Temos a graça de celebrar a Solenidade da Ascensão do Senhor. A Igreja convida-nos a ter os olhos postos no Céu, a Pátria definitiva a que o Senhor nos chama. No Credo, encontramos a afirmação de que Jesus “subiu aos céus e está sentado à direita do Pai”. A vida terrena de Jesus culmina no evento da Ascensão, quando Ele passa deste mundo ao Pai, e é elevado à sua direita. Qual é o significado desse acontecimento? Quais são as consequências para a nossa vida? O que significa contemplar Jesus sentado à direita do Pai?
Enquanto “ascende” à Cidade santa, onde se cumprirá o seu “êxodo” desta vida, Jesus vê já a meta, o Céu, mas sabe bem que o caminho que o leva de volta à glória do Pai passa pela Cruz, pela obediência ao desígnio divino de amor pela humanidade. O Catecismo da Igreja Católica afirma que “a elevação sobre a cruz significa e anuncia a elevação da ascensão ao céu” (n. 661). Também nós devemos ter claro, na nossa vida cristã, que o entrar na glória de Deus exige a fidelidade cotidiana à Sua vontade, mesmo quando requer sacrifício, requer às vezes mudar os nossos programas. A Ascensão de Jesus acontece concretamente no Monte das Oliveiras, próximo ao lugar onde havia se retirado em oração, antes da paixão, para permanecer em profunda união com o Pai. Mais uma vez vemos que a oração nos dá a graça de vivermos fiéis ao projeto de Deus.
A elevação de Jesus na Cruz significa e anuncia a elevação da Ascensão ao céu. Jesus Cristo, o único Sacerdote da nova e eterna Aliança, não “entrou em um santuário feito por mão de homem… e sim no próprio céu, a fim de comparecer agora diante da face de Deus a nosso favor” (Hb 9,24). No céu, Cristo exerce em caráter permanente seu sacerdócio, “por isso é capaz de salvar totalmente aqueles que, por meio Dele, se aproximam de Deus, visto que Ele vive eternamente para interceder por eles” (Hb 7,25). Como “sumo sacerdote dos bens vindouros” (Hb 9,11), Ele é o centro e o ator principal da liturgia que honra o Pai nos Céus. (Cf. Cat. §662)
A Igreja ensina que “Jesus, rei da glória, subiu ante os anjos maravilhados ao mais alto dos Céus, e tornou-se o mediador entre Deus e a humanidade redimida, juiz do mundo e Senhor do universo. Ele, nossa Cabeça e princípio, subiu aos Céus não para afastar-se de nossa humildade, mas para dar-nos a certeza de que nos conduzirá à glória da imortalidade… Ele, após a ressurreição, apareceu aos discípulos e, à vista deles, subiu aos Céus, a fim de nos tornar participantes da sua divindade”. (Prefácio da Ascensão I, II).
Em vista da Ascensão de Jesus aos Céus, São Paulo nos exorta: “Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e não às da Terra. Porque estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus… Mortificai, pois, os vossos membros no que têm de terreno: a devassidão, a impureza, as paixões, os maus desejos, a cobiça, que é uma idolatria” (Col 3, 1-3). O cristão vive neste mundo sem ser do mundo, caminha entre as coisas que passa abraçando somente as que não passa.
Na Solenidade da Ascensão do Senhor a Igreja reza: “Ó Deus todo poderoso, a Ascensão do vosso Filho já é nossa vitória. Fazei-nos exultar de alegria e fervorosa ação de graças, pois, membros do Seu corpo, somos chamados na esperança a participar da Sua glória”. Assim, a Ascensão de Jesus é uma preparação e antecipação da glorificação também de cada cristão que O segue fielmente. Significa que o cristão deve viver com os pés na Terra, mas com o coração nos Céus, a nossa pátria definitiva e verdadeira, como São Paulo lembrou os filipenses: “nós somos cidadãos do Céu”. (Fl 3, 30)
O Senhor, ao subir aos Céus, nos mostra qual caminho ou qual é nossa meta final – que é o Céu. Peçamos a graça ao Senhor para que, ao celebrar sua Ascensão, tenhamos mais sede de fazer a vontade de Deus e de buscar o Reino dos Céus. Que a Virgem Santíssima nos ilumine para que sempre cumpramos bem a nossa missão.