O testemunho de um escritor que vive para Deus há 24 anos: é maravilhoso caminhar na presença de Deus, buscá-lo, amá-lo, senti-lo perto
Dentro de alguns dias, cumprirei 57 anos. Valeu a pena? Cada dia precisa ser comemorado, porque são os presentes que Deus nos dá.
Às vezes, sinto saudade daqueles dias em que começava minha busca de Deus. Percebi que vivemos da sua Graça, para fortalecer-nos. Depois, o bom Deus nos solta, como um pai ao seu filho, para que caminhemos pelo mundo. Dessa vez, a fé nos sustenta.
Já vi tantas vezes… Pessoas que mudam de um dia para o outro; decidem dedicar a Deus o que lhes resta de vida. E iniciam um caminho maravilhoso. Descobriram a grandeza do seu amor e agora só Deus pode saciar esta sede.
Decidi contar suas histórias e a minha, por isso lhe escrevo. “Vai para casa, para junto dos teus e anuncia-lhes tudo o que o Senhor fez por ti, e como se compadeceu de ti” (Mc 5, 19).
No meu caso, aconteceu há 24 anos. Lembro-me bem. Eu dirigia até o trabalho, despreocupado, e, de repente, senti algo difícil de explicar, que preenchia toda a minha alma.
Não sabia bem o que era. Fiquei impactado e não consegui continuar dirigindo. Estacionei na frente de um parque, desci do carro e me sentei em um daqueles bancos umedecidos pelo orvalho da manhã.
Olhei para os que dirigiam apressados rumo ao trabalho. Vi seus rostos, a inquietude que os consumia, e me disse: “Não quero continuar assim. Deve haver algo além disso”.
Nesse momento, lembrei de um livro que estava lendo sobre a vida do Dr. Albert Schweitzer. Era um grande músico, reconhecido em toda a Europa, e um dia, ele disse a si mesmo: “Farei tudo o que tiver pendente até os 33 anos, depois dedicarei minha vida às pessoas carentes”. Estudou medicina e foi embora para a África, junto à sua esposa. Teve uma vida excepcional.
Eu estava prestes a cumprir 33 anos. Naquele momento, tomei a decisão mais transcendente da minha vida. A partir dos 33 anos, dedicaria minha vida a Deus. E lhe fiz este oferecimento: “Minha vida será tua”.
Subitamente, senti uma paz interior que nunca havia sentido. Percebi que era Ele. Ainda no carro, eu sorria, feliz, recordando tudo, e disse a mim mesmo: “Você está louco de pedra”. Fiel à minha promessa, fiz uma boa confissão e comecei a ir à Missa diariamente. Era uma mudança radical para mim.
Comecei a ser um “bicho estranho”, que se comportava de um jeito diferente. Tinha uma necessidade imensa, uma fome de Deus. Queria saber tudo sobre Ele. Me aproximei da oração e comecei a ler livros que me mostrassem o caminho.
Eu sabia, naquele momento, que Deus queria algo de mim, mas não sabia o que era. Os anos se passaram e, em uma manhã, depois da Missa, acompanhei-O no oratório onde guardam as Hóstias consagradas, em um lindo sacrário.
Olhei decidido para Ele e me atrevi a perguntar: “O que queres de mim, Senhor?”. Naquele instante, o tempo parou. Estávamos só Jesus e eu. Meu grande amigo da infância. Eu sabia que era Ele.
E escutei uma doce voz, serena, em meu interior, que me pedia: “Escreva, precisam saber que os amo”. Foi tão claro, que não pude duvidar. Saí daquele oratório e comecei a escrever. E desde então, nunca mais parei.
Cada vez que me desanimo, o bom Deus envia uma alma boa que me incentiva e me diz: “Vamos, você precisa escrever”. Lembro-me que, há pouco tempo, coloquei uma mesa com meus livros do lado de fora de uma igreja e, enquanto acomodava os livros, cansado, pensava: “Será que isso vale a pena?”. No mesmo instante, uma senhora da capela do Santíssimo se aproximou de mim e me disse com amabilidade: “Claudio, vale a pena. Continue em frente”.
Soltei amarras e agora navego no mar insondável de Deus, com minha família e meus livros. Soltei as velas da minha alma e deixo que Ele sopre e me leve para onde Ele quiser.
Cada dia é uma nova e grande aventura. Eu nunca havia me divertido tanto, nem havia sido tão feliz.
É fabuloso caminhar na presença de Deus, busca-lo, amá-lo, senti-lo perto. Nada vai te faltar. Deus não te abandona. Você só precisa confiar. A Providência chega generosa justamente nos momentos em que você mais precisa.
Quando comecei a escrever, fiz este pacto com Deus: “Eu escrevo, Tu tocas os corações”. E Ele fez isso maravilhosamente. Recebemos centenas de testemunhos de leitores, de todos os lugares. Remito todos ao sacrário: “Dê graças a Deus”, costumo dizer-lhes.
Você pode perguntar: “Mas e os seus escritos?”. Bem, há 11 anos, fundamos uma editora católica e familiar, Ediciones Anab. Continuamos escrevendo, contando nossas aventuras e as dos outros, com o bom Deus.
Os livros estão em livrarias de mais de 15 países. A maioria superou 20 edições contínuas. Este ano, publicaremos uma coleção grande dedicada a Nossa Senhora de Guadalupe.
Isso é apenas o começo. Deus espera muito de todos nós, e precisamos caminhar em sua presença. Acho que foi São Josemaria Escrivá quem disse, certa vez: “Sonhem, e ainda assim será insuficiente”. Eu quis sonhar alto, e ainda foi pouco; continuo impactado com as maravilhas de Deus, com o seu amor infinito, com a sua ternura.
Fonte: Aleteia