Os primeiros tempos da Igreja, depois da Páscoa, foram tempos para o reconhecimento. “Nesse mesmo dia, dois discípulos caminhavam para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios”. Um deles chamava-se Cléofas. Do outro discípulo não sabemos a identidade.
Jesus ressuscitado vai-lhes ao encontro. Eles não o reconhecem. No princípio, estão fechados em si mesmos, em seu problema: estão desolados. A fé não mais os anima. Nem mesmo acreditam nos indícios que poderiam fazer suspeitar a chegada de algo novo. Não acreditam nas mulheres, nem mesmo procuram verificar o porquê do túmulo vazio. A descrença não tem paciência. Os dois discípulos entram em uma espécie de atordoamento e fogem, escapam.
Jesus parece-lhes um estranho. A desconfiança impede o verdadeiro encontro. Por isso, o Senhor tem de empenhar a fundo. Explica-lhes as Escrituras e vai lhes dando as chaves para o reconhecimento.
As grandes chaves que Jesus oferece permitem entender de alguma forma o mistério da dor e da morte: “Porventura não era necessário que Cristo sofresse essas coisas e assim entrasse em sua glória?”
A chegada a Emaús e a oferta de hospitalidade faz que os dois discípulos possam reconhecer Jesus. Reconhecem-no quando Jesus se entrega sem reservas, quando faz o maior gesto de amor. Esse gesto de partir o pão os fez entender a tragédia do Calvário. O que parecia uma tragédia havia sido o gesto de amor mais sublime e mais intenso.
No caminho da vida, Jesus nos vem ao encontro. Bom é que não nos fechemos a quem nos visita, mesmo que, a princípio não o reconheçamos. Se formos hospitaleiros, acolhedores… no final, o reconheceremos. Não somos nós que visitamos o Santíssimo Sacramento. É o Santíssimo Sacramento quem nos visita.
As palavras das Escrituras sempre são uma lição para nós. Há em todos nós sempre uma insegurança, uma descrença e, então, nos fechamos e não enxergamos o que pode acontecer de bom. A figura dos discípulos de Emaús pode ser a nossa própria individualidade. Se dermos hospitalidade a Jesus, nas nossas dificuldades e incertezas, sem dúvida vamos reconhecê-lo diante de nós e poderemos usufruir da sua paz, dos seus gestos de amor, da sua alegria plena.
Articulistas
