Queridos irmãos e irmãs em Cristo,
Com grande júbilo, a Igreja se reúne na noite mais santa do ano litúrgico, a Vigília Pascal, para celebrar a vitória definitiva da vida sobre a morte, da luz sobre as trevas, da esperança sobre o desespero. Depois do silêncio contemplativo do Sábado Santo, rompe-se a aurora da ressurreição, e com ela ressoa, cheio de glória, o canto do Aleluia que esteve suspenso durante toda a Quaresma.
A Vigília Pascal não é apenas uma celebração, mas o coração pulsante da fé cristã. É uma liturgia viva, que une memória, presença e profecia. Ela nos introduz no mistério da Páscoa de Cristo, não como espectadores, mas como participantes. Somos conduzidos, passo a passo, da escuridão à luz, da Palavra à promessa, da água ao Espírito, do pão à comunhão.
- A Liturgia da Luz: a noite iluminada por Cristo
A Vigília se inicia com a bênção do fogo novo. Nas trevas da noite, a Igreja se volta para o Círio Pascal, símbolo de Cristo ressuscitado, luz do mundo, que dissipa toda sombra. “Eis a luz de Cristo”, proclama o diácono. E a assembleia responde: “Demos graças a Deus!”
Esse momento é profundamente simbólico: em um mundo tantas vezes mergulhado em crises, violências e desesperança, o Ressuscitado nos visita com sua luz. Não caminhamos sozinhos. Ele é a lâmpada que guia nossos passos, é a claridade que nasce mesmo nas noites mais escuras da alma. A cada vela acesa, a Igreja se enche de luz, e essa luz nos recorda que somos chamados a ser portadores da luz de Cristo no mundo.
- A Liturgia da Palavra: a história da salvação
Segue-se, então, a longa meditação sobre as Escrituras, com leituras do Antigo e do Novo Testamento. A Palavra de Deus percorre, como um fio de ouro, toda a história da salvação, desde a criação do mundo até a ressurreição de Jesus. Essa liturgia nos faz perceber que Deus nunca abandonou a humanidade, mesmo diante do pecado, da dor e da infidelidade. Ele é fiel. Ele conduz a história. Ele prepara todas as coisas para a plenitude da vida em Cristo.
É como se a Igreja, nesta noite, recontasse a própria história da humanidade à luz da fé, para lembrar a cada um de nós: você é parte dessa história, você é amado por Deus, você é destinatário da sua promessa de vida nova.
- A Liturgia Batismal: renascer com Cristo
Na sequência, a Igreja vive a liturgia batismal, fonte de vida nova. A água é abençoada. Se houver catecúmenos, são batizados. Os fiéis renovam suas promessas batismais. A luz da ressurreição chega, agora, ao mais íntimo do nosso ser, renovando em nós a graça de termos sido enxertados em Cristo, mortos com Ele para o pecado e ressuscitados para uma vida nova.
O batismo é nossa primeira Páscoa. Por isso, na Vigília Pascal, celebramos a alegria de sermos filhos e filhas de Deus, inseridos na comunidade dos ressuscitados, chamados a viver uma existência marcada pela fé, pela caridade e pela esperança.
- A Liturgia Eucarística: a mesa dos redimidos
Enfim, a Vigília culmina na Liturgia Eucarística, ápice de toda celebração. Celebramos a Ceia do Senhor com os olhos da fé renovados. Aquele que foi crucificado está agora vivo, presente em nosso meio. A mesa da Eucaristia é o banquete dos redimidos, o alimento dos peregrinos, a presença real do Ressuscitado que se dá por amor.
Ao comungarmos, nos tornamos aquilo que celebramos: corpo vivo de Cristo no mundo. E somos enviados a levar aos outros a alegria da ressurreição, com gestos de justiça, fraternidade e misericórdia.
Queridos irmãos e irmãs, não deixemos que a Vigília Pascal passe como uma celebração a mais. Participemos com fé, com coração disponível, com espírito orante. Levemos nossas trevas pessoais à luz do Círio. Ouçamos a Palavra com sede de sentido. Renovemos nosso batismo com gratidão. Comunguemos com alegria.
A Páscoa é o centro da nossa fé. Cristo ressuscitou! E com Ele, a vida vence. O amor triunfa. A esperança renasce.