Mais de 40 lideranças que atuam nas Pastorais do Campo: CPT (Comissão Pastoral da Terra), CIMI (Conselho Indigenista Missionário), PJR (Pastoral da Juventude Rural), Caritas, Pastoral dos Migrantes e Pastoral dos Pescadores, se reuniram no último final de semana, 4 e 5, na chácara Vicente Cañas, em Luziânia (GO).
O encontro serviu para debater sobre os desafios enfrentados pelos povos e comunidades que vivem no campo e conhecer o trabalho específico de cada Pastoral que atua junto a esta população, em vista de uma melhor articulação, fortalecimento e formação.
Foram apresentadas a situação sofrida pelos pescadores artesanais com a invasão dos seus territórios pela indústria do turismo e a burocracia do Estado, que exclui as populações tradicionais das políticas públicas.
O integrante da Comissão Episcopal Pastoral para o serviço da Caridade, Justiça e Paz, Dom Enemésio Lazzaris, bispo de Balsas (MA), acompanhou o encontro, juntamente com o assessor da mesma Comissão, Padre Nelito Dornelas.
No encontro foi discutida ainda a conjuntura eclesial, a partir do documento da CNBB, A Igreja e a questão agrária no inicio do século XXI, e abordadas das Diretrizes Gerais de Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE), com assessoria do teólogo Padre Paulo Suess e do sociólogo Sérgio Sauer, para a análise da realidade do campo brasileiro.
Dentre os desafios, destacou-se a situação da juventude no campo. Dos 50 milhões de jovens brasileiros, oito milhões vivem no campo, dos quais quatro milhões estão no Nordeste. 2,5 milhões de jovens ganham até R$ 70,00 por mês, vivendo abaixo da linha de miséria. Há também a problemática vivida pelos povos indígenas, que sofrem a invasão de suas terras por megaprojetos, a expansão do agronegócio e do monocultivo e a morosidade na demarcação das terras, o que provoca sofrimentos, conflitos e violência.
O encontro foi permeado por uma profunda espiritualidade e grande consciência eclesial, visto que estas pastorais dão visibilidade à presença da Igreja em sua dimensão missionária e profética junto às populações do campo – disse o Padre Nelito Dornelas ao site da CNBB.
Após a reunião, ficaram estabelecidas linhas de ação: a luta pela reforma agrária e a defesa dos territórios dos indígenas e povos tradicionais (Construção do segundo Congresso camponês-2012); enfrentamento dos megaprojetos patrocinados pelo Estado (atuação permanente junto ao congresso e às populações atingidas) e articulação das Pastorais do Campo e movimentos sociais (participação na construção e realização da 5ª Semana Social Brasileira).