É tão grande o poder e a eficácia que se encerra na palavra de Deus, que ela constitui sustentáculo e vigor para a Igreja, e para seus filhos, firmeza da fé, alimento da alma, pura e perene fonte da vida espiritual. (DV21).
As duas leituras de hoje, são bastante claras, questionadoras e atuais, também. Falam do mau uso do poder (funções, encargos) e também de certos perigos, com o uso incorreto da riqueza, quando não de sua procedência duvidosa ou quiçá até
Mau uso do poder. Esse perigo é constante e atual também. Moisés cansou, de sua função gestora, porque não era entendido, pelo povo ingrato. Por isso, reclamou ao Senhor, que mandou dividir o poder com outros. No evangelho de hoje, João quer proibir a alguém, de fazer o bem, somente, porque não pertencia ao grupo dos apóstolos. Queria exclusividade, monopólio. Não sabia que geralmente o poder corrompe. Por isso, Jesus lhe proibiu de proibir, pois quer partilha. Como estão as coisas hoje em dia? Não se repetem, porventura?
Mau uso da riqueza, acumulada e quando não de modo injusto adquirida: maus salários, roubos que tem origem, na ganância do ter e possuir sempre mais. A riqueza como origem do poder, geralmente se torna meio de exploração. Esta realidade é condenada, e não a riqueza administrada e honestamente adquirida, que pode ser até ocasião de partilha, portanto de fazer o bem. Deus é dono de tudo e o partilha. A sagrada Escritura quer melhor distribuição de renda, mais comensais no banquete e melhor distribuição das coisas, que a natureza Nada de ganância, de injustiças, de esbanjamentos ou de mau uso da riqueza. Esta é severamente condenada, não aquela que possui fim social.
Jesus certamente, não quer que entremos na glória celeste sem pernas, caolhos ou com membros amputados. Quer nos ver com ambas as mãos, ambos os pés, olhos, ouvidos e orelhas, mas quer também que pensemos fraternalmente e alimentemos atitudes sensatas e tenhamos uma escala de valores cristãos. O corpo é coisa Deve ser templo do Espírito Santo e através dele, devemos tornar-nos simpáticos, empáticos, justos, felizes e bem inseridos na sociedade. Chesterton afirmava: “a riqueza é como adubo orgânico, acumulado só cheira mal, espalhado produz muitos frutos”. Jesus não quer escândalos, muito menos com os pequenos, as crianças e os marginalizados, privados do necessário para viver. A Geena da qual Jesus falou, existia mesmo. Era um local inabitável. O inferno existe ainda hoje…
Domingo da Bíblia. Vejamos o que as Sagradas Escrituras, nos têm a dizer: “Tu. Porém permanece firme no que aprendeste e aceitaste como certo: sabes de quem o aprendeste. Desde a tenra infância conheces as Sagradas Escrituras; elas têm o condão de te comunicar a sabedoria, que conduz à salvação pela fé que há em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, refutar, corrigir, educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito qualificado para qualquer obra boa” (2Tm3.14-16).
A Bíblia fala da criação, do pecado da história da salvação e do futuro que nos espera, mas principalmente de Jesus Cristo: de sua encarnação e dos seus mistérios. É preciso ouvi-la (a Escritura) na pregação, lê-la, estudá- la, entendendo-a, mas principalmente vivê-la. E o que nos repete o magistério? “A Igreja sempre venerou as Escrituras, da mesma forma como o próprio corpo do Senhor, já que, principalmente da sagrada Liturgia sem cessar toma da mesa tanto da palavra de Deus como do corpo de Cristo o pão da vida, e o distribui aos seus fiéis” (DV21).
A Bíblia fala da criação, do pecado, da história da salvação e do futuro, que nos espera. Mas, principalmente de Jesus Cristo e dos mistérios de Sua vida: este é o tema central. Ela (a Escritura) deve tornar-se, nosso livro de cabeceira: “assim, pois, que pela leitura e o estudo dos livros sagrados seja difundida e glorificada a palavra de Deus e que o Tesouro da revelação confiado à Igreja, cada vez mais, encha os corações dos homens” (Dv26).
+Carmo João Rhoden, Scj Bispo Emérito de Taubaté-SP Presidente da Pró Saúde.