Recentemente, o mundo científico entrou em polvorosa, com a descoberta de um planeta bem similar ao nosso – pelo menos em tamanho, órbita e proximidade de seu sol. Foi logo batizado com o nome da sonda que o registrou – Klepler, lançada em 2009, em missão denominada “New Horizons”. Outros mil planetas foram registrados nesse projeto, mas nenhum em condições favoráveis a qualquer ser vivente. Já Klepler – 452b é apenas 60% maior que a Terra, com translação de 385 dias e rotação de 27 horas, além de uma distância solar que permite imaginar uma temperatura nem tão quente, nem tão fria. Fora disso, nada mais se sabe, senão um detalhe crucial para nós humanos: aquele novo mundo está distante 1400 anos-luz do nosso mundinho, o que significa dizer que, à velocidade da luz, saindo hoje (2015), chegaríamos ao nosso destino por volta de 3415.
Considerando nossa documentação bíblica, nos conhecemos como gente a cinco mil anos. Já o maluco-beleza cantava loas de ter nascido há dez mil. Pesquisadores e antropólogos chegam a números absurdos, que oscilam entre 500 mil a um milhão de anos da evolução humana até nossa era. Já a descoberta de Lucy (crânio bem assemelhado aos nossos) esticou esta história para três milhões de anos. Que seja isso, então! Que é o tempo diante do infinito? De qualquer forma nossa história é recente e teríamos que enfrentar ao menos duas novas evoluções para chegar até esse novo mundo, primo distante do nosso. Isso tudo se conseguirmos um dia um transporte tão veloz quanto a luz, essa que viaja a trezentos mil quilômetros por segundo. Nenhum dos veículos humanos, naves, foguetes ou imaginários disco voadores conseguiriam tamanha eficiência. E alguém ainda pensa: buscamos planetas habitáveis para abrigar nossas futuras gerações. Ponham-se futuras nisso!
Além do mais, quando olhamos para as estrelas, olhamos para o passado. A estrela Alfa, por exemplo, da constelação de Centauro, é uma vizinha bem próxima: 40 anos luz. Isso significa que, quando a observamos daqui desse planeta azul, estamos vendo como ela era quarenta anos atrás, já que sua luz demorou esse tanto para chegar até nós. Estamos olhando seu passado, bem como o passado de todo o Universo.
Melhor mesmo é fincar nossos pés neste chão que ainda temos, amá-lo e preservá-lo como nossa casa comum, maior e única riqueza do Universo que Deus nos deu. Afinal, outro mundo só em sonhos. Ou melhor, só mesmo aquele que Jesus um dia nos prometeu conquistar, o seu Reino que não era deste. O mundo novo com o qual sonhamos não é impossível de se alcançar, pois está latente em nós, aguardando tão somente a luz da revelação, a descoberta de que depende de nós, de nossos esforços e boa vontade a conquista e preservação deste. “O universo desenvolve-se em Deus, que o preenche completamente”, escreveu o papa Francisco (LS-233).
Essa é a grande descoberta humana diante de seu pequenino mundo. Sem a compreensão e o respeito à magnitude divina e sua obra sem fim, caímos no vazio da insignificância que somos. Só Deus para nos consolar. Só Deus poderá medir as distâncias que nos separam, física e espiritualmente, e apontar a trajetória da luz, aquela que nos leva além do Infinito e nos revela seus mistérios. Jesus se dizia a luz do mundo, a luz no fim do túnel… “No fim, encontrar-nos-emos face a face com a beleza infinita de Deus (cf 1 Cor 13,12) e poderemos ler, com jubilosa admiração, o mistério do universo, o qual terá parte conosco na plenitude sem fim” (LS 243). Surpreendentemente, essa é nossa missão, a missão da humanidade a bordo de sua insignificante nave espacial, seu mundo, nossa Terra. Só a fé nos aponta um novo horizonte.