A 116ª edição do Curso de Iniciação à Missão no Brasil, do Centro de Formação Intercultural (Cenfi), tem a participação de 17 missionários estrangeiros, vindos de 14 países: Timor Leste, China, Gana, Haiti, México, Filipinas, Honduras, Porto Rico, Tanzânia, Peru, República Centro Africana, Vietnã, Indonésia e Japão. O Curso é promovido pelo Centro Cultural Missionário (CCM), em Brasília (DF).
Durante o Curso os missionários têm aulas de língua portuguesa; estágio em casas de famílias e interação com a realidade local; introdução sobre a sociedade brasileira e a caminhada da Igreja no Brasil e uma vida em comum, que proporcione um intercâmbio entre os participantes, vindos de diferentes culturas e Igrejas.
Irmã Mireille Zita Hono Banga veio da República Centro Africana e está no Brasil há seis meses. A religiosa, que trabalha como missionária no Maranhão, no município de Bom Jesus das Selvas, participa do Curso, em Brasília, para melhorar a língua e saber mais sobre a cultura. “Tenho muita dificuldade para falar o português, me falta vocabulário, não sei conjugar os verbos direito. No meu país falamos francês e dialeto sango. Minha cabeça está uma confusão, ainda misturo tudo, francês, português e dialeto”, explica a religiosa, num sorriso aberto.
Na República Democrática do Congo, irmã Mireille atuava na formação novicial de jovens. “Vim para o Brasil aceitando o convite da minha congregação, Oblatas do Coração de Jesus, com muita alegria e com muito amor. Ser missionária é seguir os passos de Jesus, evangelizar em todo lugar que Deus me enviar”.
Joel Henrique Molina é de Honduras, chegou ao Brasil há um mês. “Estou em Manaus, na Amazônia. Fico esses três meses de Curso em Brasília e volto para lá. Estou aproveitando essa oportunidade. O Curso é muito bom, com ótima pedagogia. Acho que estou aprendendo, compreendendo melhor o português”.
O leigo hondurenho compara esta experiência com a ressurreição. “Emocionalmente é um morrer e ressuscitar. Você chega, não fala a língua local, não compreende, mas tem uma comunidade que te acolhe e tem paciência em te ajudar a compreender. Estou muito contente, muito agradecido às pessoas do Brasil, e principalmente, às pessoas de Manaus”.
A motivação de Joel para essa missão no Brasil é o encontro. “Minha vocação, minha vontade de vir ao Brasil surgiu do desejo do encontro. Por exemplo, meu encontro com os ribeirinhos é como o encontro dos Rios Negro e Solimões. Eles vão juntos e é assim que eu vejo minha missão. Eu e os brasileiros num encontro, caminhando juntos. Isso que me motivou a sair da minha zona de conforto, que tinha em meu país, e enfrentar as mudanças, de estilo de vida, de língua, de cultura. Eu acho que Jesus complementa o encontro e eu tenho muito a agradecer por isso”.
Joel fica em Manaus pelos próximos quatro anos. “A Sociedade das Missões Estrangeiras do Quebec, da qual faço parte, tem trabalho em Manaus com os ribeirinhos. Vou prestar serviço de animação por lá. Minha expectativa é o encontro com as pessoas, ser mais um entre tantos daquela comunidade. Quero contribuir para uma animação missionária dentro do Brasil”.
Durante o estudo da língua, os missionários têm contato com a história, a geografia, os costumes, a arte, as tradições culturais e a religiosidade popular do Brasil. Isso está ajudando irmã Sachiyo Kurosaki a compreender melhor o brasileiro, tão diferente do japonês.
Irmã Sachiyo adotou o nome de Maria no Brasil, desde que chegou, há um ano, vinda do Japão. A religiosa está em São Paulo e se dedica ao trabalho com crianças. “Vim para o Brasil pela congregação das Irmãs da Caridade de Jesus. A congregação precisava de irmãs no Brasil e eu também tinha esse desejo de vir pra cá. Poderia ir para o Peru ou Bolívia, mas vim para o Brasil e estou gostando”.
A religiosa relata que a maior dificuldade dela é a língua. “É muito difícil falar português. Comecei aprender no Japão e em São Paulo sempre estudei português, mas ainda tenho muita dificuldade. Neste Curso minha professora é muito boa, explica muito bem, estou conseguindo entender muita coisa”, explicou a religiosa, timidamente.
Esta edição do Curso de Iniciação à Missão no Brasil foi aberta no dia 11 de setembro e se estende até 9 de dezembro.
Fonte: POM