O Papa Francisco recebeu na manhã de hoje, 27 de maio, os participantes da XXI Assembleia Geral da Cáritas Internacional e explicou-lhes qual é a pior discriminação contra os pobres, que são atendidos por esta instituição em todo o mundo.
“O serviço da caridade deve, portanto, escolher a lógica do desenvolvimento integral como antídoto à cultura do descarte e da indiferença. E dirigindo-me a vocês, que são a Caritas, quero reiterar que ‘a pior discriminação da qual os pobres sofrem é a falta de atenção espiritual”, disse o Papa recordando o que escreveu na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium.
Na Sala Clementina do Palácio Apostólico do Vaticano, o Papa Francisco também enfatizou que os pobres “têm uma especial abertura à fé; precisam de Deus e não podemos deixar de oferecer-lhes sua amizade, sua bênção, sua Palavra, a celebração dos sacramento e a proposta de um caminho de crescimento e de maturação na fé”.
Por isso, continuou o Santo Padre: “como nos ensina também o exemplo dos Santos e das Santas da caridade, a opção preferencial pelos pobres deve traduzir-se principalmente numa atenção religiosa privilegiada e prioritária”.
Em seu discurso, o Papa Francisco destacou três aspectos que devem ser levados em consideração por aqueles que servem na Cáritas: caridade, desenvolvimento integral e comunhão.
Sobre a caridade, o Papa indicou que “não é uma prestação estéril ou um simples óbolo a ser restituído para apaziguar a nossa consciência”.
“O que jamais devemos esquecer é que a caridade tem a sua origem e a sua essência em Deus mesmo; a caridade é o abraço de Deus nosso Pai a todo homem, de modo particular aos últimos e aos sofredores, os quais ocupam no seu coração um lugar preferencial”.
Em relação ao desenvolvimento integral, o Papa Francisco assinalou que “no serviço da caridade é a visão participação do homem, que não pode reduzir-se a um único aspecto, mas envolve todo o ser humano enquanto filho de Deus, criado à sua imagem. Os pobres são pessoas, e em seus rostos se esconde o rosto de Cristo”.
“Eles são sua carne, sinais de seu corpo crucificado, e nós temos o dever de chegar até eles nas periferias mais extremas e nos subterrâneos da história com a delicadeza e a ternura da Mãe igreja”, para que todos os homens “sejam autores e protagonistas de seu progresso”.
Quanto à comunhão, o Papa Francisco destacou que “é central para a Igreja e define sua essência. A comunhão eclesial nasce do encontro com o Filho de Deus, Jesus Cristo, que, mediante o anúncio da Igreja, alcança os homens e cria comunhão com Ele mesmo e com o Pai e o Espírito Santo”.
“E a comunhão em Cristo e na Igreja é o que anima, acompanha e sustenta o serviço da caridade nas próprias comunidades e nas situações de emergência em todo o mundo”.
Depois de destacar que a caridade deve ser vivida em espírito de pobreza e entre os pobres, o Pontífice animou a estar atentos “para evitar cair na tentação de viver uma caridade hipócrita ou mentirosa, uma caridade identificada com a esmola, com a beneficência ou com a pílula que acalma nossa consciência inquieta”.
“Sendo a Caridade a mais almejada das virtudes à qual o homem possa aspirar para poder imitar Deus, torna-se escandaloso ver agentes de Caridade que a transformam em business: falam tanto em Caridade, mas vivem no luxo ou no esbanjamento ou mesmo organizado Fórum sobre a Caridade desperdiçando inutilmente tanto dinheiro”, lamentou o Santo Padre.
“Dói constatar que alguns agentes de Caridade se transformam em funcionários e burocratas. Por esta razão, quero reiterar que a caridade não é uma ideia ou um sentimento piedoso, mas um encontro pessoal com Cristo” com “o estilo da pobreza”.
Para concluir, o Papa Francisco encorajou os membros da Cáritas Internacional a “continuar dando com alegria a sua contribuição para que cresça no mundo o Reino de Deus, Reino de Justiça, de amor e de paz”.
A Assembleia Geral da Cáritas Internacional termina nesta terça-feira, 28 de maio. O tema do evento é “Uma Família Humana, uma casa comum”, está inspirado na encíclica Laudato si do Papa Francisco sobre os cuidados com a casa comum.