A Solenidade do seráfico profeta e patriarca da paz São Francisco de Assis é fascinante e move os corações humanos, renova a vocação humana e cristã do cuidado da criação e sobretudo da escuta da Palavra de Deus, da vivência do Evangelho acolhendo-a como forma de vida, projeto e norma que orienta, move e renova o agir Humano e Cristão. Assim foi a vida e o testemunho de São Francisco de Assis. Ele durante toda sua vida foi um arauto do grande Rei, um apóstolo da perfeição evangélica, soube abraçar concretamente o Evangelho de Jesus Cristo para toda a vida, aos seus frades deixou como Testamento vivo, seu carisma evangélico, a dizia-lhes “Irmãos a forma e a vida de nossa fraternidade é viver em obediência sem nada de próprio e em pureza de espírito o Evangelho”, e isso constitui sua espiritualidade e seu carisma na Igreja.
Fazer memória de São Francisco de Assis é algo que impulsiona os cristãos e ao mesmo tempo que ultrapassa os muros da própria Igreja, é uma alegria que transcende e ressoa em nós um forte sentimento de esperança. Temos em São Francisco o homem apaixonado pela vida, irmão de toda a criatura, o menor entre os menores e companheiro dos excluídos, o peregrino e forasteiro, cantor da alegria e do sofrimento. Recordamos do Francisco de Clara, de Antônio e de cada um de nós. Porém, esse sentimento não pode reduzir-se a um simples recordar, nostálgico, mas tornar-se realidade, atitudes concretas em nossa vida humana e cristã.
A vocação de Francisco de Assis assenta essencialmente em dois pontos: o ideal evangélico que propôs e o Amor ao próximo, ele desejava ser como Cristo, que viveu pobre toda sua vida, ele também soube reconhecer o verdadeiro sentido da vida através da fraternidade, dos irmãos que o Senhor lhe dera. No seu testamento ele expressa tão bem este sentimento fraterno quando diz: “E depois que o Senhor me deu irmãos ninguém me mostrou o que eu deveria fazer, mas o Altíssimo mesmo me revelou que eu devia viver segundo a forma do Santo Evangelho”. Isso nos mostra como é importante viver em fraternidade e em comunhão com todos os homens e mulheres de boa vontade, são os irmãos que o Senhor nos concede pelo caminho da vida. Viver o Evangelho em pobreza; não desejar ter além do necessário para uma vida digna.
O sinal mais eloquente da vivência franciscana do Evangelho é a vida de pobreza, onde, em solidariedade com os excluídos e descartados de nossa sociedade, buscam viver o despojamento da vida a fim de que os bens sejam partilhados com todos e acima de tudo o pão seja um dom que se reparte com todos os irmãos na construção de um mundo mais humano e fraterno este mundo sonhado por Deus e por são Francisco de Assis.
Viver o Evangelho em fraternidade; sentir-se irmãos de toda criatura. Sonharmos com a fraternidade universal como Francisco de Assis é poder reconhecer em cada pessoa a imagem do Criador, não desprezando ninguém. Sermos sinais de misericórdia e acolhida, apoio e conforto nas dificuldades, solidariedade e compaixão nos sofrimentos. Estabelecermos relações firmadas nas pessoas e em sua dignidade, não em seus bens ou posições sociais. Assim olhando para São Francisco neste dia de sua solenidade renovamos o desejo de construirmos relações fraternas firmadas na verdade e no respeito ao outro, com autenticidade e respeito às diferenças.
Viver o Evangelho em comunhão com toda a natureza; em tempos de acelerada destruição e violação dos direitos da natureza, somos convocados à missão de defesa e cuidado com toda forma de vida. Viver o Evangelho em espírito de oração; sermos pessoas orantes, e contemplativos de mistério da encarnação de Deus no olhar puro que se estende a “tudo e a todos” como criaturas amadas no coração do Criador, em constante busca do Senhor, manter um diálogo aberto com o Pai, em momentos de oração pessoal e comunitária; buscarmos lugar de deserto e de silêncio; cultivarmos a leitura da Bíblica como prática cotidiana, pois Jamais poderemos entender o fascínio de Francisco sem a Palavra, a palavra encarnou-se em sua vida, e foi a inspiração do projeto novo que ele acolheu, por isso foi também um homem novo na sua intimidade com o Pai; autêntico praticante do Evangelho.
Viver o Evangelho: simplesmente viver – somos desafiados a sermos como Francisco em nosso tempo na História que vamos construindo juntos como Fraternidade na certeza que com Deus somos muito mais, se dermos as mãos e formarmos a grande fraternidade sonhada e vivenciada por Francisco de Assis e que ainda Hoje é Possível. A razão do viver e agir de São Francisco de Assis é Jesus Cristo, o Cristo que lhe falara através do Crucifixo da igrejinha de São Damião, era o chamado a reconstruir a igreja de Deus presente na história, é este Cristo que lhe alarga os horizontes, rompe o tempo e o lugar, faz brotar desejos de eternidade ELE é o eixo à volta do qual tudo em Francisco gira, é a referência constante para agir, pensar e viver. É o modelo supremo a imitar. Tanto assim que foi chamado de “o outro Cristo”, tanto mais ele mesmo quanto mais próximo de Cristo.
É nesta perspectiva belíssima que celebramos, neste dia 04 de outubro, a feliz solenidade do arauto do grande Rei, do Homem do milênio, simplesmente Francisco de Assis e de toda humanidade, o patrono da Ecologia, Padroeiro Principal da Itália, O irmão das criaturas, incansável servo dos pobres.