No domingo passado, o santo Evangelho anunciado foi a parábola do Semeador, continuando no mesmo capítulo, neste domingo, outras três parábolas revelam o mistério Reino dos Céus: a parábola do trigo e do joio, do grão de mostarda e do fermento. O ensinamento através das parábolas revela o modo magistral de Jesus ensinar. Falando de situações cotidianas deseja indicar o verdadeiro fundamento de todas as coisas. Mostra-nos que Deus age, que entra na nossa vida e quer guiar-nos pela mão.
Muitas vezes Jesus falou do Reino de Deus convidando os ouvintes deixarem-se guiar por Deus. Ele é o Senhor e a realização de sua vontade torna-se o critério para garantir a realização do bem. O Reino de Deus é projeto de paz e alegria. É um projeto sábio ao qual os ouvintes são convidados a associar-se para construí-lo. Nunca estará pronto, a cada dia se faz necessário reafirmar o desejo de participar dele.
O lugar da construção do Reino de Deus é no mundo que vivemos. Este mundo é uma mistura de bem e mal. Jesus caracteriza o mundo através da parábola do trigo e do joio. Assim como em toda lavoura onde se semeia uma semente, na mesma também nascem outras plantas não semeadas e muitas vezes não desejadas. Assim também acontece com cada pessoa e a sociedade, enquanto uns semeiam boas sementes que qualificam a vida humana também tem o inimigo, denominado de diabo por Jesus, que semeia as sementes do mal. Estas também nascem, crescem e, muitas vezes, sufocam o bem.
A parábola do trigo e do joio alerta e ensina os discípulos que não podem ser ingênuos pelo fato de terem abraçando o Reino Deus estariam imunes às investidas do maligno. Na verdade, o maligno não suporta viver com o bem e faz todos os esforços para destruí-lo e desviar a pessoa do caminho do bem. A forma usada para desviar é criar confusão pela ambiguidade. O joio, nas primeiras fases de seu desenvolvimento, é muito semelhante ao trigo ficando impossível saber o que é joio e o que é trigo. São aquelas situações humanas onde se avalia o que é negativo positivamente e, vice-versa, se avalia como negativo o que é positivo. Somente mais tarde percebe-se que houve um engano.
Como conviver com o bem e o mal? Na parábola é sugerido que se arranque o joio, mas o dono da plantação alerta que este procedimento iria matar muito trigo. Exatamente por causa da semelhança, além disso, o joio tem raízes mais fortes que o trigo. Em nós e entre nós convivemos nesta situação. Uma anedota ajuda a ilustrar a reflexão: “Um homem se queixa ao amigo: – Esse mundo não tem jeito. Hoje em dia, não dá para confiar em ninguém. – Por que você está tão revoltado? – Hoje de manhã, passaram uma nota falsa de R$ 100,00 para mim. – Sério, cara? E era parecida com a original? Posso ver? – Não está mais comigo. Eu acabei de passar para outro”.
Gostaríamos de ter uma comunidade cristã, e porque não, um mundo que fosse perfeito, puro e sem defeitos. Onde se pudesse erradicar o mal em nós e ao nosso redor. Nestas horas quantas vezes vem a tentação de usar a violência. Qualquer forma de violência para eliminar o mal sempre se mostrou um desastre, pois em “nome de fazer o bem”, viola-se a liberdade. A atitude proposta por Jesus na parábola é “não dormir”, separar o trigo do joio quando estiver maduro, ter paciência e prudência para evitar decisões precipitadas. Santo Agostinho ensinou: “Muitos, primeiro são joio e depois tornam-se trigo bom”.