Os discípulos não foram santos de um só golpe. Na realidade, ninguém, na história da Igreja, foi um perfeito cristão desde o início de seus dias. Ser cristão é ser seguidor de Jesus e isso só se aprende seguindo o caminho da vida com Jesus. É um caminho longo, às vezes complicado. Nele há momentos de satisfação e alegria e também momentos difíceis. Mas há algo que deve estar claro desde o início: no seguimento de Jesus todos somos irmãos, todos estamos no mesmo nível e compartilhamos tudo, do mesmo modo que Jesus compartilhou tudo conosco, até mesmo o seu Pai do céu, inclusive seu Espírito.
Ao longo do caminho, Jesus vai ensinando aos seus discípulos. Como qualquer estudante, em qualquer colégio do mundo, os discípulos não entendem tudo de uma vez. Às vezes, nem da segunda vez. No entanto, Jesus, o bom mestre, não perde a calma e repete a explicação. É isso que se vê no Evangelho do vigésimo quinto domingo do Tempo Comum. Depois de terem feito tanto caminho juntos – já estão próximos do final, pois Jesus lhes anunciava a sua morte – os discípulos discutem entre si quem é o mais importante entre eles. Percebe-se que não entenderam nada. Não importa. Jesus, com toda paciência, torna a explicar: “Aquele que quiser ser o primeiro, que seja o último e o servidor de todos”.
Não podemos dar como certo que os discípulos o entendessem já para sempre. Lembremo-nos de que, no momento da crucifixão, todos fugiram apavorados. É certo que houve outras repetições. E na carta de Tiago, percebemos que a lição foi aprendida e transmitida às gerações dos fiéis. É claro que a aprendizagem da lição não significa que isso se torne concreto na vida das pessoas. Na comunidade de Tiago, provavelmente terão ouvido a lição mais de uma vez. Já a sabiam. Mas, na prática, continuava havendo invejas e rivalidades, discórdias e conflitos. Tiago tem que recordar, uma vez mais, a lição da fraternidade.
Hoje, ainda precisamos ouvir essa lição de vez em quando, porque, em nossa vida, em nossas famílias, em nossas comunidades, de vez em quando, há surtos de violência e inveja, há rancores que não nos deixam viver em paz e tornam amarga a existência; há demasiadas aspirações pelos primeiros postos e para sermos os importantes. Hoje é bem oportuno que Jesus nos repita a lição: “Aquele que quiser ser o primeiro…”
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