Homenagem póstuma à querida Irmã Adonai – FMM (Por Raimunda Gil Schaeken)

Ruth Politi ( irmã Adonai ) nasceu no dia 24/05/1917, na cidade de Smirna-Turquia. Pertencendo à Congregação das Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria, veio trabalhar no Amazonas, em 1962, com 45 anos de idade, iniciando seu trabalho na cidade de Tefé, onde dedicou 22 anos de sua vida à saúde e a pobreza do povo da cidade e do interior.

Fazia viagens nos barcos da Prelazia, distribuindo ranchos aos necessitados das Comunidades do interior. Nos primeiros anos de sua chegada, deu aulas de Biologia, Anatomia e Primeiros Socorros, no Ginásio Normal Santa Teresa.

Com a chegada dessa abnegada religiosa, Tefé tomou um grande impulso na Saúde e Trabalho Social.  Num dos prédios, pertencentes às Irmãs FMM, situado na Rua Getúlio Vargas, instalou um dispensário simples, mas com as condições de atender os muitos doentes que necessitavam de tratamento. E, em pouco tempo, foi arrumando camas e assim improvisou um mini-hospital. E quantas vidas foram salvas ali, e quem na cidade de Tefé não recebeu benefícios de Irmã Adonai?
Insistiu junto ao Bispo Dom Joaquim de Lange, de saudosa memória, a construção de um hospital que foi inaugurado em 1968, com o nome de Hospital São Miguel, por ter sido construído no lugar onde fora desde 8 de março de 1941, a Capela de São Miguel, na Ermida, na Rua Marechal Deodoro.

Com muito amor, carinho e dedicação administrou aquele hospital, durante muitos anos, que não apenas servia ao povo da cidade, mas também aos municípios vizinhos e, os bons serviços prestados eram incalculáveis.

Ir. Adonai, além dos seus trabalhos no Hospital, teve a preocupação de formar bons profissionais na área de saúde, começando com a formação de agentes rurais de saúde para trabalharem em suas comunidades. Esses agentes eram escolhidos pela própria Comunidade e treinados no Hospital São Miguel, pela Ir. Adonai e depois de treinados passavam a atuar na sua comunidade, de maneira voluntária.

Cuidou, também, das alternativas de vida dos mais carentes, sendo responsável pela Cáritas da Prelazia de Tefé, ainda com D. Joaquim de Lange. Atendia mensalmente inúmeras famílias com a cesta básica de alimentação.

Era enfermeira e, exercia também, a função de anestesista nas cirurgias de emergências, pois naquela época, Tefé não contava ainda com esses profissionais.

O Hospital São Miguel foi entregue à Secretaria de Saúde do Estado (SUSAM) e, nos primeiros anos, notou-se uma grande decadência, por causa da política que, muitas vezes, atrapalha um bom trabalho. Por isso, Ir. Adonai, em 1984, afastou-se da direção e veio trabalhar em Manaus, continuando o seu empenho pela promoção humana no CENTRO DE FORMAÇÃO VIDA ALEGRE, no bairro Vila da Prata.  Este Centro de Formação e Escola foram fundados por ela.
Com a idade avançada e problemas de saúde, viveu os últimos anos na Casa da Acolhida, em Taubaté (SP), mas nunca esqueceu os amigos de Tefé, que sempre visitavam, deixando-a muito feliz. Lá faleceu na tarde do dia 10 de agosto (2016), com 99 anos, deixando uma grande saudade e vazio na comunidade das irmãs FMM e entre os inúmeros amigos.

Nossa eterna saudade e reconhecimento por todo trabalho realizado com amor ao povo da cidade de Tefé.

O que acreditamos de Jesus, podemos dizer também das pessoas amadas que nos precedem na morte. Também, elas nos preparam um lugar junto de Deus. Quando morre um ente querido, leva para Deus tudo o que com ele partilhamos: as conversas, o amor, as experiências de nossa vida em comum. Com essas experiências leva um pedaço de nós para junto de Deus. Uma parte de nós já está, portanto, em Deus com a pessoa falecida. Quando morrermos, não iremos para um lugar totalmente estranho, mas para a morada que Cristo e as pessoas que nos precederam na morte nos prepararam. Lá fixaremos morada para sempre e estaremos em casa por toda a eternidade.

“O Senhor deu, o Senhor tirou, bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1,21).(Raimunda Gil Schaeken – Tefeense, professora aposentada, católica praticante, membro efetivo da Associação dos Escritores do Amazonas – ASSEAM e da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas –ALCEAR.)

 

Fonte: Correio da Amazônia (Correspondente Maura)

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