100 Anos da primeira Guerra Mundial

“Quando a guerra é declarada, a verdade é a primeira a morrer”.

Arthur Ponsonby
Pensador e Político Inglês

Há cem anos, milhões de jovens deixaram a segurança de seu lar, de seu lazer e de suas celebrações religiosas para lutar na guerra. Eles estavam animados, levados por uma onda de patriotismo. “Estou feliz e entusiasmado com os emocionantes dias à frente”, disse um soldado voluntário americano em 1914.
Mas o entusiasmo desses jovens logo se transformou em tristeza profunda. Ninguém podia imaginar que aqueles exércitos enormes ficariam atolados por anos nas trincheiras da Bélgica e da França. Na época, essa guerra foi chamada de a “Grande Guerra” Hoje, ela é conhecida como a Primeira Guerra Mundial.
O primeiro conflito mundial envolveu mais de 70 milhões de militares, dos quais 9 milhões foram mortos em combate e cerca de 30 milhões ficaram mutilados. Entre esse montante, após retornar ás suas respectivas pátrias, alguns homens se entregaram á bebida, ás drogas e á introspecção. Outros, para se autoafirmarem perante a sociedade, passaram a se reunir em clubes, onde desenvolviam eventos só para mostrar para a comunidade que, apesar do aleijão, a competitividade natural de qualquer ser humano ainda era latente em todos eles.
Em questão de semanas, o assassinato de um arquiduque austríaco lançou as principais potências da Europa numa guerra indesejada. “Como isso pode acontecer?”, foi o que perguntaram ao chanceler alemão poucos dias depois do inicio das hostilidades. “Ah, quem me dera que alguém soubesse”, foi sua triste resposta.
Os políticos prometeram que a guerra resultaria num mundo novo e melhor. O chanceler alemão declarou: “Estamos lutando para preservar o resultado do nosso trabalho em tempos de paz, pela herança cultural de um passado glorioso e por nosso futuro.” O presidente americano Woodrow Wilson ajudou a criar um slogan popular para tranquilizar a população de que a guerra iria “tornar o mundo seguro para a democracia”. E na Grã- Bretanha as pessoas pensavam que essa seria “uma guerra para acabar com as guerras”. Todos estavam enganados. Disse o escritor Britânico George Orwel: “A linguagem politica destina-se a fazer com que a mentira soe como verdade”.

Os militares prometeram uma vitória fácil e rápida, mas não foi o que aconteceu. Em pouco tempo, os exércitos entraram num terrível impasse. Em seguida, milhões de soldados se viram na situação descrita por um historiador como “talvez o maior e mais cruel pesadelo que a carne e o espirito humano já enfrentaram”. Apesar de chocantes perdas, os militares continuaram jogando seus homens contra barricadas e tiros de metralhadora. Não é de admirar que os motins se tornassem comum.
Esse conflito iniciou o século mais sangrento que a humanidade já viu. Resoluções e greves se tornaram comuns.
Em sua obra clássica Anatomia das Revoluções, o historiador americano Crane Brinton, “mostra que boa parte das revoluções começa com esperança, triunfa sob líderes moderados e, sob o peso das inevitáveis contradições internas, acaba por se radicalizar e naufraga no autoritarismo”.
Dizia o comediógrafo latino Plauto: “Homo hominis lúpus” – “O homem é o lobo do homem”. Plauto queria dizer que o maior inimigo do homem é o próprio homem.
O renomado escritor americano Ernest Hemingway chamou a Primeira Guerra Mundial de “a carnificina mais colossal, mais assassina, e mais mal dirigida que já ocorreu na terra”. O mais terrível dessa carnificina foi cristãos que mataram seus próprios irmãos de fé, da mesma igreja e da mesma denominação. Outras religiões assassinaram fiéis da mesma crença.

Trabalhemos incansavelmente pela gloriosa paz. Contínua paz…

Fontes:
Leitura da História, n° 69, p. 28.
Hobsbawm, Eric. Tempos Fraturados. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.