Cardeal Antonio Louis Tagle
Francesca Merlo – Vatican News
A Caritas Internationalis promoveu um webinar sobre o tema Fratelli tutti, aprofundando sua utilidade para o trabalho do organismo. O objetivo do encontro era explorar a encíclica do Papa para que ela pudesse se tornar uma realidade concreta para as comunidades em todo o mundo.
Ler e meditar a “Fratelli tutti”
O Cardeal Luis Antonio Tagle, presidente da Caritas Internationalis, encorajou a leitura da encíclica em sua totalidade, porque, explicou, “o Papa Francisco traz algumas de suas ideias anteriores para uma nova síntese como resposta às condições atuais de um mundo fechado”. Ele o faz, continuou o cardeal, “sempre se baseando na rica tradição bíblica da Igreja e nos ensinamentos morais e sociais da Igreja”. Tagle continuou então a refletir sobre os “sinais mais tristes da falta de amor” que nosso mundo está sofrendo. Podemos constatar que existem “muitas manifestações nas quais é evidente que o mundo está se fechando em si mesmo”, disse o cardeal. E é neste mundo fechado que todos nós sofremos, mas os pobres sofrem mais. São aqueles que são facilmente esquecidos, negligenciados, jogados fora e “cada um de nós deveria ficar incomodado com as consequências do mundo fechado”, porque são consequências que afetam os seres humanos, o futuro e a criação.
O amor universal
O Cardeal Tagle aprofundou dois aspectos principais presentes na encíclica. O primeiro é o amor universal. Ele explicou que na “Fratelli tutti” toda a imagem da caridade é a do amor universal, porque “assim Deus ama. Deus ama a todos”. Este é o amor que Jesus demonstra, esclareceu. “Ele amava a todos, especialmente aqueles que a sociedade considerava não amados, os marginalizados: a parábola do Bom Samaritano nos mostra alguém com quem podemos aprender o amor universal por um estranho.
Uma cultura do encontro
O segundo ponto sublinhado é o que diz respeito à cultura do encontro. “O amor universal – continuou o cardeal – poderia facilmente terminar em um slogan”, mas a universalidade só pode se tornar realidade se acompanhada pelo encontro e pela concretude. Foi lembrado que o Santo Padre repete com frequência que, se você dialoga, deve também conhecer sua própria identidade, para não negá-la. Da mesma forma, cada nação tem direito a seu sistema político, mas a política nacional deve levar à política internacional caritativa. A esperança expressa pelo cardeal é que “através da cultura do encontro poderemos encontrar uma melhor maneira de fazer política, de lidar com a economia, uma melhor maneira de estabelecer uma amizade cultural e de resolver conflitos”. Tudo isso leva ao bem comum: é precisamente o bem de todos que, em última análise, beneficiará o bem individual.
Por fim, o Cardeal Tagle tomou nota de algumas lições que a Cáritas pode aprender com a Fratelli tutti, incluindo a de se unir ao Santo Padre para estar conscientes e avisados diante dos sinais de fechamento de corações, mãos, mentes, territórios e cultura. Estes sinais são muito sutis, concluiu ele, mas a “Fratelli tutti” nos pede para abrir os olhos e ser exigentes, sensíveis a atitudes que mostrem uma abertura universal.