Como é indispensável a vivência do batismo, o primeiro dos sete sacramentos da Igreja Católica, o qual faz-nos participantes do sacrifício pascal de Nosso Senhor Jesus Cristo, tornando-nos filhos de Deus e irmãos uns dos outros, como membros da Igreja do Filho Amado do Pai. Com o batismo se abre o caminho da esperança, o caminho da salvação, isto é, o do sonho da glória futura, proposta que nos é oferecida em todas as circunstâncias, valendo-me agora das palavras proféticas do Papa Francisco na celebração eucarística, em Ecatepec, nos arredores da capital mexicana (14/02/2016), ao apelar ao respeito pela dignidade humana, afetada pela pobreza, indiferença e insegurança: “Quantas vezes experimentamos na nossa própria carne, ou na carne da nossa família, na dos nossos amigos ou vizinhos, a amargura que nasce de não sentir reconhecida essa dignidade que todos trazemos dentro: a de filhos de Deus”.
Vivemos a Quaresma, tempo favorável à conversão do coração, tempo apropriado de se pensar e agir em favor da construção de um mundo com marcas de um desenvolvimento sustentável que, segundo a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016, é a Casa Comum, Nossa Responsabilidade. O belíssimo hino desta Campanha vem a nos dizer: “Justiça e paz, saúde e amor têm pressa; Mas não te esqueças, há uma condição: o saneamento de um lugar começa por sanear o próprio coração”, no que nos asseverou no mesmo dia o Sumo Pontífice: “Escolhemos, não o diabo, mas Jesus; queremos seguir os seus passos, mas sabemos que não é fácil. Sabemos o que significa sermos seduzidos pelo dinheiro, a fama e o poder. Por isso, a Igreja oferece-nos este tempo da Quaresma, convida-nos à conversão”.
Somos desafiados, como decorrência do nosso batismo, a perceber e valorizar sempre a Casa Comum como local sagrado, como a casa da vida, e nela a humanidade habita. É Deus que quer que nos voltemos às fontes do batismo que, no início do Cristianismo, os que se preparavam para o batismo eram chamados de catecúmenos. Todos passavam por uma formação sólida e intenso tempo de formação, chamado de catecumenato, recebendo o sacramento do batismo na noite de Páscoa. Infelizmente, embora muitas tentativas no sentido de retornar à maravilhosa iniciativa do início da Igreja primitiva, esta vive na ânsia desse sonho, que parece longe, distante.
Como é importante colocar na mente o contexto da Quaresma na nossa caminhada para a Páscoa do Senhor. Não podemos nos esquecer de que vamos comemorar neste 13 de março de 2016 os três anos da eleição do Papa Francisco, que, ao longo de seu profícuo pontificado, sempre demonstrou, com atitudes concretas, seu amor e apreço pela Casa Comum, uma casa inclusiva, ocupando lugar no seu dadivoso coração os últimos da sociedade, indo às periferias do mundo, através das suas viagens internacionais, como peregrino da paz, da esperança e da misericórdia. Também em encontros, contatos e celebrações na sua própria casa, o Vaticano, recordando: “Caminho da Igreja é ir procurar, sem preconceitos e sem medo, os distantes; verdadeiramente, é no Evangelho dos marginalizados que se descobre e revela a nossa credibilidade”, na missa com os novos cardeais (15/02/2015).
Percebemos a busca do diálogo sincero, no íntimo coração do Bispo de Roma, no sonho de um mundo fraterno e solidário, de um mundo em que as pessoas saibam cuidar da Casa Comum, com o coração saneado. Foi pensando em uma vida com maior encanto na face da terra, no seu sentido mais largo e mais profundo, que o nosso querido Papa Francisco deu-nos de presente, aos 18 de junho de 2015, sua 2ª Encíclica, sobre o tema acima referido, que é o da ecologia, do meio ambiente, querendo dizer-nos com toda força e esperança que o chamado de Deus de sanear o nosso próprio coração é consequente. Assim seja!