Jesus ressuscitou e está no meio de nós!

    A História da Salvação nos mostra como Deus vem ao nosso encontro e, fazendo aliança conosco, nos conduz por uma nova vida. A Sagrada Escritura nos mostra como Abraão respondeu ao chamado de Deus, por um duro processo de conversão. Deus passa por sua vida e ele realiza uma passagem para Deus, tornando-se fonte de bênção para todas as famílias da terra. Mais tarde, Deus chama um povo, quando são feitas as mesmas exigências de conversão e as mesmas promessas de bênçãos, o povo de Israel, narradas no Livro de Êxodo. 
    No Antigo Testamento, temos um fato, um evento na história de um povo: a páscoa. Páscoa significa passagem. Passagem de Deus pelo Seu povo, passagem do anjo exterminador dos primogênitos dos inimigos, fazendo com que o faraó deixasse partir o povo. Páscoa é também passagem do povo: da escravidão para a liberdade, da terra da opressão do Egito para a terra prometida, onde correm leite e mel, o novo paraíso. É a passagem pelo Mar Vermelho a pé enxuto, conduzido pela mão de Deus. Realiza-se a páscoa da libertação e a páscoa da Aliança aos pés do Monte Sinai, onde este povo se torna um povo escolhido, um povo sacerdotal, real e profético.
    O Novo Testamento mostra que Jesus, na sua vida pública, anuncia o Reino de Deus. Este anúncio é feito por primeiro aos filhos de Israel, mas que terá proporções universais, destinado a acolher os homens de todos os povos e nações. Este Reino é sinal da paternidade divina que não abandona seus filhos. No Reino de Deus a lei suprema e absoluta é amar e servir a Deus e, por seu amor e serviço, amar e servir ao próximo, superando a lei antiga e levando-a, assim, à perfeição e verdadeiro cumprimento. Os milagres de Jesus são sinais de que o Reino de Deus já chegou e para expressar a realidade do Reino de Deus, Jesus utiliza-se de parábolas, que são traços característicos do Seu ensinamento. As parábolas refletem a realidade da presença de Jesus e do Reino no mundo.
    Incompreendido na Sua missão, Jesus é condenado à morte e, até então estava rodeado de seguidores, mas, por ocasião da condenação, é abandonado. Ao terceiro dia, Jesus, o Cristo, ressuscita. Gerado na morte, Jesus permanece lá onde fora eternamente gerado: a vida filial e a morte formam um único mistério pascal.
    Ressuscitado, Jesus deixa o túmulo, e demonstra que venceu a morte. Ele guarda as marcas da Paixão, onde Tomé pôde colocar a sua mão. A Cruz é o trono da glória eterna. A unidade da morte e da ressurreição é realizada no Espírito Santo. Jesus se oferece em um “espírito eterno” (cf. Hb 9,14), Ele se abre filialmente ao Pai em um “Espírito de filiação” (cf. Rm 8,15). O Pai ressuscita Jesus no Espírito Santo, que é o seu poder paterno. No Espírito, o Pai o gera, no Espírito, o Filho deixa-se gerar.
    A iniciativa da ressurreição compete a Deus Pai (cf. Rm 6,4; 8,11; 10,9; 2Cor 4,14; Ef 1, 20, etc.). Assim, a ressurreição deve ser interpretada em termos de geração. De fato, neste momento Jesus adquire a condição de Filho de Deus em sua potência (cf. Rm 1,3-4). Somente sob a luz da geração para a vida divina na ressurreição no Novo Testamento, e a partir dele a Tradição da Igreja, pôde falar da existência do Filho desde o princípio no seio do Pai que o gerou eternamente (cf. Jo 1,1-18; 8,58; 17, 5.24; Rm 8,3; Fl 2,6; Gl 4,4; Ef 1,3ss; Hb 1,2; etc.). Também o Espírito Santo intervém na ressurreição de Jesus da qual o Pai teve a iniciativa. O texto mais claro é Rm 1,4 (também cf. Rm 8,11). O Espírito é criador que dá a vida. Há uma clara relação entre a divinização da humanidade de Cristo e a efusão do Espírito que desce sobre Ele no Jordão e tem agora sua plenitude.
    A grande iniciativa pascal de Deus, através da qual todos os homens poderiam inserir-se novamente em sua vocação integral, é a encarnação do Verbo de Deus, o homem perfeito, o novo Adão. Jesus Cristo, Deus feito homem, realizou plenamente a vocação do homem. Ele se manifestou como rei da criação, como aquele que não está sujeito, mas é o Sujeito, mas é o Senhor da natureza. Ele vence o pecado da morte, ressuscitando dos mortos e recebe do Pai o dom da vida, tornando-se o Kyrios, o Senhor.
    Portanto, em Jesus Cristo, realizou-se de modo perfeito a comunhão entre Deus e o homem. Em Cristo, Deus e o homem se tornaram um só. A natureza divina e a humana em Jesus Cristo são uma só pessoa. Assim, o mistério de Deus, o plano de realizar a união de vida e de amor com o homem, enquanto se realiza em Jesus Cristo, chama-se mistério de Cristo. Em Jesus Cristo se dá a verdadeira Páscoa, a verdadeira passagem do homem para a esfera de Deus. Nele, toda a humanidade estava presente e foi reconciliada. Por meio dele, apesar do pecado, o homem poderá realizar novamente sua vocação integral de comunhão de vida e de amor com Deus.
    Ao celebrarmos a Páscoa, desejo fazer chegar a todos os homens e mulheres de boa vontade a novidade trazida por Jesus: Ele venceu a morte e está vivo verdadeiramente no meio de nós. Jesus traz a vida plena. Por isso, a alegria da Páscoa, que se estende como um grande dia luminoso por cinquenta dias, quer ser a expressão de nosso compromisso com a vida plena que Jesus nos dá, sendo construtores da paz num mundo violento e fragmentado. O triunfo de Cristo sobre a morte virá abalar, com a pedra do sepulcro, os corações e as mentes dos fiéis. Por isso, a Páscoa nos inunda do mesmo júbilo provado por Madalena, pelas mulheres piedosas, pelos Apóstolos e por aqueles aos quais o Ressuscitado Se manifestou no dia de Páscoa. Assim sendo, é atual a exortação do Santo Bispo Atanásio, “sigamos também nós o Senhor, isto é, imitemo-l’O, e assim encontraremos o modo de celebrar a festa não só exteriormente, mas da maneira mais efetiva, a saber, não só com as palavras, mas também com as obras”. (Cartas pascais, Carta 14, 2).
    Feliz Páscoa, e que o júbilo da Ressurreição nos tornem homens e mulheres tocados pela graça divina. Aleluia, feliz Páscoa!

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