E, muitas vezes, as boas experiências precisam de muito pouco ou até nenhum dinheiro
Não é novidade alguma: o dinheiro deve ser usado de maneira sábia, porque, em si mesmo, ele não garante a felicidade de ninguém.
Embora todo mundo saiba disso, a maioria das pessoas parece fingir que não é verdade e insiste em “tentar comprar” a felicidade. Mas há estudos que reforçam a constatação intuitiva de que a maneira mais sábia de usar o dinheiro não é no acúmulo de coisas, mas sim na vivência de boas experiências.
Uma dessas pesquisas foi liderada por Thomas Gilovich, professor da Cornell University e doutor em psicologia. Foram 20 anos de estudos dedicados a demonstrar que, quando gastam dinheiro em objetos, as pessoas se cansam facilmente do que já compraram e desenvolvem o “vício” de querer coisas novas; então voltam a comprar objetos, voltam a se cansar deles e voltam a comprar coisas novas, num círculo sem fim de insatisfação. Além disso, as expectativas crescem constantemente, levando a gastos maiores e a fazer comparações que são prejudiciais às relações humanas.
Já o investimento em experiências dá retornos mais efetivos na empreitada de ser feliz.
Confira algumas das constatações feitas no estudo de Gilovich, publicado em agosto de 2014:
1. As experiências se transformam em parte da identidade das pessoas
O acúmulo de experiências de vida molda a personalidade do ser humano: as experiências se integram a quem somos. Já os bens materiais, por mais importância que lhes demos, continuam sendo externos a nós: eles são sempre coisas que “temos”, sem nunca chegarem a ser algo que “somos”.
2. Nas experiências, as comparações não importam
Quando se usa o dinheiro para viver momentos importantes em vez de priorizar a aquisição de coisas materiais, a competitividade é diluída. Por exemplo: quando o foco está no “ter”, as pessoas preferem receber um salário baixo que seja maior que o de seus colegas a receber um salário alto que seja menor que o dos seus colegas. Já quando o foco está no “ser”, as pessoas não se importam tanto em tirar um tempo menor de férias que o de seus colegas, desde que sejam férias de qualidade. As comparações e a competitividade, portanto, são mais intensas quando o foco está nas coisas em vez das experiências.
3. A ansiedade na espera de uma experiência é boa, enquanto na espera de um produto é irritante
Não é preciso comentar muito, certo?
4. A curta durabilidade de uma coisa é negativa, mas a de uma experiência pode valorizá-la
O valor de um objeto tem relação com a sua durabilidade ou com a duração do prazer que ele proporciona; já uma boa experiência, mesmo quando é breve ou fugaz, se mantém prazerosa na memória e consegue fazer perdurar a felicidade de tê-la vivido.
5. O valor de algo não tem relação com seu preço
Quando se diz que algo “não tem preço”, o que se quer dizer é que o seu valor é inestimável. Este é o caso das experiências, cujo valor não está relacionado com o seu preço em dinheiro.
Fonte: Aleteia