Estamos vivendo o Terceiro Domingo da Páscoa neste final de semana. A Cruz revela a estupenda e desconcertante fidelidade de Deus: nela descobrimos o verdadeiro nome do nosso Deus. E o seu nome é Fidelidade, o seu nome é Amor. Primeiramente, fidelidade e amor do Pai em relação ao Filho. Ao Filho amado que se entregou ao Pai por nós, Deus-Pai o ressuscitou e deu-lhe toda glória. É o que anuncia a Primeira Leitura de hoje (At 3,13-15.17-19): “O Deus de nossos Pais glorificou o seu servo Jesus. Vós matastes o Autor da Vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos!”. (At 3,13.15). Que mistério, meus irmãos! O Filho entregue ao Pai com toda a confiança e todo o abandono, o Filho feito homem de dores, agora é glorificado pelo Pai e colocado no mais alto da glória. Deus jamais abandona os que a Ele se confiam. Podemos imaginar o Senhor Jesus dizendo as palavras do Salmo de hoje: “Eu tranquilo vou deitar-me e na paz logo adormeço, pois só vós, ó Senhor Deus, dais segurança à minha vida!”. Sl 4 (5) 9
A Segunda Leitura (1 Jo 2,1-5a) demonstra que o nosso Salvador adormeceu no sono da morte certo que o Pai o despertaria para a vida da glória! Sim, o Pai é Fidelidade, o Pai é Amor! Mas é também fidelidade e amor para conosco. Efetivamente, tudo quanto aconteceu com o Filho na cruz foi por nós, para nossa salvação, para que o nosso pecado, a nossa situação de miséria, encontrasse expiação. Eis como a Palavra de Deus deste dia insiste nisso: “Se alguém pecar, temos junto do Pai um Defensor: Jesus Cristo, o Justo. Ele é a vítima de expiação pelos nossos pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos do mundo inteiro” (1 Jo 2,1-2).
E o próprio Jesus afirma no Evangelho (Lc 24,35-48) que “no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações” (Lc 24,47). Em Cristo, na cruz e ressurreição do Senhor, Deus, amorosamente, nos concedeu o perdão dos pecados!
O Evangelho (Lc 24, 35-48) narra mais uma aparição de Jesus ressuscitado aos discípulos que têm muitas dúvidas e estão atônitos. Cristo vai ao encontro deles para lhes fortalecer a fé e lhes dizer: “Vós sereis testemunhas de tudo isso” (Lc 24,48).
Deus nos convoca para celebrar a Eucaristia e Jesus nos confia a missão de dar testemunho de sua Ressurreição a todos os povos: “Vós sereis testemunhas de tudo isso!” (Lc 24,48) E o apóstolo Pedro, deixando de lado o medo, com muita coragem diz: “Vós o matastes, mas Deus o ressuscitou dos mortos, e disso nós somos testemunhas!”. A ressurreição do Senhor não é um fato antigo! Ele ressuscitou nesta Páscoa e nós – os discípulos de hoje – somos constituídas testemunhas vivas desta vitória de Jesus.
O povo pensava que a morte de Jesus era problema dos sacerdotes e mestres da Lei; mas Pedro, apontando seu dedo de pescador, disse: “Vós o renegastes… vós o matastes; por isso, arrependei-vos e convertei-vos para serdes perdoados!”. Para ser salvo é necessário crer na ressurreição de Jesus e observar seus mandamentos! Quem afirma que ama a Deus, mas não observa seus mandamentos é falso (1Jo 2,1-5).
Jesus ressuscitou, mas seu corpo, agora, é glorioso e espiritual; por isso, Jesus precisou insistir com seus discípulos, mostrou-lhes as mãos e os pés perfurados. Come um pedaço de peixe assado. Abriu-lhes a inteligência para entender as Escrituras e dar testemunho de sua ressurreição.
A ressurreição de Jesus é um artigo de fé, ou seja: precisamos da luz do Espírito Santo para crer nela e para testemunhá-la. Jesus precisou iluminar a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras e dar testemunho de sua ressurreição. Falar da ressurreição corporal de Jesus para o povo de cultura grega significava ser um ignorante, bobo. Mas os apóstolos falam de Jesus ressuscitado com toda a clareza e coragem: “Nós somos testemunhas de tudo isso!”.
A fé é um dom do Espírito Santo e os apóstolos sentem-se iluminados e fortalecidos com sua presença e cumprir a missão recebida: “Deste fato nós somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem!” (At 5,32). Existe um testemunho oficial, próprio da hierarquia (bispos e sacerdotes), mas existe, também, um testemunho que o Espírito Santo suscita no coração dos leigos batizados. Diz o Concílio: “Cada leigo deve ser diante do mundo uma testemunha da ressurreição e da vida de Jesus!” (LG 38).
A Sagrada Escritura fala do sofrimento e da ressurreição do Messias, mas, para entender esta promessa, precisamos da luz do Espírito Santo. Jesus precisa abrir e iluminar para entender a Palavra de Deus. Aliás, Jesus havia prometido o Espírito Santo para recordar e entender seus ensinamentos (Jo 14,26;16,13-14).