Encontro discute Repam a partir da Laudato Si’

Com objetivo de aprofundar o processo da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam) a partir da encíclica do papa Francisco, Laudato Si’,  representantes dos nove países da bacia amazônica estão reunidos de 17 a 21 de agosto, em Manaus (AM).

Participam do evento o presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Claudio Hummes; o representante do Conselho Episcopal Latino-americano (Celam), dom Pedro Barreto; os delegados das conferências episcopais dos países amazônicos; os delegados de Conferências Latino-americanas de Religiosos, Confederação Caribenha e Latino-americana de Religiosos (Clar) e Cáritas; membros do comitê executivo e das comissões da Repam.

A preocupação em dar seguimento aos diversos e complexos passos que a Rede já tem alcançado quanto à sua consolidação institucional e definição orgânica após sua fundação são alguns dos objetivos do encontro. Para o cardeal Cláudio Hummes, é necessário reformular a natureza da Rede, o que ela é e o que deseja ser. “Formular bem os programas, respeitar as realidades locais, fazer objetivos concretos, dar organização e competência, comissões mais claras e serviços, e ainda direções flexíveis, entendendo o que é uma rede”, enumerou.

Outras finalidades  do evento são: partilhar os avanços específicos a respeito da definição da missão de servir na Pan-amazônia, por meio de diversas ações que se desenvolvem desde o comitê executivo, secretaria executiva e projeto integrado; conhecer os diferentes avanços;  aprofundar a espiritualidade do grupo a partir da encíclica Laudato si’.

Na ocasião, os presentes salientaram a necessidade de promover a Amazônia no mundo, a partir do compromisso estabelecido entre as igrejas, sempre tendo os povos como protagonistas. Para  dom Barreto, a Repam está ajudando “com as identidades, a saber escutar e animar seu papel profético na selva”.

“A Rede é uma boa notícia e uma grande responsabilidade com a abertura da encíclica Laudato si’. Não é só uma encíclica verde, mas também social, para projetar a rede, a sonhar, articular e derrotar o ‘dragão’, entendido como extrativismo, sistema predatório e consumista”, disse ele.

Acompanhamento acadêmico

O chanceler da Pontifícia Academia das Ciências Sociais, do Vaticano, dom Marcelo Sánchez, disse aos participantes do encontro da Repam, que a grande novidade da Laudato si’ é a utilização da razão científica. Segundo o bispo, a encíclica é profundamente religiosa e escrita sob a inspiração franciscana, que chama ao cuidado, proteção e acompanhamento da natureza. “Ela é fundamentada na Bíblia e nos dados da comunidade científica, da razão e da fé”, explicou. Ele ressaltou também que ela foi escrita para todos os seres humanos, porque todos habitam na casa comum.

Segundo dom Sánchez, assim como o Vaticano possui uma Academia de Ciências, as conferências episcopais deveriam ter também este apoio e acompanhamento acadêmico e, assim, seria com a Rede. Para o chanceler, é importante para ir acompanhando a evolução do tema e suas perspectivas, por meio de “um diálogo com a razão científica”.

Disse, também, que “não se pode ignorar a importância da Amazônia para o futuro do planeta”. Para dom Sánchez, o problema da região é de todos. O bispo chamou a atenção para  as propostas de internacionalização da Amazônia, que só atendem aos interesses de corporações internacionais.

Fonte: CNBB