A Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promove anualmente um encontro para os novos membros do episcopado brasileiro. Neste ano, de 6 a 10 de agosto, doze deles estão na sede da entidade, em Brasília (DF). Nomeados pelo papa Francisco desde agosto do ano passado, a grande maioria já tomou posse em suas respectivas dioceses. Os que ainda não foram ordenados estão a um passo de seu grande dia. O portal da CNBB conversou com três novos membros. Apesar de serem de realidades distintas, enfrentam o mesmo desafio.
Confira os depoimentos na íntegra:
Dom Mário Spaki – Nomeado bispo de Paranavaí (PR) em 25 de abril de 2018. Sua ordenação aconteceu no dia 08 de julho de 2018.
“Eu fui chamado pelo papa Francisco para ser bispo diocesano de Paranavaí, no próprio estado do Paraná onde eu estava trabalhando nos últimos sete anos como secretário-executivo do regional Sul 2 da CNBB. Para mim foi uma grande alegria! Sinceramente foi uma surpresa, eu não estava esperando esse chamado e me coloquei nas mãos da Igreja com disponibilidade porque sei que quando a Igreja pede alguma coisa para nós ela antes fez uma pesquisa, averiguou se é o caso ou não para pedir, então vindo do papa Francisco eu me joguei, eu me lancei nesta nova missão que já assumi na diocese de Paranavaí no dia 08 de julho com a posse canônica, portanto, já está completando um mês de presença lá na diocese de Paranavaí.
Antes dos desafios eu quero dizer das alegrias, porque já no dia da posse eu me senti super acolhido pela comunidade católica, vieram mais de 4 mil pessoas no dia da posse, um calor humano muito grande, o povo muito junto com o bispo. No primeiro momento eu me senti muito acolhido e, claro que, já estando na diocese eu já fui percebendo os desafios e olha que lá é uma diocese relativamente pequena, então os desafios também são menores: como evangelizar? como chegar até as famílias? como chegar até as pessoas pelos meios de comunicação? como alcançar a juventude?
Então, nós vamos fazer ponto por ponto, mas nós vamos dar uma resposta não individualmente, mas vamos montando comissões que vão dialogando, que vão aprofundando, e assim, a gente vai numa forma sinodal, de comunhão encontrando as respostas. Eu disse para os padres já desde o primeiro momento que nós vamos caminhar juntos e, se por acaso, nós lá na frente descobrirmos que erramos o percurso nós voltamos, porque nós fomos juntos e então nós devemos voltar juntos para tomarmos outra direção”.
Dom Julio César Souza de Jesus– Nomeado bispo auxiliar de Fortaleza no dia 11 de julho. Sua ordenação episcopal está marcada para o dia 30 de setembro, na Catedral de Nossa Senhora das Dores, em Teresina (PI).
“Acolhi o chamado com humildade e amor, humildade porque fui nomeado não por ser o mais inteligente, o mais santo, o mais sadio da diocese, apenas pela graça de Deus. Deus conhece os meus limites, eu conheço os meus limites, mas eu aceito a graça de Deus, até porque antes de ser nomeado eu dava aula de sacramento da ordem em um seminário e tratando sobre o ministério da ordem nos três graus tanto no diaconato, no presbiterato e no episcopado eu falava sobre a resposta positiva que nós sempre devemos dar a Deus e, por isso, eu respondo com amor, com gratidão, com generosidade este chamado, com humildade, mas também com uma certa angústia porque eu confio na graça de Deus, talvez angústia pelas limitações que eu tenho, mas eu confio na graça de Deus e sei que ele não vai me abandonar.
Expectativas eu não tenho nenhuma, eu tenho esperanças, porque eu penso que a expectativa é algo passageiro, enquanto que a esperança não, a esperança não nos decepciona e nós devemos sempre ter esperança e sempre estar com a esperança viva. Eu tenho esperança de ser acolhido, tenho esperança em Deus de fazer um bom trabalho, tenho esperança no povo de Deus, na Igreja de Fortaleza”.
Dom Vitor Agnaldo – Nomeado bispo da diocese de Propriá (SE) em 25 de outubro. Tomou posse em 3 de fevereiro de 2018.
“Para mim foi uma surpresa essa questão da nomeação pelo episcopado, a gente nunca espera e de repente recebe o telefonema. Não tinha ideia de que a minha vida fosse mudar tanto, porque eu sempre fui pároco, trabalhei com pessoas nas pastorais e de repente mudei totalmente, saí de uma paróquia e fui para uma diocese e aí mudou muita coisa, principalmente a questão das relações humanas. Claro, o bispo continua se relacionando com muita gente, mas não é a mesma coisa que numa paróquia, então isso para mim foi o primeiro susto, mas uma vez na diocese a gente tem que enfrentar, principalmente à luz da fé, porque os desafios são muitos.
Eu graças a Deus fui enviado para uma diocese boa, simples, de pessoas simples, um clero simples, não encontrei grandes dificuldades até o momento. O desafio maior hoje é você dar um rosto à diocese de Propriá, principalmente no que se refere à pastoral de conjunto, à sinodalidade, isto é um pouco difícil até porque a sociedade é líquida, as relações são líquidas, mas eu estou com muita esperança, estou feliz, estou contente, acho que apesar das nossas limitações, contamos com a graça de Deus e acho que vai dar certo!
Meu lema episcopal é “Dilatar o coração para o serviço”. É aquela ideia de que o pastor, o bispo ele tem que dilatar o coração para amar, para acolher, para servir, tem que sempre estar com aquele coração de pai e mãe que sempre acolhe a todos”.
Fonte: CNBB