O tempo de Pentecostes na Igreja Católica é marcado pelo significado do avivamento da humanidade através do Espírito Santo de Deus. Conforme prometera, Jesus ascendeu aos céus e nos deixou o Consolador, aquele que nos fortalece, nos cura, e também como o Espírito da Verdade, nos liberta. Derramado sobre os apóstolos de Cristo e Nossa Senhora Virgem Maria, deu-se início a novos tempos.
Rememorado anualmente pela Igreja, o advento de Pentecostes foi o responsável por me trazer de volta para Casa. Após 20 anos afastada, iniciei uma aproximação lenta e gradativa, ao mesmo tempo em que o mundo acabava de destruir o que restara de mim. Traída, roubada, espancada, humilhada, abandonada: assim me deixou aquele com quem eu sonhara em construir uma família. Não satisfeito, atentou contra a minha vida, minha sanidade mental, minha dignidade. Um verdadeiro furacão de ódio e destruição. Vi meus sonhos desabarem, a esperança desfalecer, meu sorriso se apagar. Em algum momento, que não sei bem ao certo, perdi a inocência, adoeci. Apeguei-me então aos valores que aprendi ainda na infância. Rezei a Deus. Mas o procurei onde Ele não estava. Permaneci vazia. Atônita e tomada pela dor, pensei que seria uma boa ideia atravessar aquele momento em oração. Repousei minha fé na Igreja de Cristo. O milagre aconteceu. Meus ouvidos atenderam ao chamado e o Espírito de Deus soprou sobre minha história.
Bem que eu tentei escapar mas Seu amor me atravessou a alma e não resisti! Dei o meu “sim” definitivo. A confusão do mundo não me atraiu mais. Renunciei a tudo. O Senhor fortaleceu as minhas forças e, aos pedaços, deixei para trás toda a dor, segui adiante com o que restara de mim. O vale dos ossos secos começou a florir. Fui perdoada, tornei-me alva como a neve. Envolta em Seus braços, fui seduzida por Seu amor visceral. Esvaziei-me do mundo, enchi-me Dele. Eu me rendi.
Minha vida começou a ser reconstruída, mas desta vez, sobre a rocha. Minha personalidade, carreira, perspectivas, tudo foi transformado, tudo foi restaurado. O veneno expurgado, a dor saiu de dentro de mim, tudo se fez novo. Ah, que dia feliz quando voltei para a Igreja Católica! Esse foi o melhor presente que já ganhei na vida! Nesse dia, eu nasci de novo! Meu coração se preencheu, senti-me plena. Desde então, nada me falta. A Igreja se tornou a minha casa. É nela que sou miserável e Deus me corrige, onde sou miserável e Deus me levanta, onde sou miserável e Deus me ama incondicionalmente. Não que eu mereça, mas certamente preciso muito. Como sou agraciada!
Reconheço: tornei-me insaciável! Uma morta de fome a alimentar-se com o pão dos anjos. Sem cessar, Ele vive em mim. É esse amor incandescente que me toma por completo! Meu sorriso sem vida, se iluminou. Meus olhos agora refletem a luz do Seu Espírito. Tudo se fez novo! Quão vazia era minha vida antes de encontrar o meu Senhor! Agora vagueio por aí assim, vivendo a sóbria embriaguez do Espírito, derramando Sua plenitude, sempre a sentir o doce sabor de estar verdadeiramente em Deus! É Ele que vive em mim, se transbordando a cada passo que dou.
Curada, liberta, restaurada e preenchida pelo Espírito Santo, reconheço que sou um verdadeiro milagre, não por mérito, mas pela misericórdia Dele. Por isso não me canso, eu digo e repito: quem tem ouvidos que ouça! Dou testemunho Daquele que não o faz por si só, mas através de Sua obra em mim. É Ele o meu Senhor, que fez maravilhas em minha vida! É Ele, que se glorifica na simplicidade e fez o deserto de minha vida florir. Alegria maior não há!
Meu coração arde em chamas de tanto amor! Sem conseguir expressar tamanha gratidão que invade minha alma, prostro-me. E em ardentes orações, proclamo: tarde te amei Senhor, mas eis-me aqui! A te amar, a te adorar, a te servir, a te anunciar em todo canto, a toda criatura que tiver ouvidos para ouvir! Eu me rendo, sou toda tua! Demorei mas cheguei. Finalmente de volta à casa do Pai.
Priscila Dalcin.
Filha muito amada de Deus.
Paróquia Santo Agostinho – Rio de Janeiro