“Teu irmão estava morto e tornou a viver, estava perdido, e foi encontrado”! (Lc 15,32)
Celebramos neste domingo o quarto do tempo quaresmal, o domingo Laetare, da alegria. Estamos nos aproximando do final do nosso tempo de retiro; em breve, seremos convidados a voltar do deserto, renovados, para seguir a nossa vida. Ao nos aproximarmos do final desse tempo quaresmal, somos convidados a intensificar as práticas espirituais propostas para esse período, que são: o jejum, a caridade e a oração. Devemos intensificar, de igual modo, a nossa penitência e, se ainda não realizamos a confissão auricular, fazê-la ao longo desta semana, para podermos celebrar de maneira mais pura a Páscoa do Senhor.
O quarto domingo da Quaresma é conhecido como o Domingo Laetare, ou seja, o domingo da alegria, pois se aproxima o mistério da nossa salvação e tivemos a oportunidade de vivenciar no final de semana as “24 horas para o Senhor”. Os paramentos litúrgicos são da cor rosácea, ou seja, um roxo mais suave, e nos revelam a face de um Deus misericordioso, sempre disposto a nos perdoar. O perdão de Deus para nós é suave; Ele nos acolhe com amor e perdoa todas as nossas faltas. Meus irmãos, quem ainda não realizou a confissão para a Páscoa deve aproveitar estas duas últimas semanas da Quaresma para fazê-lo.
Participemos em família da Santa Missa e sejamos agradecidos ao Senhor por estar sempre pronto a nos perdoar. O Evangelho deste domingo retrata a nossa relação com o Senhor: Ele está sempre de braços abertos para nos acolher e dar o Seu perdão. Mesmo que O abandonemos, Ele não nos abandona e estará sempre pronto a nos acolher de volta, a exemplo do Pai do Evangelho de hoje, que acolhe o filho pródigo. O nosso caminho de conversão tem que ser diário, e esse caminho será concretizado através da oração.
Por mais que não pareça, o tempo quaresmal passa rápido, por isso é necessário, ao longo desse período, nos prepararmos bem para a Páscoa do Senhor, realizando nossas práticas espirituais e, sobretudo, nos aproximando do Sacramento da Reconciliação. Lembrando ainda que estamos no Ano Jubilar da Esperança, confiemo-nos à misericórdia do Senhor e tenhamos esperança em dias melhores.
A primeira leitura da missa deste domingo é do livro de Josué (Js 5, 9a. 10-12). O Senhor havia libertado o povo da escravidão que sofria no Egito. Deus faz uma aliança com o povo, e o povo sela essa aliança com Deus celebrando a Páscoa. Um dos significados da Páscoa é a passagem da escravidão para a liberdade. O povo de Deus passou quarenta anos no deserto até adentrar a Terra Prometida. Eles comeram do fruto da terra que Deus havia preparado. Que possamos também oferecer os frutos da terra ao Senhor e que sejamos sempre gratos a Ele por tudo.
O Salmo Responsorial é o 33 (34), que diz em seu refrão: “Provai e vede quão suave é o Senhor!” O salmista eleva com gratidão uma prece ao Senhor. Em todo o tempo devemos glorificar o Senhor, pois Ele é fiel o tempo inteiro e sempre perdoa as faltas que cometemos. Ele não nos castiga, mas nos acolhe com amor.
A segunda leitura deste domingo é da segunda carta de São Paulo aos Coríntios (2Cor 5, 17-21). Paulo continua dissertando sobre o mistério da ressurreição: se Cristo ressuscitou, nós, de igual modo, ressuscitaremos e devemos estar ligados a esse Cristo ressuscitado, pois assim seremos criaturas novas. Durante a Quaresma, devemos deixar de lado o “homem velho” e ressuscitar como “homens novos” junto com Cristo na Páscoa. Devemos assumir o nosso batismo e abandonar o pecado, buscando sempre a santidade. Paulo ainda faz um apelo para todos nós, para que nos reconciliemos com Deus, pois somente estando reconciliados com Ele seremos salvos.
O Evangelho da missa deste domingo é de Lucas (Lc 15, 1-3. 11-32). Lucas relata, nessa passagem, a parábola do filho pródigo. Como este domingo é o da alegria, o Evangelho fala da alegria do retorno à casa. Quando alguém se afasta de Deus, fica longe de Seus caminhos, comete pecados e vive triste, mas chega uma hora em que cai em si, pensa no que está fazendo e volta para os braços do Pai.
Esta passagem bíblica está relacionada conosco. Quando passamos por uma crise de fé, optamos por abandonar Deus, achando, muitas vezes, que Ele não nos atende e nem nos ouve. Pensamos que a nossa vida não vai para a frente e, então, resolvemos abandoná-Lo. Mas isso é pior ainda, pois trilhamos caminhos errados e caímos no pecado, ficando longe de Deus. Dessa forma, se antes achávamos que a nossa vida não ia para a frente, quando O abandonamos, ela se torna ainda pior.
Mesmo quando resolvemos abandonar Deus e trilhamos caminhos longe d’Ele, Ele continua a olhar por nós. Nós O abandonamos, mas Ele não nos abandona. Somos infiéis, mas Ele permanece fiel. Por isso, Ele se alegra com o pecador arrependido e se alegra com cada um de nós quando deixamos de lado a vida de pecado e nos voltamos para Ele. Deus não nos julga, nem aponta nossos erros, mas nos acolhe com amor, esperando até que voltemos a Ele.
Que nesta Quaresma façamos o nosso caminho de conversão e, se nós ou alguém que conhecemos se encontra longe de Deus, que volte com alegria, pois o Senhor nos espera de braços abertos. Revistamo-nos do homem novo e deixemos de lado o homem velho. Vivamos uma vida longe do pecado e celebremos a Páscoa sob a luz de Cristo.
Que o Espírito Santo nos ajude e nos ilumine para permanecermos firmes no Senhor e não vacilarmos na fé. Que não precisemos pedir a nossa parte na herança e sair pelo mundo, mas fiquemos ao Seu lado tendo um coração misericordioso até o fim.