Discurso de Saudação
Na abertura da 40ª Assembleia Geral Ordinária do CELAM
Comemorando os 70 anos da 1ª Conferência do Episcopado latino americano e caribenho que fundou o CELAM
Colégio Sagrado Coração de Maria, Copacabana, 27 de maio de 2025
Caríssimo irmão D. Jaime Cardeal Splenger, OFM, presidente do CELAM e da CNBB, Arcebispo de Porto Alegre, demais membros da mesa Cardeal Maradiaga de Honduras, Mons. Pesce, representante do Núncio Apostólico, Mons. Lizardo, Secretário Geral do CELAM que foi o nosso interlocutor junto com Mons. André Sampaio, Ir. Helena, Provincial da Área Brasil das Irmãs que nos acolhem, também a Diretora deste histórico Colégio que faz parte da história do CELAM, amados irmãos no episcopado, presidentes das Conferências Episcopais e representantes das conferências continentais,
Eminências, Excelências, Reverendos padres, religiosos e religiosas,
leigos e leigas engajados na missão evangelizadora da Igreja,
Queridos irmãos e irmãs,
É com o coração repleto de alegria, gratidão e esperança que vos acolho nesta cidade abençoada e maravilhosa do Rio de Janeiro. Aqui nasceram também a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e a Conferência dos Religiosos do Brasil.
Com grande alegria e sincera fraternidade, dou as boas-vindas a todos vocês à cidade do Rio de Janeiro, coração pulsante do Brasil, que hoje tem a honra de acolher a 40ª Assembleia Geral Ordinária do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho — CELAM. Sei das distâncias percorridas e dos cansaços dos deslocamentos, mas procuraremos aqui amenizar um pouco as dificuldades para, sob a luz do Espírito Santo, dar espaço para produzir muito para o bem de nosso continente.
Sinto-me particularmente feliz por recebê-los em nossa arquidiocese neste ano tão significativo, em que celebramos o 70º aniversário da Primeira Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, marcos fundacionais que abriram caminhos de comunhão, escuta e missão para toda a nossa Igreja no continente. Essa primeira Conferência foi quem pediu a aprovação do Papa para constituir e fundar o CELAM.
Portanto, aqui, nesta escola, neste lugar, que há sete décadas foi o berço do CELAM, e é o marco da 1ª Assembleia Geral do Episcopado que fundou o CELAM nos reúne novamente para celebrarmos agora 40ª Assembleia Geral Ordinária deste organismo tão fundamental para a vida da Igreja na América Latina e no Caribe.
Este momento é mais do que um marco celebrativo; é uma oportunidade de nos reconectarmos com a missão e a vocação que Deus confiou à nossa Igreja. Celebramos não apenas os 70 anos da fundação do CELAM, mas também sua trajetória de fidelidade ao Evangelho, de colegialidade entre os bispos e de serviço ao povo de Deus.
Ao olharmos para trás, recordamos o marco histórico de 1955, quando, durante o XXXVI Congresso Eucarístico Internacional, aproveitando a presença de tantos bispos, aqui no Rio de Janeiro, nasceu o CELAM. Sob a inspiração do Espírito Santo, nossos predecessores responderam com generosidade e visão às necessidades pastorais de nosso continente. Naquele momento, o Papa Pio XII enviou uma Carta Apostólica para a conferência palavras sobre as necessidades da América Latina, que ressoam até hoje como um chamado à missão:
“Alimentamos em Nossos corações a esperança de que a América Latina possa em breve estar em condições de responder, com vigorosa determinação, à vocação apostólica que a Providência divina parece ter atribuído a esse grande continente, ocupando um lugar de destaque na nobilíssima tarefa de comunicar a outros povos, no futuro, os ansiados dons da salvação e da paz.” (Pio XII, Carta Apostólica Ad Ecclesiam Christi, 29 de junho de 1955)
Este chamado à vocação apostólica não é apenas um legado; é um desafio contínuo. Mais do que nunca, somos convidados a renovar nossa missão de evangelizar, a partir dos sinais dos tempos e das realidades concretas de nossos povos.
