Juba (Agência Fides) – “Se esta oração for autêntica, muitas coisas devem acontecer no país: paz, justiça, amor, diálogo sincero e unidade deveriam surgir após a oração”: foi o que afirmou Dom Paulino Lokudu Loro, Arcebispo de Juba, durante a oração nacional pela paz no Sudão do Sul, convocada pelo Presidente Salva Kiir, realizada ontem, 10 de março, em várias áreas do país. “Bom governo, segurança, bem-estar econômico, podemos esperar que isto tudo aconteça depois da oração, se for correta”, insistiu Dom Lokudu Loro. Em seguida, dirigindo-se ao Chefe de Estado, o Arcebispo de Juba disse: “Senhor Presidente, vá à sua sala e reze pela paz”, advertindo-o que se desrespeitasse a oração, o país continuaria ferido por torturas, corrupção, prisões arbitrárias e tribalismo. Como gesto de reconciliação, o Presidente Kiir decretou a libertação do ex-governador do Estado de Wau, Elias Waya, e de seu Vice, Andrea Dominic, acusados de traição. Participaram da oração nacional realizada em Juba milhares de pessoas e vários líderes religiosos, cristãos e muçulmanos. Manifestações análogas se realizaram em outras localidades, em várias áreas do país.
Pelo menos um expoente da Igreja expressou fortes perplexidades sobre a iniciativa do Presidente (veja Fides 6/3/2017), mas os Bispos católicos colheram a ocasião para chamar às suas responsabilidades os líderes políticos, e de modo especial, o Chefe de Estado. Dom Erkolano Lodu Tombe, Bispo de Yei, exortou os dirigentes do país a abandonar a sede de poder e de riqueza para se colocarem a serviço dos cidadãos. Dom Barani Eduardo Hiiboro Kussala, Bispo de Tombura/Yambio, solicitou o Presidente Kiir a comportar-se como um pai da nação, que cuida de seus habitantes, permitindo a todos de participar do diálogo nacional.
A guerra civil que contrapõe o Presidente Kiir e o ex Vice-Presidente Riek Machar deixou o Sudão do Sul de joelhos. O Sudão do Sul é um dos países declarados pela ONU em ‘estado de emergência’ mais grave desde 1945’. Guerra e seca destruíram as plantações e colocaram a vida de milhões de sul-sudaneses em risco. Condições análogas são verificadas nos outros países inseridos na lista da ONU: Iêmen, Somália e Nordeste da Nigéria. Nestes 4 países, mais de 20 milhões de pessoas correm risco de morrer de fome, caso não se intervenha imediatamente.
Fonte: Agência Fides