Foi na montanha de Sinai que Deus se manifestou a Moisés e, por entre relâmpagos e trovões, promulgou os dez mandamentos, o decálogo, lei fundamental do pacto entre Deus e o povo (Gên. 20).. São preceitos de índole ética e religiosa que têm, assim, um valor universal. Mais tarde Jesus dirá ao jovem rico Se queres entrar na vida eterna, observa os mandamentos (Mt. 19,17). Estes foram, de fato, dados aos homens pelo próprio Deus. Um dia, quando terminar esta vida da terra, cada um será julgado segundo essa lei, de modo que a salvação ou a condenação eterna depende da fiel observância destes preceitos divinos. Davi que havia pecado, depois de se arrepender, assim se expressou: Bem-aventurados os homens cujo proceder é ilibado, os que procedem segundo a lei do Senhor. Bem-aventurados os que praticam as suas advertências e de todo o coração o buscam; os que não perpetram iniqüidade alguma, mas andam nos seus caminhos. Promulgastes, Senhor, os vossos preceitos para serem guardados à risca (Sl 119 1-3). Fora da lei divina não há felicidade verdadeira e, realmente, feliz os que trilham os caminhos traçados pela sabedoria do Criador. Se alguém, porém, inflige gravemente algum destes dez mandamentos e se arrepende, o Ser Supremo, misericordioso que é, perdoa: Um coração contrito e humilhado Deus não despreza (Sl 50,19). Neste arrependimento deve estar inclusive incluído a disposição de evitar as ocasiões de pecado. Com efeito, diz a Bíblia: Quem ama o perigo nele perecerá (Ecl 3,27). O decálogo é o roteiro seguro para se chegar ao céu e, por isto, todo cuidado é pouco para que se evite transgredi-lo. Assim sendo, é de vital importância compreender o valor e a absoluta necessidade de conhecer e de praticar os mandamentos divinos, implorando continuamente a força da graça sem a qual ninguém pode praticar o bem e evitar o mal. O Criador imprimiu no coração do homem o conhecimento do bem e do mal e as obrigações contidas nos mandamentos. Para conhecer essas obrigações basta interrogar a própria consciência. Eis porque, antes e depois de sua promulgação, a observância dos dez mandamentos de Deus foi sempre obrigatória para todos os homens e é o único caminho seguro para se chegar à Jerusalém do alto. O ser racional, porém, esquece-se facilmente do dever e se deixa seduzir pela ilusão das paixões. Deus, contudo, não abandona a criatura, mesmo quando ela se torna culpada e digna de condenação. A misericórdia divina é incomensurável. Para ajudar ainda mais o homem, Deus não apenas insculpiu no íntimo do coração sua vontade santíssima, mas ainda mais quis promulgar de um modo solene os seus mandamentos que devem ser praticados para alcançar a salvação eterna. Deus gravou esses mandamentos sobre a pedra e encarregou a Moisés, o legislador do povo hebreu, de comunicá-los aos homens. Nada mais justo, mais verdadeiro e mais sábio do que esses preceitos, pois a lei natural está toda aí contida e eles respondem aos desejos mais legítimos dos corações e às luzes mais puras das inteligências e das consciências. Cumpre, portanto, amar a Deus sobre todas as coisas, não tomar seu santo o nome em vão, guardar domingos e festas de guarda., honrar pai e mãe, não matar, não pecar contra a castidade, não furtar, não levantar falso testemunho, não desejar a mulher do próximo, não cobiçar as coisas alheias. Os três primeiros mandamentos dizem respeito, precipuamente, à honra de Deus e os sete últimos ao proveito do próximo Todos eles resumen-se no duplo preceito da caridade, ou seja amor de Deus e amor do próximo, como explicou Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas (Mt 22,37-40). Se todas as precrições divinas fossem sempre observadas o ser humano seria inteiramente feliz e reinaria paz e prosperidade na sociedade humana.
* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.