A liturgia deste domingo celebra a ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo e garante-nos que a vida em plenitude resulta de uma existência feita dom e serviço em favor dos irmãos. A ressurreição de Cristo é o exemplo concreto que confirma tudo isto.
A primeira leitura(Cf. At 10,34a.37-43) apresenta o exemplo de Cristo que “passou pelo mundo fazendo o bem” e que, por amor, Se deu até à morte; por isso, Deus ressuscitou-O. Os discípulos, testemunhas desta dinâmica, devem anunciar este “caminho” a todos os homens.
O Evangelho(Cf. Jo 20,1-9) coloca-nos diante de duas atitudes face à ressurreição: a do discípulo obstinado, que se recusa a aceitá-la porque, na sua lógica, o amor total e a doação da vida não podem nunca ser geradores de vida nova; e o discípulo ideal, que ama Jesus e que, por isso, entende o seu caminho e a sua proposta – a esse não o escandaliza nem o espanta que da cruz tenha nascido a vida plena, a vida verdadeira. “Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram”(Cf. Jo 20,13). O evento mais importante da nosa fé cristã é um mistério. A morte de Cristo foi um aparente fracasso, ninguém o vê Ressuscitar, os relatos de suas aparições aparentemente podem parecer contraditórios, mas não são. Para compreender isso, precisamos não apenas de fé, mas também, de amor. De um amor que nos ajude a nos colocarmos no lugar de Jesus, que nos ajude a tentar imitar a maneira como ele viveu – como nos narram a primeira e a segunda leituras. Pois é à medida que nos esforçamos por “alcançar as coisas do alto”(Cf. Cl 3,1), que buscamos entender os tantos mistérios que perpassam a nossa vida cotidiana – com suas luzes e trevas –, é que vamos entendendo como Cristo pode viver e morrer como viveu e moreu e ressustitar depois. A razão não basta para nos dar as respostas mais importantes da vida. Só um amor oblativo, disposto a se entregar sem reservas pela salvação de todos, é que pode fazê-lo. Que em nosos esforços diários por amar a Deus e o próximo e crer na presença – muitas vezes invisível – de Deus em nossas vidas, possamos ser testemunhas da ressurreição do Senhor em nosso mundo tão sedento de graça e de paz!
A segunda leitura(Cf. Cl 3,1-4) convida os cristãos, revestidos de Cristo pelo Baptismo, a continuarem a sua caminhada de vida nova, até à transformação plena que acontecerá quando, pela morte, tivermos ultrapassado a última fronteira da nossa finitude.
Se a morte de Jesus trouxe desesperança para os seus discípulos, sua ressurreição originou uma torrente de esperança, capaz de enxergar através de nuvens espessas. Já que Cristo ressuscitou não há mais barreira que impeça a efetivação de suas promessas.
Só o milagre do túmulo vazio poderia encher o coração dos discípulos da certeza da salvação. A regeneração do homem pecador é um produto da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos. Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos. 1 Pedro 1,3.
São João Paulo II, em seu primeiro domingo de Páscoa, como Sumo Pontífice, sintetizou a festa de hoje: “4. Surrexit Christus, spes mea! Cristo ressuscitou, Ele que é a minha esperança! Ó queridos Irmãos e Irmãs! Quanto é eloquente para nós este Dia, que fala com toda a verdade da nossa origem. Pedra angular de toda a nossa construção é o próprio Cristo Jesus (Cfr. Ef. 2, 20-21). Esta pedra, rejeitada pelos construtores e que Deus irradiou com a luz da ressurreição, encontra-se colocada nos próprios alicerces da nossa fé, da nossa esperança e da nossa caridade. É ela a primeira razão da nossa vocação e da missão que cada um de nós recebe já no Baptismo. Hoje desejamos descobrir de novo esta vocação, assumir novamente, como algo próprio, esta missão. É nosso desejo fazer que ela seja penetrada de novo pela alegria da ressurreição. Deseja-mos aproximá-la novamente de todos os homens, daqueles que estão perto e daqueles que estão longe de nós. Compartilhemos reciprocamente uns com os outros esta alegria. Compartilhemo-la com os Apóstolos, com as Mulheres que foram as primeiras portadoras do anúncio da ressurreição. Unamo-nos a Maria. Regina caeli, laetare! (Alegrai-vos, Rainha do céu!). O homem jamais poderá perder a esperança da vitória do bem. Torne-se este Dia para nós, já desde hoje, o exórdio da nova esperança!” (https://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/messages/urbi/documents/hf_jp-ii_mes_19790415_easter-urbi.html, último acesso em 05 de abril de 2019)
Desejo, de coração, a todos os meus leitores uma Santa e Abençoada Páscoa! Jesus Cristo ressuscitou verdadeiramente, aleluia, aleluia, aleluia!