Eis a questão que foi apresentada a este articulista, solicitando um posicionamento: “Vez ou outra encontramos algumas correntes, ou seja, papel ou estampas de santos, dizendo para rezarmos determinada oração, tirar cópias e repassar para frente. Algumas vezes até dizendo que a corrente não pode ser quebrada, inclusive anunciando desgraças para quem interrompe tal corrente de preces”. Em primeiro lugar, cumpre saber que é necessária sempre uma fé esclarecida. Esta repele de plano qualquer tipo de superstição. Jesus foi claro: “Pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto. Pois quem pede, recebe; quem procura, encontra; e, para quem bate, se abrirá” (Lc 11, 9-10). Quem então se dirige a Deus tem fé no seu poder e confiança na sua bondade. Jesus é o único mediador entre o Ser Supremo e os homens, mas a intercessão dos anjos, de Maria e dos santos, por causa dos merecimentos infinitos do divino Redentor, é valiosíssima e por meio deles graças extraordinárias são obtidas. Um erro teológico seria fazer promessas diretamente a Deus, a Cristo e a estes intercessores, porque não se pode transformar a religião num balcão de negócios. É logo que o orante deve se colocar em condições de receber as graças solicitadas e isto, antes de tudo e sobretudo, examinando se está ou não observando os mandamentos, tendo, assim, um procedimento correto. Uma vez, porém, obtida a graça é imprescindível o agradecimento que abre a porta para novos favores celestiais. Muitas pessoas civilizadas e inteligentes do século XXI ainda se deixam porém, paradoxalmente, levar por inúmeras manifestações supersticiosas. O termo superstição vem do latim superstitio que significa o que sobrevive de épocas passadas. Acreditam muitos, de fato, ingenuamente, nas formas primitivas de interpretação dos eventos da existência neste planeta, próprios tais modos de ver de povos incultos que não conheceram o desenvolvimento social. A experiência científica avançou consideravelmente, mas crendices ainda povoam mentes que se infantilizam diante dos desafios da vida. Ainda se fala também em dias faustosos e aziagos, em pressentimentos tenebrosos, em forças ocultas que agem através de certos ritos inteiramente desconexos com a realidade dos fatos. O fatalismo impera em certas mentes que tudo atribuem a um determinismo que contradiz a reta Filosofia e a sã Teologia. É preciso ser invulnerável às atitudes destituídas de fundamento lógico ou bíblico.
* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.