Atentado contra migrantes na Líbia é “um ato de total desumanidade”, afirma Bispo

O presidente da Comissão Episcopal da Conferência Episcopal Italiana (CEI) para as Migrações, Dom Guerino Di Tora, condenou o atentado ocorrido na terça-feira, 2 de julho, contra um centro de detenção para migrantes em Trípoli (Líbia), que deixou mais de 40 mortos.

“É um ato de desumanidade deplorável contra pessoas que já sofrem perseguição nesses campos de detenção. Isso realmente se torna algo que beira a loucura”, expressou o Prelado à edição em italiano de Vatican News. Ele também exortou a “nos colocarmos novamente em uma atitude não apenas de atenção, mas de compreensão diante de certos problemas que preocupam toda a humanidade”.

No bombardeio, 40 pessoas morreram, enquanto 35 ficaram feridas, entre as quais havia mulheres e crianças. Segundo o jornal espanhol ABC, a Organização das Nações Unidas (ONU) denunciou que esta é a segunda vez que o centro de detenção Tajura é atacado desde abril.

Nesse sentido, Dom Guerino denunciou que atacar os migrantes que estão confinados nesses campos, onde são massacrados como em verdadeiros “campos de concentração”, é “um ato de total desumanidade”.

“Chegar ao ponto do bombardeio, por mais que esse ataque também tenha atingido outros alvos, realmente significa um ato de total desumanidade diante do qual a consciência não pode recuar”, assegurou.

Da mesma forma, o Prelado fez um chamado a sentir que “somos parte desta realidade” e que ninguém deveria dizer que este “é um problema dos outros, que é culpa da guerra na Líbia”. “Todos nós devemos nos conscientizar disso e sentir essa realidade em nossa própria carne”, expressou.

Também lembrou que o fenômeno da migração desafia todos, não só aqueles que “fogem da guerra, da fome, da seca e da desertificação”. Assim, é preciso se sentir “corresponsáveis” para conquistar uma consciência humana, “inclusive antes que cristã”.

“Certamente, para nós, os cristãos, representa algo a mais: o chamado que o Senhor nos faz nessas situações, a não deixar o outro, nosso próximo, em realidades desumanas, socorrê-lo, acolhê-lo”, enfatizou.

O Bispo também mencionou que este conflito “abarca todos os problemas que afetam o Norte da África e que envolve, mesmo indiretamente, todos esses migrantes que estão detidos nesses ‘campos de concentração’”.

Além disso, deve “despertar a consciência de outras nações”, a fim de encontrar formas de mediação “para voltar a um equilíbrio de paz e estabilidade”.

“Precisamos de uma consciência mundial. Porque, enquanto não houver estabilidade e paz, todo o Oriente Médio sofrerá e também a Europa”. Da mesma forma, encorajou a que este fato não seja uma notícia “que lemos e esquecemos”, mas “algo que deve entrar em nossa cultura para que todos possam mover àqueles que estão no poder e governam as nações, toda a Europa, todas as Nações Unidas, para que esta realidade cesse o mais rápido possível, de modo que possamos encontrar as condições e métodos para que essa paz passe a ser um bem comum de todo o mundo”.

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