A redenção é a grande obra salvífica de Deus, que, em sua indescritível bondade, ternura e mistério de amor, fazendo-se homem, quis e quer eternizar a criatura humana, restaurando-a e reconciliando-a consigo. É dentro desse contexto que a Igreja comemora São Pedro e São Paulo, duas pessoas profundamente marcadas pela graça de Deus, que, para os seguidores de Jesus de Nazaré, no decorrer dos séculos, foram imprescindíveis, ao marcar e personificar a Igreja, de um modo ininterrupto, em toda a sua história. De imediato, compreenderam que o Reino de Deus, anunciado por seu Mestre e Senhor, tem características bem definidas e próprias: o serviço da justiça e a caridade para com os irmãos. A ilusão de um poder messiânico, de um Messias triunfalista, conquistador e guerreiro, que logo iria restaurar o poder temporal em Israel, com certeza, compreendida como fora de cogitações.
Olhamos, com carinho, para Pedro e Paulo, homens da Igreja iniciante, tendo por base o resto, a herança do povo de Israel. O martírio desses dois grandes apóstolos e amigos de Nosso Senhor Jesus Cristo se deu em Roma, mais ou menos pelo ano 67 da Era Cristã. Pedro foi crucificado de cabeça para baixo, julgando-se indigno de morrer de modo semelhante ao seu Mestre e Senhor. Já Paulo, que “combateu o bom combate, terminou sua corrida e guardou a fé” (2 Tm 4), foi preso e depois decapitado. Portanto, um morreu pela cruz e o outro pela espada, fecundando e tornando a Igreja fecunda e cheia de graças.
O apóstolo Pedro conviveu com o Mestre e fez parte do Colégio dos Apóstolos, testemunhando com os próprios olhos a vida, a morte e a ressurreição do Senhor Jesus, e confessando: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo!”, recebendo, da parte de Jesus, um grande elogio: “Feliz és tu, Simão, porque não foi a carne nem o sangue que te revelaram isso, mas o meu Pai que está nos céus” (Mt 16, 16-17). Pedro nos recorda a Igreja instituição com o poder de Deus que ele recebeu de ficar à frente da exigente e fascinante missão de continuar, com dignidade e responsabilidade, o trabalho de santificar, ensinar e governar o rebanho do Senhor.
Que os cristãos, agradecidos, não cessem de render graças ao bom Deus, pelo maravilhoso encontro do apóstolo Paulo com o Filho de Deus na estrada de Damasco, encontro este que mudou por completo a sua vida, a ponto de suportar tudo por causa do Reino, agradando e sendo sempre fiel ao seu Mestre e Senhor, vivendo o que anunciava, dizendo com humildade e coração aberto: “Pela graça de Deus, sou o que sou (…)”. Paulo nos lembra o anúncio do Evangelho, os carismas e a missão das comunidades que abraçam a fé. Anunciar a boa-nova do Senhor Jesus Cristo foi para ele uma exigência. Por isso mesmo esteve disposto a tudo, até perder a sua própria vida por causa do Evangelho. “Quanto a mim, estou a ponto de ser imolado e o instante da libertação se aproxima” (2 Tm 4, 6).
É dever solidário de cada cristão, diante da problemática do mundo hodierno, com dores e angústias de toda natureza, comungar sempre mais com a exigente missão, hoje confiada pelo bom Deus ao nosso querido Papa Francisco, a de participar das mesmas dores de Pedro e Paulo. Em resposta ao seu constante pedido, que a nossa oração suba aos céus na sua intenção, na luta por um mundo melhor para a humanidade, espalhada por toda a extensão da Terra.