Estamos no último dos quatro domingos do santo Advento! Estamos já em plena Semana de Preparação próxima para o Natal! A Igreja é toda atenção, toda contemplação do mistério da Encarnação, preparando-se para celebrar o Natal do Senhor. Sua vinda é a nossa salvação, sua chegada é o anúncio da esperança a todos os povos, a toda a humanidade. A anual celebração do seu Natal recorda-nos que nosso Deus quis estar perto, muito pertinho da humanidade toda e de cada um de nós.
O Filho eterno do Pai fez-se homem para encher de Vida divina a nossa existência humana. É este o Mistério de que fala São Paulo na segunda leitura da Missa de hoje: “Mistério mantido em sigilo desde sempre. Agora, este Mistério foi manifestado e, conforme determinação do Deus eterno, foi levado ao conhecimento de todas as nações, para trazê-las à obediência da fé!” Com a aproximação do Santo Natal, contemplamos a benevolência de Deus para com toda a humanidade: no segredo do seu coração há um amoroso e misterioso projeto: salvar toda a humanidade pelo fruto que haveria de vir da raça de Israel, da tribo de Judá, da casa de Davi.
O que nos deve encantar neste Domingo não é somente a grandiosidade desse Mistério, dessa surpresa de um Deus que, desde sempre, preocupou-se com todos, com toda a humanidade e não só com Israel. O que nos deve encantar é também o modo como o Senhor realiza o seu desígnio: ele age em silêncio na história humana, no pequenininho de nossa vida, nas humildes decisões de nossa existência.
Pensemos bem! Primeiro, o rei Davi, humilde pastor de Belém, mais novo dos muitos filhos do velho Jessé. E Deus o escolheu para rei e para dele fazer uma dinastia da qual nasceria o Santo Messias. Davi, que desejava humildemente construir uma Casa, um Templo para o Senhor, fica sabendo que é Deus quem lhe construirá uma Casa, isto é, uma Dinastia, uma descendência, da qual nascerá Aquele bendito Descendente que enche de alegria o nosso coração: “O Senhor te anuncia que te fará uma casa. Quando chegar o fim dos teus dias e repousares com teus pais, então, suscitarei, depois de ti, um filho teu, e confirmarei a tua realeza. Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. Tua casa e teu reino serão estáveis para sempre diante de mim, e teu trono será firme para sempre!” Eis a bondade do Senhor, que de um simples pastorzinho fará nascer o Salvador que reinará para sempre.
Depois, podemos pensar em José, naquele que tinha recebido como prometida em casamento uma jovem virgem chamada Maria… José, pessoa simples, homem de Deus. Membro pobre da família real de Davi, humilde artesão. Ele vivia na justiça do Senhor, praticando a Lei do Deus de Israel.
E o Senhor, misteriosamente, o escolhe para ser o esposo daquela na qual se cumprirão as palavras do Senhor. Recordemo-nos do Evangelho segundo São Mateus: “José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo de seus pecados” (Mt 1,20-21). Ele, um simples carpinteiro, cuidador, tutor, guardador do Filho de Deus, o Messias esperado! Ele escutaria, doravante, o Filho eterno do eterno Pai, chamá-lo de pai!
No Quarto Domingo do Advento entra em cena Maria. Seu Filho é o Deus conosco e já se faz presente, ainda de modo velado, mas real, no seio da Virgem, que concebeu por obra do Espírito Santo (Lc 1,26-38).
Ao descrever a genealogia de Jesus, Mateus demonstra que é verdadeiro homem, filho de Davi, filho de Abraão; ao narrar o Seu nascimento de Maria Virgem, que foi mãe por virtude do Espírito Santo, afirma que é verdadeiro Deus; e, finalmente, ao citar o profeta Isaias, declara que Ele é o Salvador prometido pelos profetas, o Emanuel, o Deus conosco.
Nossa Senhora fomenta na alma a alegria, porque quando procuramos a sua intimidade, leva-nos a Cristo. Ela é Mestra de esperança. Maria proclama que a chamarão bem-aventurada todas as gerações (Lc 1, 18).
Faltam poucos dias para que vejamos representado no presépio Aquele que os profetas predisseram; que a Virgem esperou com amor de mãe; que João anunciou estar próximo e depois mostrou presente entre os homens.