Estarrecida acha-se a nação perante os fatos atinentes à Petrobrás. Tudo trazendo a marca letal do suborno, ou seja, dinheiro rolando solto para conseguir vantagens de toda ordem. Aquele que se deixa subornar, mormente ocupando um cargo público, merece, de fato, execração popular. O suborno é uma arma diabólica que os astutos sabem manipular com habilidade. A insatisfação do povo é a consequência trágica causada por aqueles que se deixam contaminar pela peita. Esta é um germe nocivo que penetra e prolifera. Sua ação é destruidora dos valores que são o sustentáculo da ordem social. Trata-se de uma depravação que espezinha os mais elementares princípios da ética. A vítima do suborno denota uma insensibilidade alarmante. A busca de vantagens pecuniárias por meios escusos é sintoma de uma anemia moral grave e que tende a se expandir numa rede complexa, dado que, nem sempre, a peste do suborno é contida no início de um processo. De plano, o suborno envolve dois delinquentes: quem oferece e quem recebe a vantagem, pecuniária ou de outra qualquer modalidade. Para se combater a corrupção não bastam discursos vazios, promessas ocas, eivadas de sofismas. O problema é antigo. Felipe da Macedônia, Pai de Alexandre Magno, no século quarto antes de Cristo já dizia: “Não há fortaleza por demais segura que não se abra diante de uma porção de moedas auríferas”! Há os que se deixam dominar pela fome do ouro e se poluem nas traficâncias mais sórdidas. Conclusões, porém, devem ser tiradas no momento crucial que vive a pátria bem amada, quando se vê o dinheiro público malbaratado, desviado, defraudado. Há pessoas corretas, de caráter, que não se deixam levar na onda das atitudes condenáveis. Estes merecem, mais do que nunca, todo o respeito. Ninguém duvida da honestidade pessoal da atual Presidente da República, mas o desenrolar da crise na Petrobrás há de mostrar se, de fato, ela agirá até o fim de maneira coerente e, como ela mesmo proclamou, “doa a quem doer”.
Não basta se apresentar como uma vestal. É preciso que a atual Suprema Mandatária do país demonstre, peremptoriamente, que possui pulso forte para banir subornadores e subornados. Então, sim, se poderá falar que a reeleição da Presidente foi benéfica para a Pátria.
Por entre estas considerações o que os jornais publicaram dia 20 de novembro último é de estarrecer. Um advogado de um lobista afirmou que “não se faz obra no país sem pagar propina a político”.
Repete-se no Brasil o que falou Salústio, escritor latino: “Em Roma tudo está à venda”. O brasileiro nestes dias pode voltar a exclamar com Shakespeare, dramaturgo inglês: “Ah, se as propriedades, títulos e cargos, não fossem fruto da corrupção! Se as altas horarias se adquirissem só pelo mérito de que as detêm! Quantos, então não estariam hoje melhor do que estão?”.
* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.