Por ter uma natureza social, muito cedo o ser humano descobriu que era necessário fazer um acordo entre todos. Assim surgiram os contratos sociais. Estes são necessários para evitar a anarquia – um prejuízo imenso para todos – ou para domar a prepotência dos mais fortes sobre a massa desorganizada. Quando a situação se torna obsoleta, o acordo precisa ser reformado. Estamos diante de procedimentos que incomodam os privilegiados, mas são pacíficos. No Brasil estão em estudos a reforma política, a eleitoral, a educacional, a econômica…Está difícil de sair alguma coisa. Assim aparece a tentação para a ruptura do “status quo”. Sempre quando as injustiças se tornam insuportáveis, a humanidade parte para a revolução. Trata-se de uma reviravolta total. Rompe-se todo o estado de direito. As regras combinadas nada mais valem. Nesta circunstância usa-se, sem pedir licença a ninguém, de uma grande violência. Esta parece ser a idéia dos que incendeiam ônibus, quebram agências de automóveis e de bancos, protestam contra tudo (menos contra o carnaval).
É preciso que as cabeças pensantes saibam interpretar o que está acontecendo no Brasil. Queremos ordem social, regras estabelecidas, paz entre todos, liberdade garantida. Mas queremos também maior democracia econômica, e as sempre prometidas reformas políticas e econômicas. É hora de perguntar se Jesus – e consequentemente a Igreja – foi revolucionário ou reformista. Podemos dizer, com certeza, que seu método foi pacífico. Nunca tolerou o que hoje chamamos de “luta de classes”. Isso porque todas as revoluções violentas costumam ter característica atéia, e podem ser fonte de novas injustiças. Mas nos objetivos Jesus foi revolucionário. O seu ensinamento sobre a dignidade da filiação divina, a obrigação do amor ao próximo, a vinda do Reino de Deus, são princípios que mexem com qualquer legislação. Não é em vão que os discípulos de Cristo são os mais perseguidos do mundo. É que procurando viver os princípios do Mestre, tornam-se cidadãos muito perigosos. “Eu vim trazer fogo à terra” (Lc 12, 49).