O sacerdote, escritor e funcionário da Secretaria de Estado do Vaticano, Mons. Florian Kolfhaus, compartilhou alguns conselhos para viver as 3 dimensões fundamentais da Quaresma que são jejuar, rezar e dar esmola.
Em sua coluna publicada na Quaresma de 2017 em CNA Deutsh – agência alemã do Grupo ACI –, o presbítero indicou que os cristãos “não somos mestres de ioga que devem realizar práticas ascéticas muito exigentes” nos 40 dias de preparação para a Páscoa.
Mas, pelo contrário, “somos discípulos de Jesus que devemos experimentar a pobreza espiritual e às vezes material, para deixar assim que o Senhor nos gratifique”.
A seguir, apresentamos vários conselhos de Mons. Kolfhaus para que o Senhor nos cumule com sua graça, enquanto vivemos o jejum, a esmola e o oferecimento de obras.
1. Jejum
Mons. Florian Kolfhaus explica que quando se fala de jejum “não se trata apenas do que se refere à comida”, mas também da “renúncia à televisão, ao celular e ao rádio, deixar de usar o carro particular para usarmos transporte público”.
No entanto, o sacerdote assegurou que abster-se de alimentos tem um “significado especial” na Sagrada Escritura.
“Jesus mesmo jejuou 40 dias no deserto até sentir fome. Nós também não deveríamos nos assustarmos com a Quaresma, com o sentir fome, pois, através desse oferecimento, tal como promete o Senhor, podemos fazer com que nossa oração produza mais frutos”, detalhou.
Além disso, assegurou que o jejum “pode tomar diversas formas”, como uma só refeição forte e dois reforços pequenos (é a prescrição quaresmal da Igreja que a Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa), comer apenas pão e água (ou talvez frutas e verduras) ou esperar até à noite para fazer uma refeição forte.
“É claro que a renúncia das guloseimas e doces, do café e do álcool é oferecimento que faz bem à saúde corporal e que, às vezes, pode nos representar maior dor do que o jejum propriamente dito”, acrescentou.
2. Oração
O presbítero indicou que a oração é “ponto central” deste tempo de preparação para a Páscoa, entendendo a oração como “encontro pessoal com Deus”.
Por esse motivo, recomendou levantar-se 10 minutos antes para começar o dia com Deus em oração; visitar a cada dia, ao menos de forma breve, uma Igreja e adorar o Santíssimo; rezar o terço diariamente ou a Via Sacra nas sextas-feiras; e agradecer a Deus a cada dia, inclusive nos momentos difíceis.
Do mesmo modo, para estar mais bem preparados para rezar, convidou a colocar sobre a escrivaninha uma imagem de Jesus ou um crucifixo para ter o Senhor sempre presente; ler diariamente as Sagradas Escrituras memorizando versículos; e ler um bom livro espiritual antes de ir dormir.
3. Esmola
“Quanto à ideia de esmola, entendemos as boas obras que fazemos pelos demais. A Quaresma é uma escola de amor ao próximo”, explica Mons. Kolfhaus.
Nesse sentido, exortou a fazer uma boa obra a cada dia. Por exemplo, rezando pelas vítimas das guerras e catástrofes naturais; dando esmola ao mendigo ou doando objetos que sejam importantes e valiosos.
Mons. Kolfhaus também se referiu à doação de tempo, ou seja, separar tempo no dia para conversar com algum vizinho, telefonar para antigos conhecidos, escrever cartas ou ser paciente com colegas de trabalho.
Oferecimentos ou mortificações
Segundo Mons. Kolfhaus, Nosso Senhor Jesus, “que esteve sedento na Cruz, pode ser consolado por nós, quando lhe oferecemos nosso amor, manifestando ao carregar nossa própria Cruz”.
“Não se trata de grandes sofrimentos ou dores, mas de grandes manifestações de amor. Mais importante do que a oferta em si são o amor e a confiança”, destacou.
O presbítero sustentou que durante esta Quaresma, os fiéis podem “carregar sua cruz” suportando pacientemente as doenças ou os problemas.
Indicou também que é possível ser criativo com os oferecimentos, por exemplo, não falar mal dos demais, tomar banho com água fria, renunciar a comidas ou bebidas de que gosta, subir as escadas em vez de usar o elevador.
Na vida religiosa, Mons. Kolfhaus destacou algumas opções, como fazer longos percursos rezando o terço, rezar de joelhos, rezar abrindo os braços ou fazer peregrinações curtas a pé.