Visitação de Nossa Senhora

    Celebramos neste dia 31 de maio a festa litúrgica da Visitação de Nossa Senhora a sua prima Santa Isabel. Essa festa encerra as comemorações do mês de maio, considerado o mês mariano e o mês das mães, no qual celebramos outras duas festas marianas — Nossa Senhora de Fátima (13) e Nossa Senhora Auxiliadora (24) —, além do Dia das Mães, no segundo domingo do mês.

    Normalmente, nesse dia, acontece em algumas paróquias a coroação da imagem de Nossa Senhora e a oração do Santo Terço. Ao longo deste mês, fomos convidados a rezar o terço todos os dias, e devemos encerrá-lo do mesmo modo que começamos: rezando e agradecendo pela intercessão materna da Virgem Maria.

    Essa festa litúrgica da Visitação de Nossa Senhora tem fundamentação bíblica no capítulo 1 do Evangelho de Lucas, quando Maria, após o anúncio do anjo Gabriel, vai ao encontro de Isabel, que também havia sido agraciada por Deus, pois era considerada estéril e já de idade avançada. Isabel estava no sexto mês de gravidez. Maria parte apressadamente e vai ao encontro de sua prima para compartilharem a alegria de terem sido agraciadas pelo Senhor. Nos mistérios gozosos do terço, contemplamos no segundo mistério a visita de Nossa Senhora a Isabel.

    Nossa Senhora não guarda para si a alegria de ser mãe do Salvador; ela vai compartilhar com Isabel e anunciar a alegria que vem do Senhor. Nos dias de hoje, somos convidados a seguir o exemplo de Maria e anunciar essa mesma alegria às outras pessoas. Por isso, desde sempre, Nossa Senhora foi missionária — principalmente a partir do sim que deu ao Senhor. O encontro entre Nossa Senhora e Santa Isabel representa a realização de duas grandes promessas: ambas foram agraciadas por Deus.

    Isabel, ao receber Maria, faz uma linda saudação: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.” Essa saudação, que rezamos na primeira parte da Ave-Maria, mostra que essa oração é bíblica e não inventada pela Igreja. Isabel continua: “Como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha me visitar?” É como se o próprio Senhor estivesse visitando Isabel, pois Ele estava no ventre de Maria. A criança salta de alegria no ventre de Isabel, e tanto ela quanto o menino em seu seio ficam cheios do Espírito Santo.

    Maria transmite a força do Espírito Santo a Isabel e ao menino em seu ventre, para que João Batista pudesse receber a força do Senhor e assim ser o profeta, o precursor, aquele que prepararia os caminhos do Senhor. João foi escolhido por Deus desde o ventre materno. Ele é o profeta que encerra um ciclo — o Antigo Testamento — e inaugura um novo tempo, o Novo Testamento, com a chegada de Jesus.

    João Batista pregava um batismo de conversão dos pecados e preparava o povo de Israel para a chegada do Messias. Foi um grande profeta que denunciava as injustiças e anunciava a verdade que vem de Deus. Ele batizava com água, enquanto Jesus batizaria com água e com o Espírito Santo. João vivia no deserto, endireitava os caminhos e buscava aqueles que andavam nas trevas para conduzi-los à luz.

    Nesse momento, além do encontro entre as mães — Maria e Isabel —, acontece também o encontro dos filhos ainda no ventre. Anos mais tarde, eles se encontrariam pessoalmente, quando João Batista, já cumprindo sua missão de profeta, batizava os que desejavam se converter. Jesus, então, se deixa batizar por João para iniciar sua vida pública. Mas, antes disso, Maria já havia transmitido o Espírito Santo a Isabel e a João. No batismo de Jesus, o Espírito Santo desce do céu, ilumina a todos e conduz Jesus ao deserto, onde Ele enfrentaria as tentações antes de iniciar sua missão. O Espírito Santo sempre esteve presente na história da salvação — desde o Antigo Testamento até sua manifestação plena em Jesus —, e ao longo da história teve o tempo certo para ser plenamente revelado.

    Que cada um de nós possa se inspirar nos quatro personagens desta festa. Primeiro, sejamos como Nossa Senhora, que leva adiante a boa nova do Evangelho e não guarda para si a alegria que vem do Senhor. Depois, como João Batista, profetas em nossos dias, pois, pelo batismo, somos chamados a ser sacerdotes, profetas e reis, pregando a conversão dos pecados. Sejamos também como Jesus, transmitindo o dom do Espírito Santo aos outros e anunciando o Reino de Deus. E, por fim, como Isabel, que se alegrou com a visita de Maria e de Jesus que estava em seu ventre — assim também devemos nos alegrar sempre que recebemos Jesus na Eucaristia.

    Após o anúncio do anjo Gabriel e ao chegar à casa de Isabel, Nossa Senhora proclama um belíssimo cântico de ação de graças a Deus, conhecido como Magnificat. Nele, Maria exalta a grandeza do Senhor e as maravilhas que Ele realizou em favor de seu povo. Ela expressa a alegria de ter sido escolhida por Deus para ser a mãe do Salvador: “Porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada” (Lc 1,48). Através do sim de Maria, Deus escolheu não salvar apenas Israel, mas toda a humanidade — todos os que, de coração sincero, buscam o Senhor.

    Após o anúncio do anjo, Maria se abre à necessidade do próximo. Ela não vai apenas visitar Isabel, mas ajudá-la em suas necessidades. Quando nos abrimos ao amor de Deus, somos impulsionados a amar também o próximo. Essa é a missão do discípulo de Cristo: levar adiante a Palavra de Deus e ajudar os que mais precisam. Devemos olhar com compaixão para os que sofrem em nossas comunidades, bairros e centros urbanos. Podemos colaborar doando alimentos aos mais necessitados e, se possível, também contribuir financeiramente com aqueles que mais precisam.

    Irmãos e irmãs, celebremos com alegria a festa da Visitação de Nossa Senhora a Santa Isabel e aprendamos, com o exemplo de Maria, a sermos pequenos e humildes diante de Deus, atentos às necessidades dos outros. Ao concluirmos este mês de maio, rezemos o terço diante da imagem da Virgem Maria e coroemo-la como Rainha do Céu e da Terra.

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