A caminho da Semana do Migrante: encontro scabriniano

Realizou-se em São Paulo, de 10 a 12 do corrente, o VII Encontro Scalabriniano da Rede de Casas e Centros de Migrantes.

Participaram cerca de 30 representantes das Casas de Acolhida e Centros de Orientação, provenientes de outras localidades do mundo, como Manila (Filipinas), Cidade do Cabo (África do Sul), Roma (Itália), bem como das Américas e Caribe: México, Guatemala, El Salvador, Equador, Colômbia, Chile, Bolívia, Uruguai, Argentina, Peru e Paraguai. O Brasil estava representado por membros de Manaus, Cuiabá, Curitiba, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Florianópolis, São Paulo.

Entre os objetivos do encontro destacam-se as linhas gerais de uma visão atualizada do contexto das migrações. No contexto da crise da economia globalizada, constatou-se o aumento dos fluxos migratórios em todas as partes do mundo. A grande maioria dos que fogem da pobreza e da violência são jovens, mas vem crescendo o número de mulheres e crianças não acompanhadas.

Deslocamentos

Os deslocamentos humanos de massa tornam-se cada vez mais intensos, mais complexos e mais diversificados. Novos grupos, povos e nações passam a fazer parte do xadrez desse vaivém. Hoje é difícil encontrar um país que não esteja envolvido no fenômeno migratório, seja como pais de origem, de destino ou de passagem – quando não as três coisas ao mesmo tempo. Contam-se aos milhares os que passam por tais casas e centros de migrantes.

No encontro, constatou-se igualmente um crescimento do medo e do rechaço ao imigrante, ao outro e ao estrangeiro, seja por parte dos governos e da opinião pública, seja por alguns setores da sociedade. Contribui muito para isso a confusão, por parte da mídia, no tratamento às vezes indiscriminado dos temas sobre migração, terrorismo, tráfico de pessoas e exploração sexual e trabalhista em nível internacional. No limite, tal divulgação distorcida faz recrudescer atitudes de preconceito, discriminação, xenofobia e até perseguição – o que leva à construção de novos muros e leis restritivas ao direito de ir e vir.

Acolhida

Outro objetivo, como não poderia deixar de ser, consiste em intercambiar informações sobre as formas e práticas da acolhida e orientação. Vários serviços são prestados nessas casas e centros, destacando-se a hospedagem temporária e alimentação, a ajuda no processo de regularização dos documentos, a assistência social e psicológica, aprendizado da língua do país de chegada, oportunidades de profissionalização, busca de emprego e moradia, entre outros.

Tudo isso, evidentemente, exige equipes de profissionais preparados, além de voluntários que procuram acompanhar o dia-a-dia desse trabalho. Não resta dúvida que a troca de ideias e de experiências traz um recíproco enriquecimento aos que, especialmente nas fronteiras e nas grandes cidades, se dedicam a essa tarefa.

Planejamento

Por fim, na pauta dos trabalhos, destacou-se também um planejamento conjunto do programa de ação, no sentido de responder aos novos desafios. “Novas realidades requem respostas novas”, diria Scalabrini. Aqui se trata de estabelecer programas, objetivos, estratégias e metas comuns em uma dupla direção.

De um lado, fortalecer a própria rede de ação para um trabalho mais articulado e eficaz. De ouro, a capacidade de uma maior incidência social e política, tanto em termos eclesiais quanto na sociedade de acolhida. Está em jogo também o esforço para as mudanças substanciais das leis de imigração, no sentido de “substituir os muros pelas pontes, a indiferença pela solidariedade”, nas palavras do Papa Francisco.

 

Fonte: Rádio Vaticano

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