O contexto do Evangelho apresenta Jesus já cansado do caminho, desejando um momento de parada, sentando-se junto ao poço de Jacó. Logo chega uma mulher para buscar água, pertencente a uma população inclinada ao paganismo, estigmatizada pelo desprezo dos judeus. O Mestre de Nazaré inicia um espontâneo, rico e inigualável diálogo com a mulher samaritana, marcado de grande e profunda ternura!
A samaritana representa a humanidade sedenta, que em meio aos apelos de expressão e liberdade, encontra um poço para que dele possa tirar água; que possa romper barreiras, as quais impedem as pessoas de se relacionarem e conviverem em todos os campos da vida humana, em toda sua plenitude. Aprendamos da samaritana, ao fazer uma opção pelo dom da vida em Deus. De um “Deus que nunca cansa de perdoar, somos nós que nos cansamos de pedir perdão”, na afirmação do Papa Francisco.
Na estrada exigente da vida, diversas são as circunstâncias, nas quais se nos apresentam as forças do mal. Mas a fé é o indicador a nos dizer que temos que vencê-las, de que necessitamos de novo vigor, de modo especial na celebração da eucaristia, Jesus se revelando água viva a saciar nossa sede, a renovar toda nossa existência.
Somos chamados a dar graças ao bom Deus pelas maravilhas do seu amor misericordioso e infinito, em favor da humanidade, ao nos colocar em estreita comunhão com ele, irmãos e irmãs, conscientes que somos filhos do mesmo Pai que está nos céus. A sede e a fome de Deus no seu projeto de amor fazem-nos filhos desejosos em buscar água viva e o alimento que permanecem, ao realizar a vontade do Pai, no dizer de Dom Helder Câmara: Angelorum esca nutrivisti populum tuum – teu povo se alimenta do pão do céu.
Que a nossa fé ajude-nos a pensar bem, no sentido de darmos a devida importância, na sua grandeza incomensurável, em perseguir sempre e cada vez mais, a necessidade de se saciar na fonte da verdadeira água: Jesus de Nazaré. Água é vida, a água mata a nossa sede e, além de representar a vida, tira nossa sujeira do corpo. Jesus desceu do céu e veio habitar entre nós, com a missão de cumprir o projeto que de seu Pai recebeu, andando de lugar em lugar fazendo o bem a todos. Eis um exemplo concreto, no encontro com a samaritana.
Jesus ao pedir à samaritana que lhe desse de beber, de acordo com o Evangelho de João, retribui-lhe com presente mais elevado, inexprimível e indivisível, o dom da fé e de crer. Matando-lhe a sede de fé e de esperança e acrescentando ainda mais, a mística do fogo do amor (cf. Jo 5-45), com a energia para atravessar mares e desertos inerentes à própria existência.
Oxalá, saibamos ouvir a voz de Deus, de não fechar o nosso coração, para que, a exemplo da samaritana, nosso diálogo com o Filho de Deus seja sempre mais estreito e profundo. Ele, fonte da vida, oferecendo-nos como presente o alimento da vida eterna, dom maravilhoso da fé e da esperança, quer de nós aquele belo e sincero vínculo, pelo qual sorvemos deste âmbito bíblico: de adorá-lo em espírito e verdade. Assim seja!