Comover, ir além da linguagem eclesial e da informação unidirecional, contar histórias!
A escassez de recursos parece ser a resposta imediata que enterra qualquer projeto de comunicação em paróquias e instituições da Igreja. Mas a comunicação sustentável e de qualidade é possível e pode até gerar recursos para apoiar outros projetos pastorais!
Segundo as jovens argentinas Flor Tapia Gómez e Magui Alonso, fundadoras da empresa social Golondrina (“Andorinha”, em espanhol), a comunicação das paróquias precisa ser atrativa no formato e no conteúdo para se tornar uma ferramenta que melhore o bem-estar humano de maneira sustentável.
E como gerar uma comunicação sustentável dentro das instituições da Igreja? Algumas dicas iniciais das especialistas da Golondrina:
– Criar um Plano de Comunicação: um projeto sustentável precisa ter objetivos bem claros.
– Criar equipes de comunicação com voluntários, mas garantindo que ao menos um deles tenha os conhecimentos necessários em comunicação.
– Levantar fundos usando a própria ferramenta de comunicação, tornando-a autossustentável: por exemplo, livretos com patrocinadores, revistas formativas com anunciantes e assinantes, eventos pontuais como palestras bancados por doadores…
Um caso prático:
Na paróquia Puríssima de Pacheco, de San Isidro, na Argentina, a equipe da revista paroquial “Encuentro” sustentou as edições só com publicidade local. Eles fizeram um planejamento anual das tiragens e organizaram ações sustentadas com o apoio dos anunciantes.
A própria revista se tornou um canal de comunicação excelente para conseguir doações, já que divulgou melhor as obras da paróquia e a sua importância para a comunidade, além de convocar novos voluntários para colaborar com os diversos projetos pastorais.
Os textos chegam a clubes, farmácias e padarias de todo o bairro, que são lugares de boa circulação. A revista atinge públicos que outros meios de comunicação não atingem: por exemplo, a terceira idade, que tem menor presença nas redes sociais.
A revista “Encuentro” leva conteúdo positivo e cheio de esperança e alegria cristã também ao hospital da cidade, a pessoas que estão sozinhas e tristes. E não serve apenas como companhia e meio de reflexão para quem não tem acesso a outros meios, mas também como instrumento de missão, já que os voluntários que distribuem a revista passam um tempo conversando e lendo algumas matérias para as pessoas internadas.
E, é claro, a revista também entra nos lares, levando imagens e mensagens que podem ser compartilhadas por toda a família.
Como o plano de comunicação pode chegar a todos?
– Primeiro, é fundamental definir quem são esses “todos” aos quais o plano se dirige. Por exemplo, a paróquia de um bairro carente pode querer comunicar-se com a própria comunidade; para isto, uma boa ferramenta podem ser os folhetos semanais. Já se o objetivo é conseguir doações para sustentar ações pastorais, é preciso comunicar-se com pessoas em condições financeiras de dar apoio, o que demanda outra estratégia: por exemplos, palestras para convidados sobre temas relevantes, apresentando de maneira integrada ao tema o projeto para o qual se precisa de apoio.
– É importante levar em conta que os meios de comunicação mudam permanentemente: as formas de se chegar a determinado público podem se alterar num prazo curto. Por exemplo, há 5 anos, os jovens estavam presentes principalmente no Facebook. Hoje, porém, é muito mais provável encontrá-los no Instagram.
– O plano deve ser segmentado conforme os diversos públicos-alvo, sabendo que a lógica de contato com cada grupo é diferente e, além disso, muda constantemente.
– As ações de comunicação devem ser avaliadas com frequência, para se analisar como elas estão impactando e que resultados cada ferramenta está dando.
– Cada canal e público tem sua própria linguagem: o jeito de comunicar-se na revista é diferente do jeito das redes sociais; a linguagem com os jovens é diferente da linguagem com os avós.
– Em palavras do papa Francisco, é preciso garantir que se chegue às periferias. A comunicação deve ser atrativa para todos, não só para quem vai à missa todos os domingos. A paróquia tem de se comunicar inclusive (e quase fundamentalmente) com os não crentes.
Além do planejamento e da sustentabilidade, que outros conselhos são fundamentais?
– Ter vários meios de comunicação, que sejam “lugares de encontro na diversidade”.
– Paróquias, movimentos, congregações e demais instituições católicas precisam se propor a transmitir e chegar aos corações, não só às cabeças: é importante comover para mover; testemunhar com exemplos práticos, vivos, reais, concretos.
– É crucial “contar histórias”, histórias da vida real, as milhares de histórias que existem nas comunidades e que são testemunhos de fé viva e de amor.
– Não ficar só na linguagem eclesial: os canais devem ser multidirecionais, falando a linguagem mais adequada para cada público, mas sem jamais perder a identidade católica.
Fonte: Aleteia