Hoje, nesta 40ª Assembleia Geral Ordinária, somos convocados a fortalecer o espírito de colegialidade e serviço entre os bispos e demais agentes pastorais, discernir novos caminhos de comunhão e buscar respostas concretas para renovar a presença evangelizadora da Igreja em nossa região. Este é também um momento oportuno para partilhar a recepção do recente Sínodo em nossos países, aprofundando os temas propostos e traçando novos rumos para a pastoral de nosso continente.
Além disso, recordamos neste ano dois grandes marcos da história eclesial: os 1700 anos do Concílio de Niceia, que nos legou a confissão de fé que une a Igreja universal, que teremos comemorações a partir de amanhã em nossa arquidiocese e daqui um mês um aprofundamento com as igrejas cristãs orientais. Também estamos comemorando os 10 anos da encíclica Laudato Sì, que nos desafia a cuidar da criação com um coração agradecido e comprometido, integrando a dimensão ecológica à nossa espiritualidade e à nossa missão. A nossa universidade católica trabalhou na semana passada com os reitores de universidade e trabalha nesta semana com a Catedral Martini aprofundando esse tema que nos ajudará na preparação e participação da COP 30 em Belém do Pará.
Temas marcantes para a Igreja que agradece a missão do Papa Francisco de saudosa e marcante memória e por quem rezamos pelo repouso eterno e tendo agora o Papa Leão XIV a servir a igreja nessa caminhada de esperança que fazemos pelo mundo anunciando o Cristo Ressuscitado.
Queridos irmãos e irmãs, a história do CELAM é uma história de comunhão, serviço e esperança. Desde sua fundação, ele tem sido uma resposta profética aos desafios de nossa região, com documentos e iniciativas que iluminaram os caminhos da Igreja. As Assembleis episcopais, iniciando com o Rio de Janeiro, continuamos com Medellín, Puebla, Santo Domingo e Aparecida. Este é um testemunho de como nossa Igreja, com sua diversidade cultural e riqueza espiritual, pode ser um sinal de unidade e esperança para o mundo. Agora temos também a realidade da Conferência Eclesial da Amazônia nascida neste contexto latino-americano.
Sob o olhar amoroso do Cristo Redentor, que do alto do Corcovado, onde irão celebrar num nesses dias, abençoa esta cidade, desejo que esta assembleia seja um verdadeiro Pentecostes. Que o Espírito Santo nos encha de sabedoria, coragem e discernimento para que possamos ser uma Igreja em saída, sinodal e missionária.
Este encontro, em sintonia com o Jubileu da Esperança e com os frutos do Sínodo sobre a sinodalidade, nos oferece uma oportunidade única de renovar o espírito de colegialidade, aprofundar nossa escuta das realidades eclesiais e sociais da América Latina e do Caribe, e projetar com esperança os passos futuros da nossa missão evangelizadora.
Queremos que esta terra, abençoada pela imagem do Cristo Redentor que nos abraça do alto do Corcovado, seja um espaço de fraternidade, de oração e de discernimento. Que possamos, nestes dias, partilhar experiências, desafios, esperanças e sonhos, confiando sempre na ação do Espírito Santo que nos conduz.
Agradeço a presidência do CELAM pela escolha do Rio de Janeiro como sede desta Assembleia, ao Colégio Sagrado Coração de Maria por nos acolher nesta manhã de comemoração, e a todos que se empenharam na organização deste evento. Que cada gesto de acolhida expresse o carinho do povo carioca e o compromisso de nossa Igreja com a comunhão continental.
Reitero minha acolhida com sincero afeto, pedindo a intercessão de Maria, a Estrela da Evangelização, para que nos guie e fortaleça neste caminho de renovação e missão. Que esta cidade do Rio de Janeiro, símbolo da fé e da hospitalidade de nossa gente, seja para todos nós um espaço de encontro, inspiração e comunhão.
Que o Jubileu Ordinário que vivemos nos inspire a ser peregrinos de esperança, neste que o Papa São João Paulo II chamou de “o continente da esperança.”
Sejam todos muito bem-vindos! Que Deus nos abençoe e que esta assembleia produza frutos abundantes para a Igreja e para o mundo.
Que Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira da América Latina, interceda por nós e por esta Assembleia.
Muito obrigado!
