A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém impressionou vivamente alguns gentios que tinham vindo participar da festa judaica da Páscoa. Desejaram ver Jesus de perto e disseram a Felipe: ”Nós queremos ver Jesus” (Jo 12, 20-33). Com esse apóstolo podiam falar em grego. Felipe expõe o caso a André e ambos levam a mensagem até Jesus. Surpreendente, até mesmo estranha, a resposta que recebem, pois Cristo lhes não lhes responde diretamente. Afirma: “Chegou a hora na qual o Filho do Homem deve ser glorificado”. Tal, porém, aconteceria através da paixão e morte de cruz, dado que seria deste modo que Ele seria exaltado. Donde a curta parábola do grão de trigo. Esse aparentemente morre quando sepultado na terra, para ressurgir e dar muito fruto. Os sofrimentos de Jesus durante sua Paixão e Morte gerariam vida fecunda e abundante. A presença daqueles gentios era sinal de que Ele se imolaria também por outras ovelhas que se juntariam às de seu rebanho. Os efeitos de sua imolação atingiriam homens e mulheres de todos os países, línguas e nações. Jesus proclama diante dos Judeus e dos Gregos que sua paixão seria glorificante. Ele passaria deste mundo ao Pai “para reunir na unidade os filhos de Deus dispersos” (Jo 11,52). Ele seria morto e sepultado, mas ressuscitaria para oferecer o fruto da universal salvação. Ao desejarem ver Jesus os gentios o homenageavam e provocavam todas essas explanações feitas por Ele naquela ocasião. Sempre que alguém no íntimo de seu coração realmente deseja ver Jesus coisas surpreendentes se dão em seu derredor. Jesus, o grão de trigo lançado na terra, continha em si um germe de vida eterna e era com Ele que os gregos desejavam conversar pessoalmente. Note-se que primeiro interpelam a Felipe que se torna um instrumento de evangelização. Ele e André eram discípulos do Mestre e podiam levar outros até Ele como ocorreu com aqueles gregos iniciados no judaísmo. Eis aí a grande tarefa dos seguidores de Cristo. Pelas suas obras demonstram fé no divino Redentor e se tornam pontes para que muitos outros cheguem perto de Jesus. Esse conta com cada batizado para que os que estão fora de seu redil entrem no mesmo e se salvem. Então Jesus será honrado, acolhido, escolhido, seguido e através dele outros também repetirão: “Queremos ver Jesus”. De fato. o modo de ser do cristão atrai e arrasta para o bem os que estão longe do Mestre divino. Outros podem, desta maneira, contemplar a glória que Ele possui antes de todos os séculos. Antes os que estavam envoltos nas trevas do erro e das paixões deparam com a luz verdadeira. Inúmeros são assim os que passam a partilhar a plenitude da felicidade que só o divino Redentor pode oferecer. Ele transmite a verdade e transforma cada um em sua imagem. Ele o único que tem condições de reconfortar em todas as aflições humanas. De fato, como é bom ver Jesus e seguir os seus passos nos caminhos da justiça. Com a graça divina resulta a perseverança que leva a irradiar a bondade do Senhor, sendo cada um fiel em servir a Cristo. Esse ilumina o espírito humano com o fulgor que vem do alto. Assim, a língua, o coração, todo o ser, toda a energia se inflamam do amor pelos outros, pois todos são criaturas amadas por Deus. As exigências do Evangelho se tornam um patrimônio espiritual de valor inestimável e se transformam numa recompensa nesta e na outra vida. Quem, de fato, viu Jesus não se deixa enganar pela gabolice do modo de falar dos jactanciosos e perversos, pelas ilusões patrocinadas pelos meios de comunicação social, porque contemplou Jesus e dele não mais quer se apartar. O poder de Cristo ultrapassa sempre as forças humanas e o cristão opera maravilhas para o reino de Deus. Muitos quererão, graças ao testemunho de vida, ver Jesus. Entretanto, para levar os outros a Jesus, é preciso que, antes, cada um saiba ser outro Cristo para que possa atrair todos ao divino Redentor. Para isso é preciso viver com humildade. Jesus ensinou: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”. Cumpre partilhar com os outros o muito ou o pouco que se recebeu de Deus. Estar a serviço do próximo, pois Jesus foi claro: “O que fizerdes ao menor de vossos irmãos foi a mim que o fizestes”. Portanto, cumpre vê-lo naquele com o qual nos encontramos a cada instante. Para isto é necessário dulcificar o coração de pedra pelo amor do Deus que é bondade e ternura. É necessário ainda guiar os cegos espirituais os afastando das trevas. Aliviar os fardos dos outros, pois é a Jesus que se está ajudando. Visitar os enfermos, levando-lhes uma palavra de conforto é neles mirar o próprio Cristo. Olhar também Jesus crucificado e percebê-lo dentro de si mesmo no momento de uma prece ardente ou de uma fervorosa comunhão. É o maravilhoso poder da fé que leva assim a ver Jesus na oração, na Eucaristia, no próximo e onde quer que se esteja.