Agosto é, para a Igreja no Brasil, o Mês Vocacional. Em 1981 iniciou-se essa celebração, com o objetivo de se refletir, a cada domingo, uma vocação específica dentro da Igreja. A primeira semana desse mês é dedicado à vocação para o ministério ordenado (Bispos, Padres e Diáconos). No dia 4 de agosto, celebraríamos (se não fosse domingo) a memória litúrgica de São Cura D’Ars, e nesse dia comemora-se o Dia do Padre. Em nossa Arquidiocese todo o nosso amado presbitério estará reunido na Catedral Metropolitana de São Sebastião para a missa do Rio Celebra do dia 03 de agosto. Intensifiquemos as nossas orações pelos nossos sacerdotes e neste Ano Vocacional Arquidiocesano que sejam suscitadas santas e proveitosas vocações sacerdotais.
O Cura d’Ars, padroeiro de todos os padres do mundo foi o “último” sacerdote da França na “última” aldeia da França. Mas foi cem por cento sacerdote. Como nós, os homens, somos cronicamente incapazes de fazer toda a mortificação de que precisamos para abandonar o nosso homem velho e revestir-nos do novo, que é Cristo, o Senhor permite purificações exteriores àqueles que vê autenticamente disposto a alcançar a santidade. Para São João Maria Vianney, essas purificações apresentaram-se, como é tão frequente na vida dos santos, sob a forma de campanhas de calúnias. São João Maria Vianney, vencia todas as calúnias com oração e com o amor ao próximo. Tanto que as pessoas vinham de longe para ver aquele simples padre e certa vez uma senhora da alta sociedade da França ia a pequena aldeia em Ars. Perguntaram a ela: o que a senhora vai fazer em Ars? Respondeu a senhora: “vou ver Deus em um homem”.
É isso que foi São João Maria Vianney, é isso que deve ser o padre. o sacerdote é, pois, “instrumento vivo de Cristo Sacerdote” (PO, 12), é, por ele mesmo, “o máximo testemunho do amor” (PO 11). É na linha bíblica de proximidade e epifania de Deus, cujo ponto culminante é Cristo (Jo 3,16), de quem o sacerdote-ministro é “sinal” e “aroma” (2Cor 2,15), “glória” ou expressão (Jo 17, 10).
Pelo sacramento da Ordem, os presbíteros são configurados com Cristo sacerdote, como ministros da cabeça, para a construção e edificação do seu corpo, que é a Igreja, enquanto cooperadores da Ordem episcopal. Este é o fundamento da vida peculiar dos presbíteros: atuar tal como são, “fazendo todo o sacerdote, a seu modo, as vezes da própria pessoa de Cristo” (PO, 12) de quem é instrumento. Esta forma de agir foi obtida na ordenação com uma “graça especial” (PO, 12) que, mediante o seu ministério, leva a uma vida orientada para a perfeição. Isto “muito concorre para o desempenho frutuoso do seu ministério” (PO,12). Assim, a noção conciliar sobre a espiritualidade do sacerdote origina uma renovação evangélica pronta para confrontar novas situações de evangelização. Daí a dimensão missionária do chamamento à santidade sacerdotal da Presbyterorum Ordinis.
O Padre é comprometido com Cristo, o enviado do Pai para salvar a humanidade (PO 12b); – o padre participa das mesmas ações sagradas por meio do ministério em comunhão com o bispo e os outros presbíteros (PO 12c); – o ministério consiste em ensinar, santificar e apascentar ao povo de Deus (PO 13a); – o padre atua como ministro da Palavra, lê e escuta a Palavra que ensina, tornando-se cada vez mais discípulo do Senhor (PO13b); – o sacerdote enquanto ministro da Eucaristia procure celebrar diariamente este sacramento, recordando-se da eficácia da cruz de Cristo. Através da Eucaristia, une-se a Cristo, oferecendo-se diariamente a Deus, nutre-se do Pão eucarístico. Deve administrar com caridade os outros sacramentos, especialmente a penitência. Através da oração do Ofício divino, o sacerdote empresta sua voz à Igreja que persevera na oração em nome de todo o gênero humano (PO 13c); – como dirigente do povo de Deus.
Quero aqui antes de terminar este artigo, apontar algumas frases de São João Maria Vianney sobre o sacerdócio: “O sacerdote é um homem que ocupa o lugar de Deus, um homem que está revestido de todos os poderes de Deus”. “Deve-se olhar o sacerdote, quando está no altar, como se fosse o próprio Deus”. “O sacerdote é alguém muito grande! Deus obedece-lhe: diz duas palavras e Nosso Senhor desce do céu”. “Se eu encontrasse um sacerdote e um anjo, saudaria o sacerdote antes de saudar o anjo. Este é o amigo de Deus, mas o sacerdote ocupa o Seu lugar”. “O Sacerdote só se compreenderá bem a si próprio no céu” (Pensamentos retirados do livro Intimidade com Deus, pág 41).
Ao celebrarmos o dia do Padre, queremos pedir ao Senhor que ilumine a todos os padres do mundo inteiro, pois, a nossa missão é em primeiro lugar: ser portador do Cristo e assim levar Cristo para todos as pessoas. Meu pensamento especial de gratidão a todos os sacerdotes doentes e anciãos. Não me esqueço de rezar e estar próximo de muitos sacerdotes que, infelizmente, estão privados do exercício do seu ministério, em especial os enfermos. Por todos, particularmente pelos padres que caminham conosco na alegria de servir ao Evangelho e anuncia-lo meus cumprimentos e meu encorajamento pastoral. Que Cristo o Bom Pastor e São João Maria Vianney seja o nosso modelo. Modelo de amor, serviço e doação. Ser padre não é ser príncipe, mas, ser aquele que serve.