A primeira leitura(Is 60,1-6) anuncia a chegada da luz salvadora de Deus Pai, que transfigurará Jerusalém e que atrairá à cidade de Deus povos de todo o mundo. “Levanta os olhos e vê”(Is 60,4). Eis o começo da estrada! Eis o princípio do caminho! Um dia ao outro dia transmite essa mensagem e uma noite à noite faz o mesmo(Sl 19,3). É hora de se acenderem as luzes e, sobretudo, as do coração! No mistério da Epifania do Senhor, há um convite insistente para ver. Isaías canta a passagem das trevas para a luz admirável. Sublinha o verdadeiro “ver” por três vezes em seu texto.
Unidos a Isaías, São Paulo e São Mateus fazem o mesmo.
No Evangelho(Mt 2,1-12), vemos a concretização dessa promessa: ao encontro de Jesus vêm os “magos” do oriente, representantes de todos os povos da terra. Atentos aos sinais da chegada do Messias, procuram-n’O com esperança até O encontrar, reconhecem n’Ele a “salvação de Deus” e aceitam-n’O como “o Senhor”. A salvação rejeitada pelos habitantes de Jerusalém torna-se agora um dom que Deus oferece a todos os homens, sem excepção. Unimo-nos aos magos que viram a estrela. Todavia, embora a vissem, ela não era tudo: faltava-lhes ver o menino. Há quem somente veja a estrela(fenômeno) e se esqueça do que ela mostra(epifania). Assim como os magos veem Jesus e se prostram, mais tarde seus discípulos vão vê-lo – ressuscitado – e se prostrarão(Mt 28,17). Tornemo-nos novamente manjedoura, porque só assim emanaremos o calor do Evangelho.
A segunda leitura(Ef 3,2-3a.5-6) apresenta o projeto salvador de Deus como uma realidade que vai atingir toda a humanidade, juntando judeus e pagãos numa mesma comunidade de irmãos – a comunidade de Jesus. São Paulo relembra que o mistério a ele revelado(apocalipse). Aquele mesmo mistério que lhe abrira os olhos ao cegá-los no caminho de Damasco.
Nesta Epifania, em tempos tão difíceis de confinamento pela COVID-19, repito-vos a palavra do Redentor: “Duc in altum!”. Não temais as trevas do mundo, porque aquele que vos envia é “luz do mundo” (Jo 8, 12), “a estrela resplandecente da manhã” (Ap 22, 16).
Jesus: a luz que ilumina o mundo e nosso coração! E Tu, Jesus, que um dia disseste aos teus discípulos: “vós sois a luz do mundo” (Mt 5, 14), faz com que cada um que sofre neste momento com a doença e a dor que a luz de Cristo resplandeça diante dos homens do nosso tempo. Que Mãe do Verbo encarnado, Virgem fiel, conserva todos os homens e mulheres de boa vontade que celebram a Epifania do Senhor sob a tua constante proteção, para que sejam missionários corajosos do Evangelho; fiel reflexo do amor de Cristo, luz dos povos e esperança do mundo.