Educar para a paz: um esforço e uma escolha

No dia 15 de novembro, Paris, a casa-mundo da UNESCO, reuniu 500 pessoas que juntas esboçaram as bases de uma nova cultura da paz, na qual, Chiara Lubich permanece como uma fonte de inspiração.

«Os jovens de hoje aspiram ser cidadãos do mundo, todos nós aspiramos um mundo unido». No final do dia, esta declaração de Arroj Javed, jovem paquistanês estudante de Relações Internacionais, resumia o Cabo da Boa Esperança fixado para a New Humanity (Organização não governamental representante do Movimento dos Focolares, junto as Nações Unidas). Este aniversário dos 20 anos de entrega do prêmio da educação para a paz conferido a Chiara Lubich não foi, de modo algum, um encontro nostálgico. As recentes eleições americanas, os dramas dos refugiados, as ameaças climáticas, o aumento das desigualdades, os mercados dominados pela ganância…; a atualidade lembrada pelos diversos intervenientes justificava completamente o título escolhido para o encontro: “Reinventar a paz”. O que quer dizer que, a partir da espiritualidade comunitária do Focolares, é possível “encontrar respostas novas” para “o rosto duro e angustiante de novas situações de guerra” – assim se exprimiu Jesús Morán, copresidente do Movimento dos Focolares. Muitas outras palavras-farol iluminaram as múltiplas reflexões: laboratórios interculturais, fraternidade universal, solidariedade inter-religiosa, arte da coabitação e, sobretudo, educação para o diálogo e a paz.

«Nós temos que dialogar como se fôssemos uma orquestra, onde cada instrumento tem que tocar de modo a criar uma harmonia, uma sinfonia» – disse de maneira poética Mons Francesco Follo, observador permanente da Santa Sé, junto à UNESCO. A seguir, Enrico Letta, presidente do Instituto Jacques Delors e antigo presidente do Conselho de Ministros da Itália, deu o seguinte testemunho: «É preciso que o diálogo passe pela consciência de que todos nós somos ainda muito jovens nesta terra (…). Se seguirmos o frescor dos jovens, bem como a sua abertura mental, compreenderemos que a educação para o diálogo é a nossa missão fundamental».

A declaração final propôs, muito concretamente «oferecer aos Estados membros percursos de formação para o ensino da arte de viver-juntos».

O Papa Francisco – que enviou uma mensagem para abençoar os trabalhos da assembleia – falou recentemente de uma «terceira guerra mundial aos pedaços». Esta guerra «exige como resposta uma paz também ela construída por partes, feita de pequenos avanços, de gestos concretos, cada um de nós tem o seu papel, cada um tem a sua responsabilidade (…). A paz não é uma promessa, é antes um esforço e uma escolha (…). É um convite dirigido a todos os que aqui nos encontramos e a todos quantos nos seguem no mundo inteiro, a que nos armemos de paz…»

Ao longo do evento, diversos vídeos ilustraram pequenas concretizações de paz que permitem falar de esperança.

Várias experiências, provam até que ponto «a paz não é uma mera teoria nem um sonho, mas sim um modelo». Podem ser as mulheres, cristãs e muçulmanas, da associação Koz Kazak, do Cairo (Egito), que, tornando-se «como irmãs» umas para as outras, criaram 40 empresas de Economia de Comunhão na África; a presença de uma comunidade dos Focolares em Aleppo (Síria), que oferece um espaço de partilha para a população martirizada; ou a escola Santa Maria, no Recife (Brasil), onde se vive uma maravilhosa reciprocidade entre a escola e as famílias; são outras tantas pequenas pedras que estão à serviço da edificação da cultura da paz.

Por Chantal Joly (Paris) – Focolare.org – Adaptação Valesca Montenegro

 

Fonte: Jovens Conectados

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