O contato com a música estimula o cérebro, facilita a aprendizagem, favorece o raciocínio lógico, relaxa… Vai perder esta oportunidade?
A música está presente na vida dos seres humanos desde os primórdios de sua existência, seja em ritos culturais, sociais ou religiosos. Somos seres musicais por essência.
Pesquisas como as de Schlaug, da Escola de Medicina de Harvard (EUA), e Gaser, da Universidade de Jena (Alemanha), revelaram que, ao comparar cérebros de músicos e não músicos, os do primeiro grupo apresentavam maior quantidade de massa cinzenta, particularmente nas regiões responsáveis pela audição, visão e controle motor.
Mas os benefícios não são somente aos instrumentistas.
Outros estudos apontam também que, mesmo se o contato com a música for feito por apreciação, isto é, não tocando um instrumento, mas simplesmente ouvindo com atenção e propriedade (percebendo as nuances, entendendo a forma da composição), os estímulos cerebrais também são bastante intensos.
Ao mesmo tempo que a música possibilita estímulos cerebrais, ela, por seu caráter relaxante, pode estimular a absorção de informações, isto é, a aprendizagem, comprovadas em pesquisas como as do húngaro Losanov que concluiu que, expostos à música clássica, lenta, a pessoa passa do nível alfa (alerta) para o nível beta (relaxados, mas atentos); baixando a ciclagem cerebral, aumentam as atividades dos neurônios e as sinapses tornam-se mais rápidas, facilitando a concentração e a aprendizagem.
Schaw, Irvine e Rauscher, americanos, investigaram o desenvolvimento do raciocínio lógico em crianças que estudavam algum instrumento musical aos que não estudavam música, sendo que o primeiro grupo apresentou desempenho superior em matemática em relação ao segundo.
A música tem seu lugar no desenvolvimento afetivo da criança. Quando colocamos o bebê próximo ao peito e cantamos para ele, as batidas do coração mais a canção, levam-no à tranquilidade e relaxamento. Por essa e outras razões, a linguagem musical tem sido apontada como uma das áreas de conhecimentos mais importantes a serem trabalhadas na Educação Infantil, ao lado da linguagem oral e escrita, do movimento, das artes visuais, da matemática e das ciências humanas e naturais. Países desenvolvidos oferecem cursos aos professores para que a aplicabilidade musical seja exercida competentemente. No Brasil, ao contrário, não há formação, tão pouco preocupação com o desenvolvimento musical dos pequenos.
Então, cruzamos os braços?
Pelo contrário, podemos ensinar as crianças, em casa ou na escola ou, ao menos, estimular os ouvidos à apreciação musical.
Em primeiro lugar, defina você, condutor dessa aprendizagem, pais ou professores, o que é uma música de qualidade. Pesquise músicas de diferentes gêneros, jazz, blues, clássica, rock, folk, eletrônica…
Pesquisadas as músicas, é hora de ouvir. Ouvir de verdade. Não realize outra tarefa, apenas ouça. Pense em um instrumento que tem afeição e procure-o dentro da música, perceba se o instrumento é constante ou só em determinadas partes. Faça questionamentos internos: Esse instrumento preenche vazios da música? Esse trecho da música é mais intenso? Esse instrumento pode ser conciliado com outro? Que tipo de emoção está provocando? Este instrumentista é mais ou menos habilidoso? O ritmo da música é constante? Quanto mais você “observar” a música, mais vai compreendê-la.
E com as crianças?
Vamos começar pelos bebês:
– Coloque para seu bebê, ainda no útero materno, músicas diversas, com maior atenção às clássicas. Faça isso diariamente.
– Peça para o papai cantar para ele. No útero, o bebê possui maior percepção aos sons graves, por isso, o canto do papai é tão importante.
Crianças de 0 a 2 anos:
Nesta fase, a música está inteiramente relacionada ao desenvolvimento da linguagem, da afetividade e das relações sociais:
– Mantenha um ambiente musical eclético. Coloque, para que ela ouça, músicas de gêneros variados;
– Disponibilize materiais que apresentem sonoridade, brinquedos, chocalhos, tambores;
– Na escola, ou em casa, a partir do primeiro ano de vida, é possível organizar uma bandinha de sucatas, com chocalhos diferenciados, tambores e baquetas, que poderão ser acompanhados por música cantada ou tocada.
– As músicas infantis agradam muito as crianças, portanto, devem ser oferecidas também, mas lembrem-se que qualidade musical independente de gênero, portanto, procure por boas músicas infantis.
– Leve os pequenos à shows destinados a sua faixa etária. Na cidade de São Paulo, periodicamente, há concertos ao ar livre ou destinados à família.
Crianças maiores de três anos:
– Continue expondo a criança, à músicas de qualidade, lembre-se que seu objetivo é estimular as sinapses cerebrais para que as funções cognitivas sejam desenvolvidas. E mais, a criança ouve o que você ouve.
– A partir dos três anos a criança começa a perceber os instrumentos dentro da música. Ofereça a ela, músicas executadas com apenas um instrumento, por exemplo, tocada só com o violão ou só com teclado; mostre a ela o instrumento, vá até uma loja e deixe que olhe, pegue com as mãos, experimente. Nessa fase de desenvolvimento, a experimentação é fundamental.
– Use microfones. As crianças adoram cantar ao microfone e quando a fazem podem ouvir sua própria voz, verificar a tonalidade e volume.
Em qualquer situação ou idade, você deve ter claro que socialmente, a criança estará exposta a todos os tipos de música, boas ou ruins e que executando atividades musicais como as propostas neste post, elas estarão seguras do seu gosto musical e dificilmente serão influenciadas por modismos dos meios de comunicação de massa.
Uma dica valiosa aos professores de educação infantil, que não se consideram grandes cantores; usem e abuse dos CDs. Crianças pequenas reproduzem o que ouvem!
Cantores de chuveiro ou tocadores de campainha, não importa! A música nos acalma, nos inspira, nos alegra… nos desenvolve!
Fonte: Aleteia