No centro da reflexão que a liturgia do 21º Domingo do Tempo Comum nos propõe, estão dois temas à volta dos quais se constrói e se estrutura toda a existência cristã: Cristo e a Igreja. Juntos com o Apóstolo São Pedro, confessamos que o Senhor é o “Messias, o Filho do Deus vivo”.
O Evangelho(cf. Mt 16,13-20) convida os discípulos a aderirem a Jesus e a acolherem-n’O como “o Messias, Filho de Deus”. Dessa adesão, nasce a Igreja – a comunidade dos discípulos de Jesus, convocada e organizada à volta de Pedro. A missão da Igreja é dar testemunho da proposta de salvação que Jesus veio trazer. À Igreja e a Pedro é confiado o poder das chaves – isto é, de interpretar as palavras de Jesus, de adaptar os ensinamentos de Jesus aos desafios do mundo e de acolher na comunidade todos aqueles que aderem à proposta de salvação que Jesus oferece. “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”(cf. Mt 16,16). A confissão de Pedro é importantíssima não apenas por ser a pedra sobre a qual a Igreja seria edificada(cf. Mt 16,18), mas por nos indicar o caminho que todos devemos seguir. Ao confessar a identidade de Jesus, Pedro descobre sua própria identidade, ou melhor: descobre Cristo confessando quem Pedro é. E é essa a realidade mais profunda da vocação de cada batizado. Essa experiência abre em nossa vida uma porta que jamais se fechará(cf. Is 22,22) e que nos permite exclamar junto com São Paulo: “Ó imensidão da riqueza, da sabedoria e da ciência de Deus”(cf. Rm 11,33).
Tornamo-nos Igreja cada vez que confessamos que Jesus com os seus lábios e com a sua vida e participamos, assim, não apenas da experiência de Pedro, mas do próprio Jesus. Essa Boa-Nova – a descoberta simultânea de quem somos nós e de quem é Jesus – todo homem e mulher de boa vontade quer escutar – e confessar.
A primeira leitura(cf. Is 22,19-23) mostra como se deve concretizar o poder “das chaves”. Aquele que detém “as chaves” não pode usar a sua autoridade para concretizar interesses pessoais e para impedir aos seus irmãos o acesso aos bens eternos; mas deve exercer o seu serviço como um pai que procura o bem dos seus filhos, com solicitude, com amor e com justiça.
A segunda leitura(cf. Rm 11,33-36) é um convite a contemplar a riqueza, a sabedoria e a ciência de Deus que, de forma misteriosa e às vezes desconcertante, realiza os seus projetos de salvação do homem. Ao homem resta entregar-se confiadamente nas mãos de Deus e deixar que o seu espanto, reconhecimento e adoração se transformem num hino de amor e de louvor ao Deus salvador e libertador.
A mesma confissão de São Pedro deve ser o apanágio de nossa Evangelização: Jesus, o Messias, e o Filho do Deus Vivo! Por isso queremos colocar no altar de Deus todos os fiéis batizados, que são o grande tesouro da Igreja. Que eles possam ser esta bonita graça de Deus em favor da santificação do mundo e de todas as suas estruturas. Ser leigo atuante é ter consciência do chamado de Deus a participar ativamente da Igreja e do Reino, contribuindo para a caminhada e o crescimento das comunidades rumo a Pátria Celeste. Assumir esta vocação é doar-se pelo Evangelho e estar junto a Cristo em sua missão de salvação e redenção.
Por isso neste domingo celebramos todos os leigos que, entre família e afazeres, dedicam-se aos trabalhos pastorais e, também, missionários. Os leigos atuam como colaboradores na catequese, na liturgia, nos ministérios de música, nas obras de caridade e nas diversas pastorais existentes. A família é o centro da vida cristã porque ela santifica toda a vida da Mãe Igreja. Somos convocados para instaurar um reinado, renovando a face da terra, que nada mais é do que a edificação de uma nova sociedade, um novo mundo, uma nova humanidade. Pela graça do batismo os leigos têm essa missão de ajudar a construir o Reino de Jesus Cristo. Que tenhamos famílias santas e que todos os leigos vivam com intensidade seu batismo!