A vitória da misericórdia de Deus

    No domingo da misericórdia o Evangelho registra o que Jesus disse a São Tomé: “Bem-aventurados os que não viram e creram” (Jo 20,19-31).  Há um liame profundo entre a comiseração divina e a fé. Tanto isto é verdade que ao aparecer aos apóstolos reunidos esta foi a saudação de Cristo: “A paz esteja convosco”. Este dom do Mestre divino flui exatamente de sua grande compaixão. Esta oferece a todos que nele creem e se arrependem de seus pecados a plenitude da graça santificante, o que é ratificado no sacramento da penitência então por Ele instituído. Ele afirmou claramente aos Apóstolos: “Do mesmo modo como o Pai me enviou eu vos envio. Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles estarão perdoados”. Naquela oportunidade Tomé estava ausente e diante do testemunho dos outros apóstolos ele duvidou. Eles haviam visto o Senhor Ressuscitado à luz do Espírito Santo. Contemplaram não apenas Cristo vivo, mas perceberam o verdadeiro sentido da ressurreição do Mestre divino, ou seja, o triunfo da misericórdia de um Deus sumamente bondoso. Quando Jesus torna a aparecer aos Apóstolos, Tomé que faz diante de suas chagas gloriosas um sublime ato de fé: ”Meu Senhor e meu Deus”! Jesus, porém, não passou recibo na incredulidade anterior e diz a Tomé: “Bem-aventurados os que não viram e creram”. Apenas os que creem na clemência do Senhor triunfam do pecado. Eis porque Santa Faustina Kowalska, a quem Jesus mostrou seu desejo da instituição do Domingo da Misericórdia, deixou escrito: ”A humanidade não terá paz senão quando ela se lançar com confiança na Divina Misericórdia”. É que esta triunfa das misérias humanas e de toda morte. São João Paulo II na encíclica Dives in misericórdia mostrou o desdobramento do significado da clemência divina: “Cristo nos ensinou que o homem não somente recebe e experimenta a misericórdia de Deus, mas também que ele está chamado a “fazer misericórdia” aos outros: ”Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles obterão misericórdia” (Mt 5,7). Aos Apóstolos que O haviam abandonado e não estiveram no Calvário Jesus lhes mostrou suas chagas, sinais de seu imenso amor. Ele os perdoou a todos e deixou um exemplo para seus seguidores que devem também perdoar os outros e serem profetas da clemência divina. O coração de Jesus era um coração ferido, mas que se abria à comiseração. É isto que Ele deseja de cada um de seus discípulos. Receber, portanto, a misericórdia de Deus é se tornar portador da mesma para os outros. Jesus era bem maior do que todas as feridas que recebera na Cruz, porque Ele sempre soube amar. Não basta apenas buscar a indulgência de Deus, mas é preciso levar os outros a encontrá-la no Sacramento da Confissão. Isto é reaprender a viver o amor misericordioso do Senhor. Diante da culpabilidade muitos são os que têm necessidade de conhecer o perdão divino. São aqueles que se deixam aprisionar na sua descrença. Ficam presos nas suas feridas, nos seus defeitos. Cumpre levar a eles a força do Espírito Santo, anunciando as maravilhas da ternura de Deus. Trata-se de um apostolado urgente e necessário. A misericórdia e o poder de Deus não têm limites e são inesgotáveis. Deve-se firmar isto por toda parte e levar a muitos a dizer sinceramente: “Senhor, eu confio em Vós”. Ser canais conscientes da torrente da comiseração divina é uma honra e uma glória para o verdadeiro seguidor de Cristo. Jesus deseja derramar torrentes de graças, mas nem todos os cristãos se dispõem espiritualmente para receber os caudais dos dons divinos. Há corações que precisam ser tocados pelas palavras e exemplos dos que depositam total confiança no divino Redentor. Foi o que Ele disse a Santa Faustina: “Que ninguém ao se aproximar de ti. não te deixes sem esta confiança em minha misericórdia que eu almejo tanto para as almas. Reza tanto quanto podes pelos agonizantes e que eles obtenham confiança na minha clemência”. Advertiu ainda Cristo a sua vidente: “Saiba que a graça da salvação eterna para certas almas depende da tua prece. Tu conheces todo o abismo de minha misericórdia e especialmente para com  os pobres pecadores”. Convencido de tudo isto o coração contrito do verdadeiro cristão usufrui da imensidão da bondade de Jesus e difunde estas sublimes mensagens onde quer que esteja.

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