Enzo Bianchi: encontro entre Kirill e Bartolomeu é um passo em frente no diálogo

Para Enzo Bianchi, fundador da Comunidade de Bose, o encontro no Fanar, em Istambul, teve um caráter inédito e encorajador para o diálogo no mundo ortodoxo.

Fabio Colagrande – Cidade do Vaticano

 “Uma retomada do diálogo, mas com um salto em frente rumo à pacificação da ortodoxia”.

Assim Enzo Bianchi, fundador da Comunidade ecumênica de Bose define o encontro na última sexta-feira no Fanar, em Istambul,  entre o Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, e Kirill, Patriarca de Moscou e de toda a Rússia.

Gesto fraterno

“É muito importante – explica Bianchi – que tenha sido o próprio Kirill a desejar ir a Istambul. A iniciativa que partiu de Moscou mostra por um lado a preocupação com as relações entre as Igrejas, que às vezes ficam difíceis. Mas, ao mesmo tempo, é o reconhecimento de que em Constantinopla existe uma autoridade de Primado dentro das Igrejas Ortodoxas, à qual Kirill pediu para ser ouvido”.

“A Igreja de Moscou é a maior Igreja Ortodoxa, são cerca de 200 milhões de cristãos ortodoxos, e portanto a mais ampla presença no mundo. Portanto, o gesto de Kirill de pedir audiência a Bartolomeu, para examinarem juntos os problemas nas jurisdições ortodoxas, é um fato importante.”

Somente no diálogo

“Não devemos nunca esquecer – explica Bianchi – que os últimos anos foram caracterizados por atritos, por algumas incompreensões entre os dois Patriarcados, especialmente após a escolha da Igreja Ortodoxa Russa de não participar do Concílio Pan-ortodoxo de Creta. Assim, o encontro de 31 de agosto não significa somente uma retomada de diálogo. É na realidade um salto em frente, em que se reconhece que somente dialogando, no reconhecimento recíproco das respectivas autoridades eclesiais, é possível pacificar a ortodoxia onde existem tensões, como ocorre atualmente na Ucrânia”.

Harmonia eclesial

“Certamente – conclui Enzo Bianchi –  que Bartolomeu e Kirill conversaram sobre a eventual decisão de conceder a autocefalia à Igreja Ortodoxa local (ndr – em relação à Igreja Ortodoxa na Ucrânia), mas não sabemos o que disseram. Mas dos comunicados oficiais, podemos afirmar que tudo ocorreu em um clima fraterno e de escuta recíproca e que, qualquer que seja a decisão, será uma decisão harmônica tomada pelas duas Igrejas, em que nunca apareça que uma é contra a outra”.

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