Bispos discutem a estrutura do texto-base da Campanha da Fraternidade 2020

Reunidos na reunião do Conselho Episcopal Pastoral (Consep) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), os bispos presidentes das Comissões Episcopais definiram a estrutura do texto-base da Campanha da Fraternidade 2020, cujo tema será “Fraternidade e vida: dom e compromisso” e o lema “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10, 33-34). Esta foi a principal pauta da manhã desta quarta-feira, quando foi concluída a última reunião do Consep deste ano.

Os bispos discutiram pontos e aspectos da vida humana que devem constar neste subsídio que animará comunidades de todo o país nas ações da CF durante e depois da Quaresma de 2020. Alguns tópicos apontados por bispos e assessores estarão na raiz do material que será iniciado com a relação entre o tempo quaresmal e a Campanha da Fraternidade, com parágrafos sobre a proposta da Igreja para este tempo, as práticas de conversão e exercícios quaresmais.

A tradicional metodologia ver-julgar-agir será a base para o texto-base. Uma equipe ainda será designada para a construção do texto a partir dos pontos definidos pelo Consep.

No ver, são os pontos proposto para abordar a temática da vida: pessoa, família, comunidade, sociedade e perda do sentido da vida. A CF deve ser neste caso, “oportunidade para o resgate da expressão e o esclarecimento eclesial sobre o tema da vida”.

Foto: CNBB/Daniel Flores

Foram vários os apontamentos dos bispos e dos assessores das Comissões. O bispo de Livramento (BA) e presidente da Comissão para a Liturgia da CNBB, dom Armando Bucciol, citou como fonte de alguns apontamentos sobre a realidade da vida na atualidade o livro do filósofo Umberto Galimberti “Os vícios capitais e os novos vícios”.

Padre Danilo Pinto, assessor da Comissão para a Cultura e a Educação, apontou sobre a falta de sentido de vida relacionada à ideologia de gênero no processo de formação da pessoa. Neste sentido da busca de sentido à vida, o arcebispo de Salvador (BA) e presidente em exercício da CNBB, dom Murilo Krieger, chamou atenção para a questão das drogas e do envolvimento dos jovens com os jogos virtuais.

Também foram apontados como elementos que podem ser abordados no texto os aspectos positivos da vida, a relação da integralidade da vida com a casa comum, trabalho e lazer, além da relação com o trânsito, onde há acidentes que ceifam a vida de milhares de brasileiros.

Os bispos reforçaram elementos que devem constar no trecho do texto reservado às reflexões sobre a família. O arcebispo coadjutor de Montes Claros (MG) e presidente da Comissão de Cultura e Educação, dom João Justino de Madeiros apontou para o “declínio das funções materna e paterna nas famílias” e que é neste ambiente o primeiro lugar onde se apresenta o sentido da vida, ressaltado o papel dos pais neste processo de formação da pessoa. O secretário geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, fez um adendo recordando uma pesquisa sobre o baixo envolvimento dos homens na criação dos filhos e no cuidado com a família, o que se reflete em um número de 30% das famílias brasileiras que são chefiadas somente por mulheres.

O arcebispo de Diamantina (MG), dom Darci Nicioli, presidente da Comissão para a Comunicação da CNBB, pediu para reforçar os valores da família no texto, pois ali é “onde a vida acontece e é cuidada”, e apresentou como fonte a exortação apostólica Amoris Laetitia, do papa Francisco.

O assessor da Comissão para a Juventude, padre Antônio Ramos do Prado, recordou o resultado da consulta para o Sínodo sobre a juventude que foi realizada no Brasil. A síntese do material apontou que 75% dos jovens consideram a família extremamente importante para a formação da personalidade, seguida dos amigos e da Igreja.

O bispo de Osasco (SP) e presidente da Comissão para a Vida e a Família, dom João Bosco Barbosa, lembrou da questão dos migrantes que poderia ser abordada, uma vez que “saem de casa à procura de vida e estão desamparados”.

A estrutura da parte “julgar” será da mesma forma como tem sido os textos-base das últimas campanhas da fraternidade, com o magistério da Igreja e outas fontes. Já no agir, o texto partirá dos mesmos elementos da primeira parte (ver).

Como sugestão para compor este trecho do material, foram indicados além do magistério, pensadores e obras literárias; a Constituição Federal; testemunhos dos santos, servos de Deus brasileiros e sua relação de cuidado e entrega da vida; e textos bíblicos com testemunhos de personagens e acontecimentos bíblicos.

A intenção é “destacar a dignidade da pessoa” e “ressaltar sinais concretos de cuidado com a vida”, a partir dos vários apontamentos da carta encíclica Evangelium Vitae (Evangelho da Vida).

Dom Armando Bucciol chamou atenção para a questão da diminuição da natalidade no Brasil, a exemplo da Itália que conta com uma taxa de 1,3 filhos por mulher. Para ele, o Brasil segue no mesmo caminho e a CF de 2020 poderia passar uma mensagem para ver a vida como “algo bonito, importante”, que deve ser acolhido. Dom Bucciol ainda sublinhou uma realidade no campo da comunicação, onde se aumentam os meios e diminuem as relações de comunicação, dando como exemplo as queixas dos pais que sentem a ausência dos filhos, que por sua vez se satisfazem com o contato virtual.

Dom Leonardo sugeriu abordar no ver essa questão. Depois, no agir, podem ser colocadas sugestões a partir da atuação da Pastoral Familiar.

Dom João Justino fez ainda uma indicação de mostrar como a Igreja no Brasil tem defendido a vida, nos trabalhos e pronunciamentos da CNBB e das Pastorais.

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