Bispos visitam obras de transposição do Rio São Francisco

Caravana passou por Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará e Pernambuco

Um grupo de bispos, padres e pessoas ligadas às Pastorais Sociais, organizações da sociedade civil, representantes de universidades e do Governo Federal concluiu na quinta-feira, 3, visita às obras do Eixo Norte do projeto de transposição do Rio São Francisco. A chamada Caravana Socioambiental, organizada pelo regional Nordeste 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), iniciou no dia de 29 de fevereiro, nas proximidades da barragem Armando Ribeiro Gonçalves, no município de Itajá (RN).

Visitas às obras, conversas com famílias atingidas pelas construções de dutos e barragens e audiência com os envolvidos com o projeto fizeram parte das atividades.

Rio Grande do Norte

Na manhã do dia 29, houve a concentração ao lado a da barragem Armando Ribeiro Gonçalves, em Itajá. Os participantes foram acolhidos pelo arcebispo de Natal (RN), dom Jaime Vieira Rocha, que coordenou o grupo até o município de Jucurutu (RN), onde está sendo construída a barragem Oiticica. No local, visitaram a comunidade Barra de Santana que ficará coberta pelas águas, quando a barragem estiver pronta. A Caravana, reunida na capela da cidade, foi acolhida pelo bispo de Caicó (RN), dom Antônio Carlos Cruz Santos.

“Desde que cheguei a Caicó, tenho acompanhado a construção da barragem e a luta dessa comunidade. Tenho sempre a sensação de um perigo e de uma oportunidade. O desejo das pessoas pela construção dessa barragem começou há uns 50 anos. O perigo é: e se agora for apenas mais um momento nessa história? A oportunidade está na esperança de que, se concluída, é a garantia de água para o Seridó”, disse dom Antônio.

Uma representante da comunidade relatou o sentimento de “angústia e preocupação” em relação à construção de novas casas das famílias que hoje moram no local que será alagado pelas águas da barragem Oiticica.

Paraíba

A segunda parte da viagem, ainda no primeiro dia de Caravana, foi no estado da Paraíba, onde encerraram as atividades com uma missa presidida por dom Antônio Carlos, na catedral da diocese de Cajazeiras (PB). O bispo de Mossoró (RN), dom Mariano Manzana, foi o responsável pela homilia. Em sua fala, destacou o programa de cisternas, que permitiu que famílias pobres pudessem armazenar água. “A Igreja está em luta junto ao povo, em busca de soluções para esta problemática da água. Sabemos que a saída para vencer esta situação é a união entre todos”, frisou.

A visita à barragem Engenheiro Ávidos, em Cajazeiras (PB), foi o primeiro compromisso do segundo dia da Caravana Socioambiental do regional Nordeste 2 da CNBB. O reservatório foi construído em 1936 e será um dos que receberá águas do rio São Francisco, o colocando como um dos 24 reservatórios que passarão por revitalização. Dele, seguirá água para a barragem Oiticica, em Jucurutu.

Em São José das Piranhas (PB), o grupo visitou a Vila Produtiva Cacaré. No local há 120 casas que serão habitadas por famílias que estão atualmente na chamada “faixa de implantação do Projeto de Integração do rio São Francisco”. De acordo com o regional Nordeste 2, cada família receberá cerca de cinco hectares de terra, sendo um destinado à irrigação.

Os bispos, padres, agentes de Pastorais e demais participantes das Caravana continuaram o roteiro do segundo dia visitando, na tarde de terça-feira, dia 2, o açude Jati, no município de Jati (CE). É um reservatório construído para receber as águas do São Francisco e, de lá, partirá o canal que levará a água para os estados do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

O segundo dia de atividades da Caravana encerrou na Vila Produtiva de Retiro, no município de Penaforte (CE), que conta com 30 casas, já habitadas. A programação iniciou com visita a algumas famílias, que já utilizam o terreno da casa para o cultivo de verduras e frutas. Também houve uma celebração da Palavra.

Para o arcebispo de Natal, dom Jaime Vieira Rocha, as ações junto às comunidades têm confirmado que a iniciativa tem sido produtiva. “Tudo isso é positivo, porque nos traz uma ideia concreta do que seja o projeto do Rio São Francisco. Nós estamos vendo concretamente o que é o projeto. Não só a parte física, mas também uma dimensão socioambiental, com a construção dessas agrovilas”, avaliou.

Às margens do rio

A Caravana Socioambiental dos bispos do regional Nordeste 2 chegou ao Rio São Francisco na quarta-feira, 2, na cidade de Salgueiro (PE). No período da manhã, o grupo se reuniu com a equipe do Ministério da Integração Nacional. Na ocasião, o secretário geral de infraestrutura hídrica do Ministério explicou sobre as obras de integração do Rio São Francisco.

Falando sobre a questão do cuidado com a água, dom Jaime Vieira Rocha afirmou que os membros da Igreja devem “acompanhar a obra, acolher, zelar por ela e exercer nosso papel de cidadania, de cobrança, de controle”.

No mesmo dia, o grupo conheceu a primeira Estação de Bombeamento do Eixo Norte da transposição, localizada no município de Cabrobó (PE). Inaugurada em agosto de 2015, a estação leva a água por 45,9 quilômetros até o reservatório de Terra Nova, em Cabrobó. A bomba da EBI-1 tem capacidade para elevar a água do nível do Velho Chico até 36 metros. A vazão é de 12,4 m³/segundo.

A última atividade do dia foi uma celebração às margens do Velho Chico, presidida por dom Jaime. “Queremos fazer com que essas águas do São Francisco, que agora contemplamos, seja para nós, sinal de vida e de esperança”, disse o arcebispo durante a celebração.

Encerramento

A viagem terminou a com várias atividades, entre elas missa no auditório do hotel em que o grupo esteve hospedado, um momento de diálogo entre representantes do Governo Federal, integrantes da Caravana e representantes de algumas comunidades e a participação da Ministra do Desenvolvimento Social, Teresa Campello.

Com informações e fotografia da Arquidiocese de Natal e do regional Nordeste 2 da CNBB
Últimas notícias

O preço da cultura
Bispos visitam obras de transposição do Rio São Francisco
Saneamento Básico: responsabilidade compartilhada
O retorno ao lar
Nova pessoa

Artigos dos Bispos

O preço da cultura
Saneamento Básico: responsabilidade compartilhada
O retorno ao lar
Nova pessoa

Fonte: CNBB

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here