Estamos celebrando o XXVII Domingo do Tempo Comum e o primeiro domingo do mês de outubro. Outubro na Igreja no Brasil nós refletimos sobre a missão. O cristão que tem, pelo batismo, a vocação missionária, a missão de anunciar a Boa Nova, tem de ter, ele próprio, um coração semelhante ao de Cristo, manso e humilde, como pedimos na jaculatória, “fazei nosso coração semelhante ao vosso”.
Na primeira leitura – Gn 2,18-24 – não é bom que o homem fique sozinho; vou dar-lhe uma companheira em tudo semelhante a ele! E o homem gostou da companheira: “Desta vez, sim, é osso dos meus ossos e carne de minha carne! Ela será chamada “mulher” porque foi tirada do homem” (Gn 2,23).
Na segunda leitura – Hb 2,9-11 – o caminho para a salvação, indicado e praticado por Jesus, é o Caminho que revela a sabedoria de Deus: pela humilhação e morte na Cruz, Jesus chegou à glória da Ressurreição. Este é o caminho que nos torna participantes de sua glória! A Carta aos Hebreus, na segunda leitura de hoje, nos apresenta Jesus “coroado de glória e honra, por ter sofrido a morte” (Hb 2,9) e afirma que “pela graça de Deus em favor de todos, ele provou a morte” (Hb 2,9) e foi levado “à consumação por meio dos sofrimentos” (Hb 2,10). Não nos iludamos: jamais compreenderemos as exigências do Evangelho, jamais teremos a força de abraçá-las, se não estivermos dispostos a participar do sofrimento e das renúncias do Cristo Jesus; aquelas mesmas que o fizeram estar agora coroado de glória. Ele que vive e reina pelos séculos. Amém.
No Evangelho – Mc 10,2-16 – os fariseus perguntam a Jesus sobre o divórcio. Moisés, na Lei, no Antigo Testamento, o permitia. “E tu, Jesus, que dizes?” Pois bem, caríssimos, para nossa surpresa, o nosso Jesus, tão bom, tão suave, tão misericordioso, não permite tal prática. Sua sentença é sem apelo: “O que Deus uniu, o homem não separe!” (Mc 10, 9) “Quem se divorciar de sua mulher e se casar com outra, cometerá adultério conta a primeira. E se a mulher se divorciar de seu marido se casar com outro, cometerá adultério” (Mc 10, 11-12).
Recordando o Gênesis, “no princípio”, Jesus endossa a belíssima convicção de que homem e mulher têm a mesma dignidade: ambos vivem do mesmo sopro divino; a mulher foi tirada do lado do homem, como alguém que deve estar ao seu lado, como companheira de igual dignidade e valor. Não deve existir contraposição entre os sexos, mas sim complementaridade.
Ainda um outro aspecto: notem como Deus institui a família: o homem e a mulher, num amor aberto à vida: “O homem deixará seu pai e sua mãe e s dois serão uma só carne” (Mc 10,7). Que coisa: um deixar, um encontrar, um unir-se, um gerar vida! “Crescei e multiplicai! Dominai a terra!” (Gn 1,28) Família á aquilo que Deus sonhou como sendo família e o Cristo nosso Senhor confirmou, elevando o matrimônio à dignidade de sacramento, santificando-o com a sua graça! No plano de Deus, toda família é santa, todo lar é sagrado!
Compreendamos, Jesus veio para reconduzir este mundo ferido pelo pecado ao plano original de Deus. Ora, o sonho de Deus para o amor conjugal é que ele seja uma entrega total e plena, no amor indissolúvel, fiel e fecundo. Este é o ideal que Jesus aponta aos seus discípulos! O matrimônio abraçado por um cristão e uma cristã, no Senhor Jesus, é indissolúvel! Jesus diz no Evangelho de hoje: quem tiver um coração de criança. “Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele!” Ter coração de criança é deixar-se conduzir pelo Senhor, é acolher confiantemente a sua palavra a nosso respeito, mesmo quando esta nos é difícil. Mas, não o conseguiremos sem a disposição para sofrer com Cristo, para nos deixar a nós mesmo.
O nosso Deus não é Solidão, mas Comunhão de Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo! O homem, feito à imagem e semelhança de Deus Trindade (Comunhão), vive em comunhão com as pessoas. O casamento não é apenas uma instituição humana; é um sacramento, ou seja, Deus fez o homem e a mulher para ser um retrato humano da intimidade do próprio Deus! Sem o amor e a fé no Plano de Deus, o homem é apenas um animal! O amor faz dele urna imagem e semelhança do próprio Deus.